sábado, 25 de fevereiro de 2012

Coisas

Nem bizarras, nem estranhas, nem dramáticas, nem mais nada.
Apenas coisas.

Somatório de factos, acontecimentos, situações, pressentimentos, inferências, deduções, observações com ou sem fundamento. Lógicas ou nem tanto. Sustentadas ou produto da análise aleatória e casuística, naturalmente enviesada pelo quadro de referências que concede alguma estrutura ao que sou.

Coisas que me assomam à mente, sem qualquer preparação e sem serem preparadas. Espanto, dúvida,medo ou  um Ah! de admiração é o que provocam. Surgem de forma tão espontânea ilógica e irracional, que chega a haver uma lógica racionalmente torcida na sua existência.

Hoje, agora apetece-me derramar palavras soltas ou conexas sobre este rectângulo branco onde surge, a cada botão que primo, algo que alguém entendeu designar por caracteres. E no entanto, tudo isto, o que escrevo, o que vejo no ecrã e que alguém poderá entender ler, não passa de nada. Porque não existe. Porque assim que se digita um outro endereço este texto desaparece e outro surge no seu lugar. Tudo o que aqui escrevo, é nada. Tudo o que aqui é lido é virtual. Não existe. Assim como eu não existo. Para quem não me conhece, nada sou. Para além de um monte de palavras mais ou menos interligadas. E mesmo para alguns que pensam que me conhecem, a situação não é muito diferente. Por vezes, eu mesmo tenho dúvidas sobre quem sou.

É tudo transitório e passageiro. É tudo breve e finito. O tempo não nos pertence, os outros não nos pertencem, a família não é nossa, os objectos que gostamos de chamar nossos, não o são. Vieram de outro local, compostos de milhares de substâncias mais ou menos processadas e para lá irão novamente. Não quero ter nada, não quero ser nada, não desejo títulos, nem epítetos, nem rótulos, nem que tenham ideias sobre o que sou, o que penso, o que represento, o que faço, o que não faço, o que digo, como estou ou deixo de estar. Não sou importante. Não me dou essa importância. Não peço que ma dêem. Não quero que ma dêem.

Felizmente, o tempo há-de cuidar de apagar o rasto das minhas pegadas, dos sorrisos, das lágrimas, dos abraços, das palavras, das memórias, de mim.

Confusos? Baralhados? Sem saber o que pensar?
Ainda bem

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