domingo, 23 de dezembro de 2012

Final do 1.º período


Terminou na 4.ª feira o primeiro momento de avaliação de alunos deste ano lectivo. Quer isto dizer, que pegando no dados obtidos pela observação das aulas, pelo registo dos trabalhos de casa, pelos registos da participação e do comportamento, pelos resultados obtidos nos testes de avaliação sumativa, pela postura, empenho, respeito pelo outro, pelas faltas de material e obviamente pelo comportamento, se fez a avaliação do que fizeram os alunos ao longo do primeiro período lectivo.

Este ano tenho seis turma, cerca de cento e quinze alunos. Já tive anos com mais turmas e mais alunos. Do que não tenho memória é de ter atribuido a tantos alunos num só período uma avaliação de nível um. Das seis turmas que tenho, apenas numa não atribui nível um a qualquer aluno.

Como é que se tem nível um? Ora bem, vejamos: não indo às aulas, com faltas injustificadas. Outra opção: ir às aulas, mas não realizar qualquer tarefa relacionada com a aula, nomeadamente, não passar nada do quadro, não fazer as actividades propostas, não participar na aula, não trazer livro e nos dias de teste, assinar o nome, escrever o número e a turma e esperar pacientemente pelo final da aula.

Certamente que haverá outras maneiras, mas estas são as mais comuns este ano lectivo. Tenho alunos que se dão ao desplante de entregar os testes em branco. E ainda se riem. E gabam-se junto dos colegas que não fizeram nada. Como se de um motivo de orgulho se tratasse. Alunos (eles e elas) para quem é totalmente indiferente ter oito, nove ou dez negativas. Até porque, segundo dizem, não se chumba no Natal nem na Páscoa.

Na aula de auto e heteroavaliação tenho por hábito, antes do preenchimento da ficha de autoavaliação de lhes transmitir a ideia que eles não estão a "pedir notas"; que devem autoavaliar-se não em função do que desejam mas em função do seu desempenho ao longo das aulas. Após o preenchimento das fichas de autoavaliação costumo falar com cada aluno, relativamente aos seus pontos fortes e menos fortes. Indicar possíveis sugestões sobre o que poderá ser feito por todos para melhorar o desempenho e consequentemente o resultado.

Tem sido frequente os alunos dizerem que nunca tinham feito uma auto e heteroavaliação desta forma. Tem sido frequente alunos ficarem surpreendidos com o que lhes digo no final de cada período relativamente à maneira como se comportam e agem nas aulas, a sua postura perante o estudo e o trabalho e a forma como se comportam perante os colegas e os professores.

A parte mais curiosa destas aulas é o silêncio que se gera na sala de aula porque todos querem saber o que tenho para lhes dizer. Não sobre a avaliação de Geografia. Sobre eles mesmos.

No fundo, parece-me que parte da solução dos problemas que os garotos apresentam na escola deriva da falta de orientação. Seja por parte dos pais, seja por parte de quem deles é responsável. Seja devido à influência (perniciosa?) dos meios de comunicação, com a televisão à cabeça, mas também à brutal quantidade de informação com que são (somos) bombardeados 24h por dia (e às vezes também à noite!).

Falta tempo e oportunidade para deixar os garotos crescer enquanto garotos.

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