Nos domingos de antigamente, acordava cedo. Por volta das nove da manhã. Porque a missa era às dez. E porque os escuteiros iam à missa das dez. Às vezes à do meio-dia. Mas a das dez é que era. A igreja ficava cheia e nós sentavamo-nos nas capelinhas laterais. Muitas brincadeiras, muitos risos e muitas palmadas dos Chefes que estavam connosco. Depois seguia-se a catequese. Isto foi assim durante muitos anos. Depois, acabou-se a catequese. E veio a segunda parte: ir ao café depois da missa era uma instituição. Íamos em grupo, a pé, ao café. Mas também nessa altura ia-se a pé para todo o lado. Voltávamos para casa por volta do meio-dia e meio, mais coisa menos coisa. Com coisas para contar. Outras para comentar. Outras para guardar dentro que não se podia contar a ninguém.
Este domingo fui à missa. Ou melhor, fui à segunda parte da missa. À saída da missa. Havia promessas de dirigente e duas jovens que foram minhas escuteiras nos exploradores e nos pioneiros, fizeram a sua investidura como dirigentes. Fui lá. Fui reencontrar pessoas que já não via há muito tempo. Algumas delas há demasiado tempo. Emocionei-me. O abraço de um amigo que está a passar por um momento pouco fácil. Os beijinhos de uma das novas dirigentes que verdadeiramente feliz me veio cumprimentar. O calor dos abraços de alguns amigos. A conversa (sempre) fácil e contínua com quem já não estava há mais de um ano. O ver nos olhos de alguns genuíno interesse por saberem de mim.
Sim, fiquei feliz. E sim, fiquei triste. Feliz porque me depois de tanto tempo "por fora" relembrei como é pertencer a algum lado, eu que agora não sinto que pertença a lugar algum. Triste por isso mesmo. Por me dar conta que não estou em lugar nenhum. Que não pertenço a sítio algum, a nenhum grupo, a nenhum meio.
As minhas raízes estão ali. Grande parte do que sou devo-o ao tempo que ali passei e às pessoas com quem o passei.
Parece-me muito longe no tempo. E na distância. E de mim mesmo. De quem eu era e do que sou.
Gostei de reviver os domingos de antigamente.
A repetir?
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