Este sou eu. Com sono nos olhos, mas com vontade de escrever. Cansado de mais de quatro horas de viagem depois de sete horas de trabalho com garotos muito pouco interessados no que tenho para lhes dizer e ensinar.
Este sou eu, aqui deitado na cama no meu quarto em casa dos meus pais, já que a minha casa está para venda e eu não a posso comprar porque não ganho o suficiente para isso e porque não tenho pouso fixo. Afinal, o meu local de trabalho é Portugal. E isso é incompatível com residência fixa.
Este sou eu. Com dores de garganta. Com zumbido nos ouvidos e peso nos olhos. A sentir-me meio doente quando não me dá jeito nenhum adoecer agora. (nunca dá, eu sei!)
Este sou eu. Aqui a escrever a pensar em ti que estás, muito provavelmente deitada a dormir para que o tempo passe mais depressa e rapidamente seja amanhã. É o que eu devia estar a fazer mas, por mais cansado que esteja, aos dedos apetece-lhes bailar sobre o teclado polido de tanto uso.
Este sou eu. Confuso, baralhado, com tantas ideias a surgirem que nem sei por onde começar. Preocupado com um monte de coisas que infelizmente não dependem de mim para se resolverem. E com vontade de as resolver. Ideias de partidas e chegadas. De recomeços e de prosseguir o caminho em frente. De continuar a construir-me, mas agora melhor. Agora com algo menos áspero. Para que não me magoe tanto quando precisar de me abraçar e de te dar colo.
Este sou eu. Nem bom nem mau. Nem sim, nem não. Nem tudo, nem nada. Um resto do que fui, a semente do que poderei ser. Só existe o momento. Só existe o agora. O passado já acabou e o futuro ainda há-de vir.
Este sou eu a tentar lembrar-me para viver o presente: a oferta que a vida nos dá a cada momento. Momento único e irrepetível. Como eu.
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