Extraordinário, quando a irmã mais velha que está no nono ano, se gaba deste feito à mesa da cantina à frente do irmão e dos colegas de turma. Extraordinário quando continua dizendo "Ele quer ser como o Fulano, que chumbou todos os anos. Diz que assim, fica com os anos bem feitos." A este ponto, já me estava a sopa a azedar antes mesmo de ter tempo de chegar ao esófago e estou capaz de jurar que o lombo assado ganhou uma coloração estranha, tamanha foi a vergonha que sentiu.
Eu compreendo que é difícil, na actualidade, concorrer com pc's e internet, com chats e facebook, com consolas e jogos cheios de cor e luz, mais animados que um baile de verão numa qualquer aldeias transmontana. Entendo que os períodos de atenção estão mais curtos porque os programas de televisão, têm aqueles pequenos separadores, que como o nome indicam, introduzem pausas, quando se muda de cena/personagens. O que já não consigo perceber com tanta facilidade é que hoje, ser calão seja sinónimo de ser herói; que os miúdos disputem entre eles a ver quem tem maior número de negativas, que concorram a ver quantas participações disciplinares conseguem juntar; que se batam (apenas por dois motivos: por tudo e por nada) que se enxovalhem publicamente, que tenham prazer em rebaixar os outros, que se estejam perfeitamente nas tintas para a escola, para as aulas, para o conhecimento e que tenham vidas que resumem a passear os livros entre casa e a escola. Alguém disse aos meninos que aprender é divertido. Não é! Que a escola é uma brincadeira: enganaram as pobres criancinhas. Aprender custa: exige concentração, dedicação e esforço. Exige trabalho. Método. Tempo de estudo.
E os pais? Onde estão os pais? Onde estão os responsáveis pela educação das crianças? Cada vez mais acho que o Ministério para o qual trabalho se deveria chamar Ministério do Ensino e não Ministério da Educação. O professor ensina. A educação tem de vir de casa.
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