Agora dava-me jeito poder falar com alguém. Alguém a quem não tivesse de contar tudo, porque esse alguém já estaria a par de tudo. Portanto, o que lhe teria a contar seria facilmente assimilado no resto da história que já estaria partilhada. E assim, esse alguém, ao invés de ficar com uma visão parcial das coisas, que seriam mais fácil de pintar com as cores que me fossem mais convenientes, esse alguém colocar-me-ia no meu lugar e mostrar-me-ia os factos, tal e qual como são.
Dava-me jeito poder esquecer e remendar os buracos e os estragos que tenho na alma e no coração. E quem sabe, conseguir remendar e tapar outros buracos que fui fazendo noutro(s) coração(ões). Ou pelo menos fazer, definitivamente! as pazes comigo. Eu sei que tem de levar tempo. Eu sei que não é coisa simples, do tipo carregar num botão e puff! tudo resolvido. Eu sei que as respostas e que a solução estão em mim. Não é novidade. Dava jeito um qualquer tipo de guia, ajuda, orientação, um apoio para ir seguindo caminho.
Ser um sapo por fora e um homem por dentro traz algumas limitações. Um sapo que sente, que se alegra e se entristece. Que ri e que chora. Que se emociona e que está a aprender ainda agora a estar sozinho e a ter de se bastar sem o tal de alguém de que falava ainda há pouco.
Ainda assim, mesmo sabendo que consigo ir lidando com o que cá vai por dentro, seria mais fácil falar directamente com alguém, em vez de ter de escrever aqui. Não que seja mau. Não que seja errado. Mas há coisas que não escrevo nem aqui nem em lado nenhum, mas que posso dizer oralmente a algumas (pouquinhas!) pessoas.
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