"Decidir o que fazer, não é MESMO tarefa fácil. Decidi que, para já, me vou sentar no meio da ponte.
No meio da tabuleiro, que sentar no passeio quase não tem risco, e a dor que sinto, precisa de algo mais forte para ser aplacada. Não quero ser atropelada. Vou apenas ficar sentada no meio da ponte. Ponderar os riscos e os benefícios de optar por um dos lados da ponte.
A verdade é que é tudo incerto, sem regras rígidas, sem determinismos bacocos, sem certezas absolutas.
Aqui, sentada na ponte, vou-me confrontando com o que sou, com o que quero, com o que penso, com o que desejo. Com vontades, desafios e com medos.
Apetece-me ir. Mas sei que tenho de ficar. Apetece estar, mas não é possível. Quer dizer, é possível, só não é conveniente. Penso até que poderia ser contraproducente. Apetece largar tudo pra viver o que tenho tanta vontade, porém preciso de controlar e mitigar a urgência do que sinto (sinto mesmo ou apenas penso que sinto?)
Olho para os caminhos que se colocam à saída da ponte. Sei que de um lado tenho o conhecido, que me dá algum conforto, que não me exige grande esforço, com que convivo há algum tempo. E que se por um lado me satisfaz e me completa em tantos aspectos, por outro tem inconvenientes que também conheço, mas com os quais estive (estou?) disposta a conviver. É uma zona de conforto. É uma segurança, mesmo que aqui e ali, seja fonte de insatisfação. E tenho planos. Planos que nem sempre me agradam. Até consigo conviver com alguns deles, mas não com todos eles. E está a ser difícil, cada vez mais difícil conviver com esses planos. Não são a minha vontade. E estou preparada para os aceitar. Até para participar deles, se tiver de ser. Acho que tem de ser, porque prefiro ficar infeliz do que fazer os outros infelizes." (Que lógica é esta?!)
"Do outro lado da ponte há um caminho novo. Que ainda não percorri. Que me enche de curiosidade e de vontade de conhecer. Porque do pouco que conheço, me parece interessante e porque me faz sentir coisas que já senti antes quando descobri o caminho anterior, Coisas boas, que me põem um sorriso nos lábios. mas que me carregam o coração. Na verdade, sinto-me culpada por me sentir bem com a perspectiva de percorrer este novo caminho. Além disso, tenho a impressão que há muitas coisas com as quais me identifico com este novo caminho. Embora ainda seja cedo, tenho vontade de de o abraçar e de seguir com ele de mão dada.
Mas e o outro? O que faço ao outro? Não sei se o quero deixar. Não sei se há em mim, a coragem necessária para lhe virar as costas. E o que vão dizer e pensar os outros que esperam, sempre esperaram que seguisse aquele caminho até ao fim? E o que estou a sentir? Será possível gostar de ambos? Porque não posso fazer os dois caminhos ao mesmo tempo? Que leis da física e dos homens são estas, que nos impedem de viver mais do que uma realidade? Não será possível fundir os dois caminhos num só?
E se a realidade que estou a viver não for real? E se na verdade não estiver no meio de uma ponte, mas numa encruzilhada da minha vida, em que razão e emoção dizem coisas tão diferentes que me deixam dividido? Sem saber que caminho seguir? Sem saber o que decidir? Sem me conseguir orientar por forma a fazer o que tenho a fazer? E o que tenho a fazer?
Vou parar. Vou parar. Vou parar!
Vou-me permitir respirar fundo. Inspirar profundamente e expirar lentamente, até não sobrar nada. Nem ar nos pulmões, nem pensamentos na cabeça, nem sombras no coração. E quando tudo for uma coisa só, aí, estarei preparada para tomar decisões." (eu também...)
Como é possível viver feliz quando sabemos que causámos dor e sofrimento aos outros? Como é que vivemos quando temos essa consciência?
ResponderEliminarAnónimo
ResponderEliminarDeixa-me que te coloque a questão de outra forma: Como é possível viver feliz quando sabemos que nos causaram dor e sofrimento? Como é que vivemos quando temos consciência e sentimos a dor que nos provocaram?
Querias provocar dor e sofrimento? Agiste deliberadamente para provocar essa dor e sofrimento de que falas? Foi algo intencional? Por malvadez? Ou foi por força das circunstâncias? Para não te magoares, e assim, evitares mais tarde magoar outras pessoas? Para te poderes sentir mais leve? Mesmo que isso implique agora, e nos próximos dias sentires-te menos bem. Agiste de acordo com a tua consciência? E com o teu coração?
E deixa-me colocar-te uma última questão: como é possível viver infeliz?
Sapo
ResponderEliminarNão tenho resposta para a maior parte dessas questões. Apenas sei que viver infeliz às vezes parece mais fácil. Ficar no meio da ponte não parece ser uma solução (pelo menos a longo prazo), escolher o lado da ponte que representa a nossa zona de conforto parece ser comodismo e escolher o outro lado, o lado do desconhecido, o lado aventureiro (aquele que o coração nos parece indicar) é viver com a culpa de ter provocado a dor ao outro lado, é virar do avesso a nossa própria vida e a dos outros. Porquê pensar nos outros? Porque não sei viver de outa maneira.
Às vezes parece que a única solução é fugir... mas como se estamos no meio da ponte? Assim, apetece saltar...
Anónimo
ResponderEliminarContinuo sem entender como viver infeliz pode ser mais fácil. Quer dizer, poderá ser mais fácil. Se fores daquelas pessoas que precisa que os outros sintam pena de ti.
Além disso, penso que quem é infeliz, não vai ser capaz de fazer os outros que estão à sua volta felizes. É simples: ninguém dá o que não tem. Assim simples! Se não estiveres feliz, se não te sentires bem contigo e com as escolhas que fazes, mais cedo ou mais tarde isso vai acabar por se reflectir na tua vida.
Falas em viver com a culpa? Qual culpa? A culpa é uma invenção da sociedade e das religiões para manterem as pessoas sob o seu controlo. Culpa é uma palavra a banir da tua vida e do teu coração. Culpa de quê? De tentares realizar-te enquanto pessoa? De estares a pensar que o caminho que levas pode não ser o que desejas para ti? Que motivo tens para te culpar?
E que motivo tens para escolheres um caminho, que logo à partida não te satisfaz? E quem te quer levar por esse caminho? Não deveria sentir culpa por te estar a fazer algo que, no teu coração e na tua cabeça, já decidiste que não queres? Viver conformado? Viver resignado? É essa a vida que queres para ti?
Anónimo, pensar nos outros é bom! É sinal que és bem formado, que tens consciência e bom coração. Mas, no meio de tanta coisa para os outros onde ficas tu? É que tu és a única pessoa com quem tens de ser 100% honesta. A quem não podes enganar, em circunstância alguma. É que vais ter de viver contigo todos os dias da tua vida. E para isso, ter paz de espírito é fundamental.
Fugir? Não resolve nada. Se a tua questão é o sofrimento provocado, fugir não ajudaria em nada. E saltar da ponte, muito menos!
Ainda assim, por via das dúvidas diz-me que ponte é a tua. Vou estender uma rede para que não caias no vazio. O sapo é pequeno, verde e feio, mas tem uns amigos que podem ajudar, senão a evitar o salto, pelo menos a amortecer a queda. Vai dizendo coisas.
Obrigado Sapo!
ResponderEliminarAs tuas palavras fazem (todo) sentido... mas o estranho, mesmo assim, é não conseguir agir e ficar paralisado.
Hibernar, sim era isso que queria. Mas como? Não sou sapo, sou mais um lobo solitário... triste por estar perdido e não encontrar o caminho.
Eu vou dizendo coisas, mesmo que umas sejam tolas, afinal é a única coisa que ainda faz(algum) sentido... dizer tolices!
Anónimo:
ResponderEliminarDá tempo ao tempo. Deixa que a decisão pelo caminho se faça sem pressa. Os caminhos estão lá e não vão a lado nenhum. E se forem, e não te aguardarem é porque não eram os caminhos certos para ti. Mas não te preocupes: não se faz uma ponte no meio de nenhures. Por isso, mesmo que não vejas nenhuma outra saída, há sempre um caminho, mais íngreme, mais pedregoso, que te vai permitir sair daí. Vai que até é uma atalho para uma Estrada larga, com bom piso, onde podes acelerar qual carro de rallye? ;)
Lobo? Está bem. É uma amizade estranha esta, entre um sapo e um lobito, mas quem sou eu para estranhar o que quer que seja? Não estás solitário. Estou na área, à espera que me passes a bola.
Escolhe outra coisa que não a tristeza. Eu sei que isto parece conversa da treta, mas tu não tens de estar triste. Eu sei que estás. E entendo perfeitamente o porquê.
Se quiseres hibernar, força nisso! Ninguém te pode levar a mal por precisares do teu tempo e do teu espaço para saberes, no teu coração e na tua cabeça qual o caminho a seguir.
Ah! E tolices é bom! Muito bom! :D