O ano novo começou frio. E chuvoso. E doente.
Se a chuva já era desejado por (quase!) todos e o frio que faz não é nada de anormal para a época do ano, as doenças que também são de época, são o que realmente tem deixado este sapo mais desconsolado.
É que, pelo menos cá em casa. correu-nos a todos, não houve quem se safasse. Principalmente a mais nova, que tem estado quase ininterruptamente doente desde que foi para o infantário, ou infectário como lhe chama o pediatra. A adaptação a esse sítio foi (ainda é) difícil para todos. Foi muito complicado para ela e para nós no início e para mim continua a ser. Parece-me (perdoem a força da expressão) contranatura, entregar crianças tão pequenas aos cuidados de outras pessoas que, sem dúvida, serão muito competentes e farão o seu melhor, mas que acabam por passar com elas mais tempo que os seus pais.
Esta coisa de infantários e creches e não tarda pré-primária dá-me urticária! Fico cheio de comichões, o que num sapo verde de pele húmida e escorregadia, é sempre uma urgência de difícil solução... escapam-se-me as patas ao tentar coçar...
Entre quinze a vinte crianças por sala, com uma educadora e uma auxiliar, a tentarem formatar crianças tão novas... Depois venham-me falar em condicionamento...
Este modelo industrial que tem o sistema educativo é completamente obtuso, para não dizer obsceno. A escola-fábrica (ou será fábrica-escola?) está a tornar-se um local tão deprimente, tão cinzento, que quem tiver um bocadinho de cor e luz própria tem tendência a ser confundido com um louco, com alguém desajustado, ou na melhor das hipóteses com um génio! Vejo crianças brilhantes referenciadas como alunos com Necessidades Educativas Especiais; o Ensino Especial de pouco lhes vale e muito pouco lhes faz, pelo menos de bom! E que contribua para o seu desenvolvimento. Miúdos brilhantes que são rotulados de mal comportados, porque as aulas são enfadonhas e portanto, fazem o que qualquer um de nós faz, quando na televisão passa um mau programa: mudamos de canal ou desligamos!
Começar a escolarizar as crianças tão cedo, na minha modesta opinião, é um erro. Obrigar as famílias a deixar crianças às sete da manhã no infantário, para as irem recolher depois das sete da noite é uma violência.
Sim, eu sei que estou a generalizar e que haverá, certamente, muitos pais que vão buscar as crianças mais cedo e muitos infantários em que as crianças estão a ser tão bem, ou melhor, tratadas que em suas casas.
Ainda assim, não podemos querer que a família seja o pilar da sociedade, e depois, a mesma sociedade, por via das leis laborais e das políticas de apoio à parentalidade não promova horários de trabalho flexíveis para que os pais possam acompanhar devidamente os seus filhos.
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