sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dão-se abraços. Trata o próprio.

É impressão minha ou grassa pela blogosfera uma carência generalizada por carinho, abraços, mimo, festinhas, beijos e comportamentos fofinhos e queridos, cheios de ternura e de mel?

É preocupante que ande tanta gente a suspirar pelos cantos com vontade de ser abraçado e até de ter alguém que aqueça o coração (e os pés?!), e que encha de carinhos antes de dormir. E digo preocupante porque se nota que as pessoas estão um pouco mais carentes, mais precisadas de se sentirem queridas pelo outro. Ainda que o outro não tenha rosto, cheiro ou olhar definido.

Tenho lido em alguns blogs que visito, que mais do sexo, o que procuram é aquele carinho antes de dormir, o abraço que conforta e aquece. O sorriso cúmplice. A palavra de ânimo que dá alento para o dia seguinte. O 'gosto de ti' que põe um sorriso na cara e eleva o espírito. O contacto da mão na mão, pele com pele. O arrepio de prazer por se sentir gostado e desejado. As borboletas na barriga e o tremelique involuntário das pernas. O gaguejar e sentir a língua presa. O riso de nervoso miudinho. As palavras que se atropelam e fazem fazer figuras de urso. O não saber onde pôr as mãos, quando as mãos sabem muito bem onde querem repousar. O sorriso apalermado porque não se consegue controlar os músculos faciais. O suor da palma das mãos. O doce abandono do corpo e do espírito. Uma noite descansada porque se sente segurança, tranquilidade e paz. E a companhia de alguém à distância de um (a)braço.

Parece-me que há muito medo de muita gente em se deixar cativar e eventualmente apaixonar.
Já todos tivemos o coração partido. E já todos fomos felizes. E se assim é, teríamos dado valor ao coração partido se não tivéssemos sido felizes, e vice-versa?
Amarrarmo-nos a alguém traz sempre o risco de um dia as cordas ficarem laças e caírem ou de alguém desatar os nós. (há ainda o outro risco: o de alguém cortar a corda com um só golpe.)

Anda tanta gente a fugir de ficar com o coração partido, que se esquecem que ao evitarem um possível desgosto, estão a evitar um provável amor. Mesmo que temporário.

(A partir de hoje, aceitam-se encomendas de abraços.
Sem compromisso. E sem prazo de validade. Não se estragam. Data e local de entrega a combinar.)

2 comentários:

  1. Sapo,

    ainda há pessoas corajosas. Porque apesar desse medo justificado, amam outra e outra vez e todas as vezes que o amor lhes chama. Sim, a tendência é tentar resistir-lhe, mas no fundo sabemos que é impossível recusá-lo.

    E é isso que marca a diferença: encontrarmos pessoas assim :)

    Bom fim-de-semana.

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  2. Sim, eu sei. E isso é o que ainda nos vai ajudando a lançarmo-nos na aventura que é o descobrir o outro.

    Bom fim-de-semana. :)

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