segunda-feira, 26 de maio de 2014

O dia seguinte

É sempre um dia mais interessante.

Tem muito mais piada ouvir e ler as declarações, comentários, opiniões e "bitaites" no dia seguinte, do que em cima do acontecimento. Só porque nos dá tempo para reflectir um pouco.

Que a campanha foi uma vergonha, foi. Entre apelos ao voto contra o desGoverno, programas eleitorais com 80 promessas eleitorais para consumo interno quando o que está em causa é a Europa, o desnorte foi mais do que muito. Depois temos a abstenção recorde, que já se adivinhava.

Nunca achei que o PS conseguisse uma vitória esmagadora sobre a coligação. Afinal, com a excepção do D que está na sigla do PSD um e outro são feitos à imagem e semelhança. Dizerem-se de direita ou esquerda é uma questão de semântica. Da mesma forma que ser-se canhoto ou destro não é garantia de coisa nenhuma. Até poderão ter havido diferenças de fundo mas no fundo, agora não há diferenças.

Discursos de vitória?
É fantástica a capacidade que alguns têm de transformar derrotas em vitórias. Os únicos a poder cantar vitória na noite passada são Marinho Pinto (eleito pelo discurso populista e não pela súbita simpatia popular pelo MPT) e, apesar de tudo, a CDU. Tudo o mais é ficção provocada pelas mentes delirantes de boys dos respectivos aparelhos partidários.

Abstenção. Como resolvê-la? Não sei... Poderia ser útil ter partidos políticos e políticos que se dessem às pessoas, no sentido de as ouvirem e de irem ao encontro das necessidades das pessoas, sem perder de vista o cada vez mais necessário rumo para o país e para o seu colectivo.

Mudar o sistema de voto. Seria desejável mudar o sistema eleitoral, mas enquanto não se chega lá, mudar o sistema de voto já não era mau. Tecnologicamente, não deve ser nada de muito complicado. Uma base de dados, uma autenticação, acessível a partir de qualquer ponto do globo e resolve-se o problema das deslocações para poder exercer o direito de voto. Como querem que as pessoas votem, se não lhes dão ferramentas para isso?

Nos anos em que estive a trabalhar longe de casa, sempre tive o cuidado de programar as minhas idas de fim-de-semana de forma a coincidirem com as datas das eleições para poder ir votar. Mas isto sou eu que vivia sozinho e que tinha essa possibilidade. Mas nem toda a gente que está deslocada no país consegue fazê-lo, seja por motivos familiares ou profissionais. Seria muito fácil fazê-lo por via eletrónica. O que gastaria na implementação do sistema seria compensado pelas valores que não seriam pagos a quem está nas secções de voto e pelo dia de "folga" que deixaria de existir e ser gozado por quem tem essa tarefa. Já para não falar nos critérios que estão na base de escolha das pessoas que estão nas mesas de voto...



segunda-feira, 19 de maio de 2014

missing some?


son(h)os

Uma noite de sono profundo.

Daquelas noites que nos proporcionam um sono inteiro, repousado e retemperador, daqueles sonos em que parece que mergulhamos em nós e na nossa  consciência e conseguimos começar a esboçar mais futuro para nós mesmos, fazendo as pazes com o passado e o presente.

Uma noite de sono em que envoltos em sonho, encontramos o trilho que perdemos algures lá atrás. Em que fica mais claro o desenho do que queremos ser, fazer, viver e experimentar. Esse mergulho no rio da consciência que ajuda tudo a ficar mais claro. A água da corrente leva o que está a mais e refresca o que é essencial e fundamental para a nossa vida.

Um sono regenerador capaz de dar sentido definido à vida em vez deste chove-mas-não-molha, do quase que podia ser mas não foi, não é e que dificilmente será. Capaz de nos orientar num sentido e tudo fazer para que nesse sentido, tudo se una e seja uno.

O sapo sente que está a precisar de um sono destes.

Daqueles em que se acorda novo e retemperado, cheio de energia e de propósitos, de desafios para vencer e para os quais há vontade de fazer seja o que for. O sapo precisa de dar um salto. Sente-se cada vez menos sapo e mais lagarta. Arrasta-se e não salta. E toda a gente sabe que a natureza do sapo é saltar.

Nem que seja em sonhos.
Nascidos em sonos profundos.

Sai a que horas?



lições para a vida

Um ano.
Um ano para aprender:

- que não há almoços grátis.
- que não se pode confiar em muita gente.
- que as pessoas te mentem enquanto te olham nos olhos e te sorriem.
- que a amizade e os valores cristãos estão sobrevalorizados.
- que fui (e continuo a ser) usado.
- que há gente boa a ser permanentemente desvalorizada.
- que viver à custa do dinheiro dos trabalhadores mantém empresas abertas e as chefias com boas regalias.
- que, (como eu já sabia) até com os erros se aprende.
- que não me adapto a esta realidade.
- que isto não é para mim.
- que me tenho de lembrar de tanto do que agora escrevi.


como é?

Quando tudo parece correr torto; quando as coisas não são o que se esperava; quando se está a fazer esforços para continuar, como é que se continua em frente?

Quando o desnorte se apodera da gente; quando não se sabe o que fazer (mas se vai fazendo alguma coisa) como é que se arranja vontade de ir levando a vida adiante?

Quando se sabe o que se tem de mudar e se está a procurar a melhor forma de o fazer, mas tudo parece continuar como sempre esteve, como é se encara o futuro com optimismo?

Quando se tenta ir fazendo alguma coisa que vai no sentido do que se falou e se encontram obstáculos que vão no sentido oposto das decisões tomadas, como é que faz?

Como é que mantém o registo calmo e tranquilo quando tudo parece ferver e já é difícil respirar?
Como é que se ajuda e se é ajudado?
Como é?