terça-feira, 29 de novembro de 2011

Saudades

Saudades de ti.
Saudades de estar contigo.
Saudades de te poder abraçar.
Saudades de sentir o toque da tua mão.
Saudades da leve pressão dos teus lábios nos meus.
Saudades de tocar-te a pele com a ponta dos dedos e provocar arrepios. De despertar desejos.
Saudades de te ver juntinho a mim, no carro, na cama, na banheira cheia de água e de conversarmos.
Saudades de te massajar as costas e assim te aliviar as dores, te deixar descontraída e relaxada e mais tu.
Saudades de te sussurrar ao ouvido com voz rouca (de emoção) que te amo e que és a mulher que toda a vida procurei.

E que encontrei, quando não estava à procura e até já pensava que te não iria encontrar nunca.
Mas nunca é uma palavra demasiado definitiva. E a vida teima em mostrar-nos que não há nunca, nem sempre nem certezas absolutas. E tu surgiste. E aqui estás. Aqui estamos. E que extraordinária viagem que tem sido esta nossa viagem!

Não tenho bilhete, destino ou percurso. Mas tenho companhia. E isso é o fundamental. A felicidade é possível de alcançar sozinho. Mas repartir a felicidade que se traz dentro com alguém que pretende fazer o mesmo connosco é uma outra forma de atingir o máximo de nós mesmos. Sem falsas expectativas. Que vamos ter momentos e situações menos boas. É inevitável!

Assim como é possível que as consigamos vencer se nos mantivermos, ambos, focados em algo maior do que o ego: no amor que somos e sentimos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sons! #2



Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
Eu guardo te bem
Se amarmos do princípio
Se perdermos tudo outra vez
Vou marcar-te bem
Como um sonho vão
Dentro da minha mão
Se cuidas de mim
Eu cuido de ti também
Se vens em paz
Eu venho por bem
Se formos bebendo
O chão deste caminho
Vou guardar-te bem
Agora que sei
Que não vou sozinho
Há uma praia depois da sombra
Uma clareira p'ra iluminar
Há um abrigo no meio das ondas
Tu a caminho p'ra iluminar
Por isso vem...

click! #11

Somos a nossa fortaleza!

Redes sociais

O sapo tem uma página no facebook. Ultimamente o sapo pouco tem usado o facebook. Vai vendo as novidades, dando os parabéns, adicionando uma ou outra pessoa. O sapo gosta de fotografia e o facebook do sapo tem uns poucos de álbuns de fotografias.

Hoje vi pelo facebook este vídeo.
Muita gente a comentar. Que iam "desamigar-se" de algumas pessoas, que iam fazer uma limpeza étnica, ao melhor estilo conflito dos Balcãs, à lista de amizades do fb. Que era inadmissível ter pessoas na lista de "amigos" que nunca tinham comentado o que se publica, com quem nunca tinham interagido(?) na rede social, e patati, patatá...

Penso que será relativamente fácil fazer um video (está interessante e tem o mérito de pôr as pessoas a reflectir sobre as práticas relacionais, ainda que virtuais!) onde se exprima uma opinião e um ponto de vista. Não sei até que ponto será eficaz do ponto de vista da mudança de hábitos das pessoas. Porque ver o video e pensar "é isto mesmo! vou já eliminar este e aquela e mais o outro!" é uma coisa bem diferente de chegar à lista de amigos e eliminar mesmo as pessoas! Ou limitar o acesso ao que podem ver da nossa página. Parece que ficamos com alguma forma de sentimento de culpa (gosto muito pouco desta palavra!). Como se estivéssemos a defraudar as expectativas das pessoas a quem fizéssemos isso!

O conceito do facebook é interessante. Mas rapidamente descamba quando chama a todos os nossos contactos "amigos". Já nos aconteceu a todos receber um pedido de "amizade" de alguém e pensar "Ãh?! Quem? Este quer ser meu amigo/a? Antes rebentar-me uma veia na cabeça!!!" E aí, o vídeo toca na ferida: ou o conceito de amigo da esmagadora maioria de nós é muito muito relativo ou anda muita gente desesperada! Sempre me fez alguma confusão a rapidez com que as pessoas se chamam de amigos. Eu tenho amigos. Poucos. Mas os suficientes!

Tenho alguns amigos que fiam melindrados quando lhes digo que não são os meus amigos de todas as horas. Mas que são os amigos de muitas horas. Não o digo para chatear, para os fazer sentir mal ou para de alguma forma me salientar no meio deles. Digo porque é o que sinto. Se os meus amigos todos se juntassem, conseguiriam escrever toda a minha vida. (ou quase toda porque há coisas que nem a mim confesso!) Mas há amigos com quem gosto de estar mais numas situações e outros noutras. E isto não faz de mim melhor nem pior.

Tenho amigos indefectíveis. Daqueles que não viram as costas nem que eu mate a avó para vender os dentes de ouro. E esses são os que habitam comigo na minha reserva da vida privada. Que vão sabendo de tudo, embora nem sempre na altura em que as coisas acontecem. Que me levantam quando fui atropelado por uma manada em fúria. Levantam, cuidam de mim, ajudam a tratar das feridas e, no processo, me dão forte e feio na cabeça para ver se ganho juízo. E sim, estão no facebook. Mas não é por lá que interajo com eles. Não é por comentar o que escrevem ou publicam no fb que me sinto mais próximo deles.

Engraçado como as ferramentas de comunicação podem servir para nos afastarmos das pessoas e mantermos as pessoas afastadas de nós. Pôr um gosto ou um :) ou lol numa qualquer publicação, faz com que sintamos, que de certa forma, a nossa obrigação de contacto com aquela pessoa está cumprida. E isso é como desenhar uma linha, um limite que não queremos que seja ultrapassado. Isso ou pura e simplesmente deixar de comentar (seja de que forma for) o que pessoas que já foram importantes, mas que deixaram de o ser, fazem, escrevem, onde estiveram... Mas quem fala do facebook, fala dos telemóveis... Quem é que nunca deu graças por estar ao telemóvel quando se cruzou com alguém na rua com quem não quer falar? Ou pior: quem é que nunca fingiu estar ao telemóvel para evitar conversar com alguém?

Tchiiiiiii! tantos braços no ar! :D

domingo, 27 de novembro de 2011

Domingo à noite

Momento de balanço. 
Momento de pôr em perspectiva o que sucedeu nos últimos dias e mais uma vez o saldo é francamente positivo. Dois dias foras daqui a fazer caminho novo, na casa nova de janelas verdes. Dois dias a ser feliz. Completamente feliz. Dois dias sem ter de me preocupar com o quê, onde, a que horas, porquê, de que forma, o que é preciso, como se resolve, porque pura e simplesmente não houve motivos de tensão.

Dois dias de passeio, passeio e bom trato. É bom sair da rotina, estar com quem se gosta, conhecer algo de novo, sítios, monumentos, localidades e conhecer-te melhor em situações diferentes. É bom sentir-te tranquila e descansada. E feliz e sorridente e despreocupada e sem dores de cabeça, sejam elas quais forem. Sabe bem desligar a ficha e lançar-me em nós, na bolha, no nosso mar da tranquilidade em que tudo parece mais simples e fácil de resolver. É bom ver-te alimentar-te de tudo o que te faz falta: comida, paz, tranquilidade e calma, para mais facilmente poderes enfrentar o que ainda aí vem. 

Continuo a pensar que o pior, o mais difícil, já é passado. Que os desafios que se colocam agora são bem mais fáceis de resolver. Que no último mês se resolveu o mais difícil, o que mais sofrimento causava e que de mais difícil resolução parecia. Continuo a sentir que vale a pena apostar em nós. Que nada se alterou, para menos bom. Que temos uma margem de progressão imensa para o que pretendemos criar para nós. Que por mais difíceis que pareçam os obstáculos, acredito que nos colocam os obstáculos de acordo com a nossa capacidade de os superar. E que se chegamos (chegaste) até aqui, foi porque não somos um obstáculo na vida um do outro. Antes uma oportunidade de crescer. De sermos mais e melhor. De juntos sermos bem mais do que a soma de tu e eu.

Este é o caminho certo. 
Este é o caminho. 
És tu!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Casas

Sempre tive o sonho de comprar uma casa antiga, daquelas em que as paredes têm quase dois metros de espessura, com chão de soalho corrido, portas com bandeira, escadas de pedra no exterior gastas pelo uso escadas de madeira no interior. Tão usadas que ganharam a forma adoçada dos pés que as subiram e desceram.

Com quintal, porta de madeira, janelas de guilhotina, lareira de pedra e pias de pedra mármore, gastas pelo tempo e pelo uso.

Gosto de casas com história, de casas que foram vividas. Com lágrimas e sorrisos, com marcas de uso. E ultimamente dou por mim a gostar de uma casa em particular. Uma casa nova. Uma casa de janelas verdes e grandes. Lavadinhas. Transparentes. Que deixam ver o que lá vai dentro. Dou por mim a desejar habitar nesta casa. Morar nela. Ocupá-la. Entrar, (com licença!), e ir descobrindo os recantos, as divisões, os armários de parede, onde me posso esconder quando quero fugir do mundo. De ir conhecendo os cheiros e as cores das diferentes divisões. De ver as vistas que dela se alcançam. Subir ao sótão, chegar ao telhado. Abrir as janelas e as varandas, sentir o ar a circular pela casa, evitar que as portas batam com o vento. Varrer o pó, sacudir os tapetes, lavar as cortinas. Não quero mudar nada nesta casa. Fica tudo como está

Descer à cave. Procurar os segredos que nela se escondem. Arranjar um pouquinho de espaço para arrumar nela algumas das memórias que tenho. Um pouco do que fui e muito do que sou ainda.
Abrir as torneiras, sentir a água a jorrar da torneira e permitir que leve consigo, pelos canos, o que me deixa menos alegre, menos sorridente, menos feliz. Permitir que a casa seja uma oportunidade de continuar a mudar a minha vida, rumo ao objectivo que me propus, de ser mais e melhor.

Gosto desta casa nova!
Muito!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Do trabalho

Já aqui disse, e repito, que gosto do que faço.
Gosto de dar aulas, gosto de ensinar, de despertar curiosidade nos alunos, de os espicaçar, de estimular a sua criatividade, de os ver de olhos brilhantes e com expressões, de alguma forma, emocionadas, pelo que viram, pelo que aprenderam.

Vem isto a propósito de algumas cenas lamentáveis que têm ocorrido dentro e fora da escola em que alunas (!) se têm agredido fisicamente (sim, que as agressões verbais, são muito muito mais frequentes!), em que grassa o desinteresse pela escola e pelas actividades propostas para as aulas, sejam elas mais ou menos práticas.

É difícil saber o que fazer com os alunos, porquanto os alunos não sabem o que andam a fazer na escola, porque motivo têm de aprender conteúdos e matérias e interiorizar normas e regras de saber estar e fazer. Há muita falta de curiosidade, falta de vontade de aprender, de saber, de descobrir o porquê de algumas coisas. Os espíritos estão muito pouco inquietos, aceitam com passividade o que lhes é proposto. Quando não aceitam, não esboçam mais do que um tímido protesto. E mesmo quando o protesto é um pouco mais vigoroso não vão mais além: não há propostas, não têm alternativas, não sabem ou não querem saber.

É desmotivante lidar com pessoas assim. Principalmente com pessoas jovens, que têm hoje acesso a meios de informação e cultura poderosíssimos como a internet e todo o potencial de informação e conteúdos que disponibiliza, na sua maioria gratuitamente. Não deixa de ser curioso que a utilização que os alunos do 3.º ciclo fazem da internet e das TIC em geral não seja mais do que jogar, utilizar as redes sociais (msn, facebook), email, sites de partilha de ficheiros P2P, e muito pouco mais. A ideia de os alunos fazerem um trabalho de um qualquer tema, para uma qualquer disciplina é traduzido por eles como vai a um motor de busca, faz uma pesquisa, vê o primeiro resultado, selecciona, copia, cola num documento, muda o tipo de letra, junta duas figuras, diz que foste tu que o fizeste e entrega. Lembro-me de, no ano lectivo de 2008/2009 ter dado 0 (zero) à maioria dos alunos de uma turma de oitavo ano que tinha de fazer uns trabalhos individuais. Houve dois alunos que tiveram avaliação positiva.

Os miúdos até gostam da escola. Não gostam é daqueles bocados de 45 ou 90 minutos, que ocorrem dentro das salas, e a que se chama aulas. Os professores são uma seca, as aulas são uma seca, aprender é uma seca, a escola é uma seca. Mas não deixam de vir. Não deixam de aproveitar a internet wireless gratuita da escola; nem a electricidade com que carregam todos os aparelhos electrónicos possíveis e imaginários: pc's, telemóveis, mp3 e mp4, playstations e outras consolas, os preços mais baixos do bar da escola, nem o aquecimento.

Sim, eu sei. Estou a pintar o quadro demasiado negro. Mas quando há uma semana disse a uma turma, que na aula de 90 minutos da semana seguinte teriam de trazer o material resultante da pesquisa para fazer cartolinas sobre um conjunto de países que tinhamos estado a estudar; quando entro na sala no dia em que, tudo o que teriam a fazer seria fazer as colagens da cartolina, e me deparo com três dos seis grupos, sem qualquer tipo de material, e com as desculpas do costume (o cão comeu, está na pen, esqueci-me, foi o outro elemento que ficou de trazer e não trouxe) e se tem meia turma a olhar para o tecto... E quando isto acontece menos de duas semanas depois de na mesma turma lhes ter pedido para fazerem resumos que seriam analisados e completados e que serviriam para que estudassem para o teste de avaliação e não houve um único aluno que o tivesse feito...

Sim. A frustração instala-se. Não totalmente. Não é desânimo ou descrença, mas começa a faltar qualquer coisa que me faça ter vontade de preparar aulas diferentes e mais activas para os alunos. Os meninos queixam-se de falta de motivação. Eu chamo-lhe preguiça e falta de objectivos pessoais e de vida.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amanheceres

O dia no charco amanheceu bonito.
O céu está vestido de azul e o sol resolveu engalanar-se do mais belo tom de luz e vai derramando sobre tudo à sua volta a claridade enquanto aquece as pedras, as árvores,os campos que cansados de chuva, parecem respirar um pouco melhor e vão libertando os seus humores sob a forma de vapor de água.

Assim quase que apetece saltar cedo da cama. Quase que dá vontade de acordar ainda de madrugada, vestir, preparar um lanchinho, colocar a mochila às costas e ir. Sim, a pé, claro! Ir descobrir percursos novos, novas paisagens e vistas.

Cansar o corpo para descansar a mente. Encontrar tempo para se encontrar a si mesmo. Ir andando e vendo e enquanto se anda e vê, vai-se vendo o que se traz por dentro que pesa, que faz frio e ter receios.

O dia amanheceu bonito e por ter amanhecido bonito cuidei que fosse mais fácil sentir-me assim também. E no entanto, o amanhecer bonito pouco tem a ver com o que decido sentir, experimentar e viver. O dia amanheceu bonito e mesmo que cá dentro esteja um pouco menos claro, um pouco mais nublado eu escolho sentir-me bem. Não bem de eufórico. Não bem de entusiasmado. Mas bem! Daquele bem que pode até não ser suficiente para me deixar com um sorriso de orelha a orelha, mas que é aquele bem que me deixa tranquilo. Porque o que preciso é de estar tranquilo. E de te passar essa tranquilidade, calma e segurança.

As apostas são altas, mas a recompensa é ainda mais elevada. E vale a pena arriscar. Vale a pena arriscar quando o que há a ganhar é tanto que apenas a perspectiva de isso acontecer nos submerge e deixa mergulhado num estado de alegria imensa.

Por isso, hoje o dia amanheceu bonito. E a luz do sol inspira-me tranquilidade.
Porque estou seguro do que sinto por ti.
Seguro do que sentes por mim.
E tranquilo!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

amigos

São aqueles que estão sempre connosco, mesmo que não estejamos com eles por meses. E se lhes ligamos no telefone, parece que ainda há pouco estivemos com eles!

São aqueles que se alegram connosco porque estamos alegres, que nos ouvem quando precisamos de alguém que se disponha a servir de muro das lamentações, mas que ao mesmo tempo, não nos passa as mãos pela cabeça, antes nos faz ouvir o que precisamos de ouvir, por muito duro e difícil que seja.

São os amigos em quem pensamos assim que pensamos em amigos. Ou em quem sabemos que podemos confiar qualquer coisa. QUALQUER coisa mesmo!

São aquelas pessoas que nos dizem: "podes fazer a maior burrice do mundo, a maior merda, que eu vou continuar a gostar de ti, e mesmo dando-te na cabeça, vou ser sempre teu amigo." e "estou sempre cá para ti!"

São imprescindíveis, inesquecíveis e surgem quando e de onde menos se espera. Sim, porque os amigos são aquele tipo de pessoas que estão por toda a parte, que não se distinguem por nenhuma característica física especial, porque o que os torna especiais, não é o aspecto exterior, mas sim o que nos dizem, e o bem que nos fazem sentir!

Fim da batalha! Final da guerra?

Ontem no final de um dia bom, de um dia feliz, ao chegar a casa resolvi, antes de me entregar ao sono, fazer a ronda pelos sites do costume a ver se havia novidades. E havia! Novidades boas! E sentir que está fechado (definitivamente, espero!) um assunto desagradável, que me trazia preocupado foi um outro final de dia bom. Não era o que eu teria preferido, se tivesse hipótese de escolha, mas foi muito bom, ver resolvido mais um assunto pendente. Menos uma coisa que me preocupa! Menos uma coisa com que tenho de entrar em linha de conta quando se trata de fazer planos, de traçar destinos e rotas.

Obrigado a quem me apoiou, a quem me deu força, me orientou, me ajudou em tantos momentos e de tantas formas diferentes!

Hoje amanheci mais leve!

Sei que devia estar feliz, mas na verdade, sinto-me mais aliviado do que feliz. Aliviado por saber que um acto irreflectido da minha parte (que podia ter tido consequências muito graves!) acabou por ser apenas um incómodo. Desagradável, aborrecido, que mexeu comigo. Mas ainda assim apenas um incómodo.

domingo, 20 de novembro de 2011

No meio da ponte (capítulo 9)

"E lá vai ela.
A fazer algo que eu sei que tem de ser feito. A encerrar um capítulo. A fechar uma porta. Tem de ser. É doloroso, mas tem de ser. O que posso fazer? Aguardar. E estar cá quando ela regressar.

Disse-lhe tudo isto e mais. Disse-lhe que não tem de se sentir responsável pelo estado em que fica o caminho que escolheu deixar. Que na verdade, outras pessoas haverão de querer trilhar esse caminho. E que não pode querer percorrer um caminho tendo outro em mente. Muito menos, achar-se responsável pelo que acontecerá ao outro caminho. E não se trata de egoísmo. Trata-se de não ser justo para nenhuma das partes. Nem para ela, nem para ele. Para ele, porque não é justo ser rejeitado e depois ter de lidar amiúde com quem nos rejeitou. É uma questão de amor próprio, de auto-preservação. Para ela, porque se fez a opção, se decidiu, não tem de viver presa a algo que não quer. Mesmo que isso implique passar por ser apelidada de fria, de sem-coração. Ela sabe que não é assim. Eu também!

Ninguém gosta de ser deixado. É verdade. Todos preferimos ser acolhidos e gostados. A questão que se coloca é: até onde vai o sentimento de culpa? Até que ponto deve haver sentimento de culpa, se a questão é ter deixado de haver sentimento de amor? Um substitui o outro? E porquê? Se deixou de haver amor, que sentido faz ficar com outra pessoa? Por hábito? Por pena? Por rotina? Eu não gostaria de ter alguém comigo por ter pena de mim. Por esse alguém me achar fraco demais para reagir ao impacto. Por duro que seja, não é pior viver a vida sabendo que se viveu uma mentira?

Por mim, vou ficar aqui. À espera que ela volte. Pronto a recebê-la num abraço. E preparado para lhe dar o que ela precisar. Porque é assim: quem ama, cuida."

Frases tuas #0

"Somos o 'modelo chave-fechadura'... assim simples!"

E podemos bem ser.
E o que mais nos apetecer.
Que não me faz diferença que haja quem não entenda, e que me julgue sem estar na posse de todos os factos, sem ter estado com a dúvida no coração, sem saber o que na verdade ia cá por dentro e que mesmo assim, se arrogue defensor e praticante da moral e dos bons costumes. Não me importo. Digam o que disserem, nunca saberão o que sinto por ti, Nem como o que sentes por mim é importante, como me fazes feliz todos os dias. O quão determinados estamos em construir alguma coisa de positivo disto tudo. E como temos vindo a vencer batalhas diárias, com passos pequenos mas seguros, que só nos têm aproximado mais e mais.

Tudo natural, sem ser forçado, sem termos procurado o que quer que fosse. E isso só nos torna mais especiais um para o outro. (sim, especiais, a palavra de que tanto gostas!) Tens razão, caímos no colo um do outro. E que bom que é estar ao teu colo, e ter-te no meu. Não simultaneamente, já que há uma impossibilidade física de isso acontecer, mas de irmos, à vez, dando colinho um ao outro. O nosso compromisso mantém-se intacto! Não lhe altero uma vírgula. Apenas poderemos acrescentar adendas, de maneira a completarmos e aperfeiçoarmos o nós que já somos.

Mesmo que isso provoque comichões e levante dúvidas a quem de fora, sem saber o que quer que seja, se ache no direito de apelidar os comportamentos e as atitudes dos outros.

Apeteces-me

Pode parecer coisa superficial, fruto de um desejo momentâneo, de uma ponta de tesão, de uma necessidade urgente de satisfazer vontades, mas sabes bem que não é assim.

Apeteces-me agora, como me apeteces tantas outras vezes. Apeteces-me de dia e apeteces-me de noite. E também ao amanhecer ou ao entardecer. Quando me olhas com esse teu ar maroto, de menina, perfeitamente consciente do efeito que tens em mim. Quando passas e me apalpas o fofo numa fracção de segundo em que não há ninguém por perto ou me dás beijos clandestinos. Ou quando estamos longe e nos permitimos ser o que nos apetece ser sempre: dois apaixonados, dois cúmplices, dois namorados que não desviam os olhos um do outro, que não conseguem parar de planear o próximo "golpe" e que não conseguem tirar as mãos de cima do outro, mesmo quando há umas dezenas de pares de olhos a ver; dois enamorados que encontram amor, refúgio, tranquilidade, paz, energia, força junto um do outro, no tempo e no espaço que partilham.

Apeteces-me. Não me apetece o teu corpo apenas. Apeteces-me toda, de corpo e alma. Apetece-me o carinho e os amassos, o calor dos beijos e o ritmo do nosso amor bem mexido; a simplicidade de um toque e a força de um beijo, o arrepio da pele e o sabor da língua quente e macia; a ternura do olhar e o sussuro da voz, embargada pela emoção que me diz: quero-te!

No meio da ponte (capítulo 8)

"Vou percorrendo os primeiros passos deste caminho, certa de que é por aqui que passa a minha vida. Não estou arrependida de ter escolhido, de ter optado por este caminho.

Porém, detenho-me. Obrigo-me a parar.
Não porque não queira fazer caminho, mas porque por vezes preciso de saber onde tenho os pés, qual o chão que piso. Na verdade, por vezes, desejo correr por este caminho! Pegar na mão e sair a correr e só parar quando estiver bem longe! Mas a verdade é que não tenho motivos porque fugir. Não estou a fazer nada de errado. Não estou a enganar ninguém, nem mesmo a mim própria. E não quero sair desabrida, sem dar conta de tudo o que o caminho tem para me oferecer: as paisagens, as sombras, o vento que sopra meigo e brinca com a minha franja, o luar e as estrelas de uma noite mágica. Preciso de percorrer o caminho com tempo para me ambientar. Para me dar conta de quem sou, do que quero para mim e para nós.

Ainda assim, há laços que me prendem à ponte e ao caminho antigo. Já cortei tantas amarras do peito e ainda me sinto presa. Não quero cortar mais estas porque fazem parte de mim, da minha vida. e se cortar, vou ficar sempre com as pontas atadas em mim, a lembrarem-me que foram cortadas, a manterem-se presentes até se irem desfazendo aos pedaços. Sei que se desatar, embora fique a marca, é mais fácil de apagar, até porque não magoa tanto. Já não aperta. É como a marca do fato de banho no fim do Verão: vai-se esbatendo até se  se diluir na pele.

Vou desatar estes últimos nós. Vou preparar-me para com paciência desapertar o resto dos nós, que fui fazendo ficar laços nas últimas semanas. Para ser mais fácil de desatar. Mas preciso ainda da tua ajuda: preciso que esperes por mim, enquanto vou levar as amarras ao outro lado da ponte. Para que o outro caminho não fique sem nada, sem amparo.

É que eu, tenho-te a ti. Mas ele não tem ninguém. Espero que consiga guardar o que de bom e bonito fizemos no caminho até à ponte. E que seja feliz. Se quiser. Sim, começo a perceber quando me dizes que temos o poder de decidir, a cada momento, se queremos ser felizes ou não! A felicidade dele, não passa por mim. E a minha não passa por ele. Dá-me uns momentos para lhe explicar isso. Eu prometo que volto, meu amor!"

click! #10

Negro como a noite, lindo como o sol!

se a minha profissão não fosse a de professor

Não sei qual seria.
E não sei, porque há coisa de dois anos descobri, ou como está muito na moda dizer-se agora, realizei, que ensinar, dar aulas, leccionar, é o que gosto de fazer. Ao fim de 14 anos, posso dizer que faço o que gosto. E isto significa que me queixo muitas vezes do meu trabalho. E que tenho dias em que chego a casa com vontade de mandar tudo para as urtigas, porque os miúdos não estudam, não querem fazer as tarefas, se recusam a aprender, não vêem sentido na escola, batem-se apenas por dois motivos: por tudo e por nada.

E depois tenho outros dias, mais raros, em que o facto de conseguir conversar com um aluno que seja, que me vem pedir opinião para uma qualquer situação da sua vida, (como se eu percebesse muito da vida, para dar palpites sobre a vida dos outros!) me faz sentir mesmo bem e pensar que é esta a compensação que recebemos. Não é o ordenado (professor contratado há 14 anos, estou no mesmo índice de vencimento de há 14anos. Com uma licenciatura e mestrado concluidos antes de Bolonha, ganho 1100€ líquidos por mês); não é o reconhecimento social, que foi destruído por seis anos de governação socialista que arrasaram com a imagem dos professores ao criarem na opinião pública a ideia que os responsáveis por todo o mal do sistema educativo eramos nós; não é pelas regalias da profissão, porque no meu caso, 14 anos lectivos, 14 escolas diferentes, de Norte a Sul do País, com todos os custos que isso acarreta em transportes (que não públicos porque nem sempre há) alojamento (sem contrato nem recibo porque os senhorios não passam) e alimentação (desenvolvi o vicio de comer e não há quem mo tire!!!).

Se não fosse professor, não sei que profissão escolheria. Mas teria de ser alguma em que sentisse que, tal como sinto na escola, seria capaz de fazer a diferença. De mostrar a alguém que há outro caminho, outro trilho a percorrer, outras maneiras de ver, de sentir, de exprimir o que cá vai dentro e o que vida nos oferece!

Por vezes penso em fazer um outro curso superior, numa outra área de formação diferente. Mas nunca sei por onde hei-de seguir. O que escolher? O que eu gosto mesmo é de ser professor, de ensinar, de conversar com os miúdos e sentir que poderei ser responsável pela mudança na vida de algum deles.

Utópico? Com toda a certeza que sim!
Mas já dizia o poeta, "Pelo sonho é que vamos"!

sábado, 19 de novembro de 2011

da televisão

Por opção, mais ou menos inconsciente deixei de ver televisão em finais do mês de Abril. Na verdade e apesar do charco antigo estar servido de tv com não-sei-quantos-canais, pouca atenção prestava à tv, uma vez que com o horário que tinha e às horas que chegava a casa apetecia-me mais dormir do que ainda ir para a frente da televisão.

As excepções foram dois ou três jogos de futebol e um outro programa. Mas não sei qual a programação actual dos quatro canais generalistas. De maneira que não sinto a falta da "caixa que mudou o mundo" em frente à qual famílias ficam a vegetar às horas das refeições, trocando o diálogo e a partilha pelo olhar fixo no ecrã. Há fenómenos engraçados em que a mesa é posta em função da televisão, ficando lugar vazio na direcção do aparelho.

Não sinto a falta. Não tenho grandes saudades. Talvez de uma série ou outra, mas não tenho saudades. A programação é tão, mas tão má que salvo honrosas excepções a um ou outro filme ou documentário, não dá vontade de ver. O tele-lixo é a regra. E tele-lixo é um expressão simpática para o degredo em que se tornou a programação das televisões com programas da manhã e da tarde que estupidificam as pessoas e que exploram as estórias reais de pessoas que acabam por ser usadas como atracções circenses de um qualquer freak show.

A exploração do homem pelo homem, continua. Expôr as misérias, as doenças, os problemas familiares,o crime, as traições, para alcançar audiências, para ter share é pouco menos degradante do que ser humilhado na praça pública. E a responsabilidade e o bom senso de quem dirige os canais de televisão onde fica?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

(pausa)

O fim-de-semana tem trazido as interrupções. Os dias de descanso têm sido, em parte, os dias de desassossego, por te ter longe. Por saber de ti apenas por sms, telefone ou net. Contudo, saber-te bem, tranquila, descansada e a alimentares-te melhor do que por cá, dá-me paz, faz (quase!) valer a pena a distância.

É tão bom fazer planos contigo. Sabe bem ver que temos sintonia de ideias e de pensamentos em tanta coisa que ambos achamos importantes, e que nos pontos em que não estamos de desacordo, estamos dispostos a encontrar uma forma de entendimento que nos permita continuar a sonhar, e simultaneamente, começar a construir o sonho!

O fim-de-semana é mais uma etapa, nesta prova dura de emoções fortes e por vezes contraditórias. E eu sei que vamos superar mais este! Para depois termos uma segunda-feira boa, como as anteriores, e uma semana em que vamos ser capazes de encontrar os nossos momentos, os nossos espaços que ambos queremos, precisamos e desejamos.

O tempo está a correr a nosso favor: cada dia que passa e que somos capazes de, juntos, vencer os desafios que nos colocam, é mais um pedaço do muro, da fortaleza que queremos ser e que já vamos sendo. Independentemente do resto, tu e eu já somos um nós. E eu gosto muito do que nós somos.

E quero ser mais. E melhor.
Contigo!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

sms

Ontem de manhã, no percurso até ao trabalho percorri uma estrada à beira rio, que me ofereceu uma paisagem deslumbrante de sol morno, de montanhas estremunhadas e de rio quase parado com o peso dos bancos de nevoeiro e nuvens de algodão em rama que dele saíam em direcção ao céu.

Ontem de manhã, a sentir uma felicidade mais pura de menino pequenino, em paz com o mundo, num momento de comunhão comigo e contigo, resolvi pegar no telefone, e enviar um sms que dizia mais ou menos isto: "Bom dia! Que o sol de hoje, ilumine o teu dia!" E despedia-me com beijinhos.

Posso garantir-vos que sendo ainda cedo, na manhã (ainda n eram 8h30) recebi resposta de todas as pessoas para as quais enviei a mensagem. Que algumas me agradeceram, outras estranharam, mas em todas, consegui sentir que de alguma forma, um gesto tão simples, fez com que começassem o dia de uma forma diferente, e quero acreditar que diferente para melhor! É estranho o como nós somos pequeninos e miudinhos! É estranho quando começamos a estranhar o facto de alguém se aproximar de nós desinteressadamente. É assustador pensar que uma coisa tão simples como uma mensagem de telemóvel tem a capacidade de nos mudar a disposição, o estado de espírito e pode ajudar alguém a construir algo de melhor. De diferente, de positivo.

Ontem mudei o dia de algumas pessoas, e sentir esse poder é fantástico.
Principalmente, porque prova o que eu já sabia: são os pequenos gestos que fazem grandes diferenças!

"vendo amor em pó"

Depois da foto, o texto.
Perguntaste-me porque tinha colocado a foto, logo ontem. Porque escolhi aquela entre todas as outras, se tinha tantas para colocar. Disse-te que gosto da foto o que é verdade. Que gosto das cores da parede e gosto das palavras pintadas na parede por um qualquer spray preto. Embora as palavras não façam lá muito sentido.

Ninguém vende amor. O amor ou se dá ou se recebe. Não se vende nem se compra. E quem julga que vende e compra amor, vai dar conta, mais cedo ou mais tarde, que se enganou ou que foi enganado (ou ambas!).

Amor em pó. Lembra-me aquela loja de bolos Amor aos Pedaços e bolos, claro, são coisas boas e doces como o amor.

Amor em pó, as cinzas do amor ou o que resto do Amor que houve e que se desvaneceu como as cores de uma parede exposta ao sol inclemente do Verão.

Vendo Amor em Pó. O pó do amor? Não. O amor não deixa pó. O pó é leve, pouco pesa. Poucas marcas deixa. E basta sacudirmos que o pó cai. Em casos mais exigentes, lavamo-nos para retirar o peso do pó. O incómodo que ele nos provoca. A forma como ele se cola ao pescoço e às marcas da pele e nos marca os punhos e as golas das camisas. O amor deixa marcas bem mais fundas do que as provocadas pelo acumular do pó. Pelo sim, pelo não, o mais avisado será não deixar que o pó assente sobre o amor.

Assim como assim, o amor é para ser vivido. Mais do contemplado. Mais do desejado e querido. Mais do que suspirado pelos cantos de um caderno velho de páginas amarelecidas pelo tempo ou pelos nomes grafitados a spray pela calada da noite numa qualquer parede ou muro apanhada desprevenida. Mais do que pelos bits e bytes de um qualquer blog electrónico.

A foto, só a publiquei porque me deu prazer tirá-la: encontrar escrito numa parede uma frase singular com sentidos múltiplos, dúbios e que podem traduzir o que dela se quiser. No fundo, são só palavras combinadas de uma forma curiosa.

O amor é só para ser vivido.
Como se de uma trip de um outro pó qualquer se tratasse.
E o amor é uma droga tão boa!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

click! #9

sem legenda

Yesterday

Monday was yesterday.
And yesterday, all things considered, was a great day. We were together the whole day. Sure it was a bit tiring going back and forth but you make everything worthwhile. To have the possibility to be near you, to hold you close, to talk, listen, see, smile, kiss, hug, play, make fun, and just to BE with you is amazing.

Because you are. You're truly amazing. It's a shame you can't see yourself this way. Everytime you look in the mirror you always find some flaws to get you down. And it doesn't have to be that way! If only you could see yourself the way I do; you'd be dazzled by the beauty, the brightness of your smile, the deep look in your eyes and the funny and spirited side that you have inside you.

It scares the hell out of me to see that you, a strong woman, can so easily be left in doubt. Allow others to make you feel insecure in such a easy way. I want you to be able to make your own decisions. And to live accordingly! You can say one thing and do the oposite. But that won't bring you any good, relief, peace or tranquility.

I'm here. Like I've always been. And I'm not going anywhere. (bot just now, that is!)
If you mind is made, don't let others get in between. Trust yourself.

Chuva&Frio - Constipações e Gripes, Lda

Espirros: check!
Nariz tapado: check!
Olhos pesados: check
Dores de garganta: check!
Estado semifebril: check!
Ranhoca: check!

Ora pronto! Começou a época!
Mais um ano mais uma constipaçãozita para assinalar no menú das doenças, maleitas e enfermidades!

Valha-me o Sto. Ben-U-Ron! E o chá de cidreira com mel, o calor de uns lençóis de flanela, os chinelos para não andar descalço no chão frio de casa, os banhos quentes para libertar a expectoração, a canja de galinha, o xarope de cenoura feito de um dia para o outro e juízo na cabeça para não ficar de tronco nu em sítios frios e/ou com correntes de ar, como por exemplo, a casa de banho fria, à saída do duche.

"Esdou um dapo consdipado!"

domingo, 13 de novembro de 2011

Do ser

Ser porque sim. Ser porque se existe. Porque existe em nós um sopro de vida, uma chama de fogo que nos anima. Porque temos cá dentro do corpo uma alma que se agita, inquieta e que, sendo eternamente insatisfeita, nos obriga a mudar, a desincrustar o que cá dentro se foi alojando e ganhando camadas sucessivas de sedimentos até se transformar em rocha. E em peso. Morto. Que é urgente e necessário retirar, sob pena de com ele irmos ao fundo.

O ser, o existir, é relativamente simples para um pequeno grupo de pessoas e algo de extremamente complicado para a esmagadora maioria das pessoas. Senão vejamos: a quantidade de pessoas que se diz feliz, é muito menor do que a quantidade de pessoas, que quando questionadas se estão bem respondem: "vai-se andando" ou "está tudo mais ou menos" ou ainda "quando assim, nunca pior!". Esta atitude de viver a vida de uma forma pequenina, envergonhada, comezinha, com receio de nos dizermos felizes, com medo que a nossa felicidade choque com o sofrimento dos outros é tão errada!

Temos uma sociedade que gosta de quem sofre e se afasta de quem é feliz.
Sim. É verdade!

Na actualidade as pessoas abeiram-se mais de quem sofre do que de quem é feliz. E não é para ajudar. Não é por serem movidas por um espírito solidário e fraterno. Na maioria dos casos é para se sentirem melhor. Ouvem os problemas dos outros, para porem os seus em perspectiva e com isso sentirem-se um pouco menos mal, como quem diz: "ainda eu acho que estou mal! Aquela/e é que tem motivos de queixa." E vão-se conformando com a sua vidinha que! afinal,-não-é-assim-tão-má-como-parece-comparada-com-a-vida-de-outros-que-por-aí-andam.". Não resolvem nenhum dos problemas ou situações que lhes trazem sofrimento, vivem atascados na m**da até às orelhas, mas gostam. Porque mudar, fazer alguma coisa por nós mesmo implica esforço. Implica aprendizagem e sim, implica alguma dor e sofrimento. Confrontarmo-nos ao espelho traz por vezes reflexos de nós que nos incomodam. Que nos deixam ver quão vazios estamos daquilo que é fundamental.

Usamos os outros e os seus problemas para nos desculparmos da inépcia relativamente a nós e aos nossos próprios problemas. Achamos que estamos mais ou menos, esquecendo-nos que podemos estar muito melhor. Podemos estar mesmo bem. Não todos os dias. Não todas as horas, mas a maior parte do nosso tempo.

Daí que diga que quero ser mais e melhor. Eu sei que nem sempre consigo. Eu sei que muitas vezes magoo quem está por perto. Tenho consciência disso. Mas o errar não faz de mim pior ser humano. Faz de mim, ser humano. Só isso. E quem nunca errou, que atire a primeira pedra. Quem não conhece o erro, não conhece a sensação de ser perdoado pelo erro cometido. Quem nunca falhou, não conhece a felicidade de acertar, de fazer as coisas bem.

O melhor do erro, é termos a oportunidade de repará-lo. E de aprender com ele.

sábado, 12 de novembro de 2011

Mais uma volta, mais uma viagem. É entrar senhores, é entrar!

E vai mais uma voltinha.

E de cada vez é diferente. Desta vez, ainda não acabei de me sentar e antes de ter tempo de pôr o cinto, já a montanha russa vai disparada, rumo não sei bem onde. Felizmente que não estou sozinho. É que na carruagem da frente ia outra pessoa que também foi surpreendida pelo arrancar dos carrinhos. De tal maneira que saltou do seu lugar e aterrou aqui ao meu lado. E agora é uma confusão de cintos e de seguranças que é preciso, encontrar, trocar, apertar e afivelar, porque se a subida é rápida, a descida e restante percurso poderá ser mesmo muito rápida, com curvas apertadas, loops e é necessário ter seguranças para que ninguém saia projetado ou se magoe.

Por mim, estou a fazer os possíveis para te segurar, sem te magoar, sem apertar demasiado, sem deixar marcas ou feridas. Só te quero segura e tranquila. Sim, eu sei que tranquilidade na montanha russa não é muito fácil, mas também sei que, tal como eu, mesmo cheia de medo, queres ir até ao fim para ver como é. Sim, ainda não estou bem preso ao carrinho. Tenho medo de cair. Tenho medo, mas isso não me impede de prosseguir. Embarquei sem saber no que me ia acontecer, mas a vida é mesmo assim. Inesperada. E fazer planos para o futuro é giro, mas na verdade o que importa é este momento. É o agora. Este instante. Por isso se chama Presente. Tal como o que se dá ou recebe nas ocasiões especiais como os aniversários ou o Natal. É uma dádiva poder viver o Presente contigo. Sendo que estar contigo é sem dúvida, o melhor presente que alguma vez tive.

Espero que sejamos capazes de guardar o Presente que somos um para o outro e que tenhamos a capacidade de não o tornar passado. Quer dizer, se tiver de ser passado, que seja bem passado! :)

click! #8

banco mais próximo do céu.

No meio da ponte (capítulo 7)

"Agora que me levanto, agora que me decidi, vem a parte mais difícil. Não é o seguir viagem no novo caminho que escolhi. Não é o largar a carga do caminho anterior. Não é o deixar para trás o conhecido e partir à aventura. É o dizer àqueles que me esperam no outro caminho, que afinal, não é por lá que quero ir. Que não é por ali. Que não é com ele. Como fazer ver aos outros que o caminho que escolhi me faz sentir mais feliz, mais completa, mais amada e me permite ser mais e melhor com os outros e comigo? Como é que se faz isto sem causar muitos danos? Porque me preocupo com as outras pessoas, com o outro caminho. Como consigo dizer a toda a gente que já se foi sentando à espera que fosse por ali que, afinal, vou por outro lado? Que ainda não conheço bem, que ainda não sei onde me vai levar, onde muita coisa é incerta mas que vai ser o que eu quiser que seja?

Sim, porque no caminho que escolhi, há uma série de trilhos para percorrer, e desta vez, vou fazer-me mais a vontade. Quero que o caminho seja partilhado. De forma consciente. Curva a curva. Bocadinho a bocadinho. Passo a passo. Porque sei que me respeitas e que me vais pedir sempre para ser eu mesma. Mesmo quando ser eu mesma te deixar um bocadinho triste. Faz parte.

Como é que consigo dizer a toda a gente?
Mostrando-lhes o quanto estou bem, por ter encontrado e descoberto este novo caminho na minha vida. Mantendo-me por perto deles, mostrando-lhes que não tenho de deixar de ser quem sempre fui, nem de fazer coisas que não quero, que não desejo apenas porque alguém espera que o faça. Deixando que o sol que me pões no coração invada todo o meu corpo, os gestos, as palavras e o que faço para que todos se possam aperceber do quanto é importante para mim o teu amor e a tua presença na minha vida. E como te tornaste parte de mim, sem quase ter dado conta.

Como é que consigo dizer a toda a gente?
Acho que já sei como: sendo feliz!"

Sons! #1

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo

Ao que parece, o título deste post é da autoria de José Saramago. Eu pecador me confesso: que nunca li nada do defunto, que não me sinto com especial vontade de ler o que quer que seja do falecido e que não me senti especialmente orgulhoso da atribuição do prémio Nobel da Literatura ao homem.

A frase é boa. E adequa-se a uma série de situações que me estão a surgir na cabeça, neste instante: desde a hora de agir no combate à crise, passando pelas acções necessárias para minimizar problemas ambientais graves ou pela necessidade de agitar consciências e mudar o modelo de desenvolvimento económico que assenta única e exclusivamente na criação de necessidade artificiais que leva ao consumo exarcebado de bens, na maioria dos casos supérfluos e inúteis.

O que me chamou a atenção na frase, foi a maneira como o posso adequar a situações concretas da vida, em que se deseja muito um conjunto de coisas, mas em que nos temos de limitar ao desejo, pela necessidade de resolver algumas questões pendentes, antes de se poder avançar para o nível seguinte. Hoje em particular, sinto que e sei que não devo ter pressa alguma. Preciso de tempo para consolidar alguns aspectos na minha vida. Mas preciso de saber, (e sei! Mesmo!!) que não vou perder tempo. Porque todo o tempo que for necessário passar, para que não se apresse a felicidade, nunca será tempo perdido: será tempo investido no apuramento da vontade interior, no conhecimento do eu, na descoberta do outro, na construção de tempos e espaços em comum, na construção de um nível de consciência  elevado relativamente ao que sou e ao que quero ser.

Não tenhamos pressa, mas não precisamos de perder tempo, quando ambos temos a certeza do que queremos para o outro e para nós. ;)

Fim de tarde, noite e princípio de madrugada

Tudo somado, foi muito bom.

Estamos a dar passos no sentido certo. No sentido de nos conhecermos. E de ficarmos aos poucos mais próximos um do outro.

A verdade é que gosto muito muito muito de ti. Fica difícil estar sem ti, mesmo que seja por dois dias como no fim de semana. E ontem, tudo somado, foi um final de dia muito bom. Porque bem pesadas as coisas, acho que acabamos por estreitar um pouco mais os laços que nos unem e que nos fazem sentir especiais. E não se trata da conversa do jantar, pela conversa do jantar, nem do que aconteceu depois, por ter acontecido. Porque para mim, são tudo sinais de algo maior, que me deslumbra a cada momento e me faz sentir gostado. E isso não tem comparação com nada que possas imaginar.

Daí que haja saudades, vontade de te ver, de te tocar. De ficar encostado a ti, de te sentir respirar fundo e de suspirar. Daqueles suspiros fundos que trazem consigo mensagens do coração; que são mais do que os pulmões a expelir o ar e trazem consigo uma sensação de paz, prazer e satisfação profundos. Suspiros que falam de algo maior do que a soma das partes. Porque o que temos, o que estamos a criar é mais do que a soma de tu e eu. O que estamos a criar é maior do que os limites dos nossos corpos e do pensamento. Sinto que, por vezes, o coração fica inchado como um balão do sentimento bonito que tem por ti. Prestes a rebentar, mas ainda com margem para suportar um pouco mais de ti. Um pouco mais de mim. Um pouco mais de nós.

O que sinto por ti é sem dúvida, mais do que eu sei explicar. Por isso, se me deixares, eu quero vivê-lo. Contigo. Nem que seja para aprender todos os dias o que fazer com o tanto que me és.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

somos sem nome

Difícil saber o que escrever. As ideias não surgem claras na minha cabeça. E a fluência de escrita que tantas vezes me surpreende, parece agora ter tirado bilhete para outras paragens.
As mudanças ocorridas nas últimas semanas são tão largas e profundas que, por vezes, parece que perco o chão. Ou que o charco onde me encontro se agita por culpa dos ventos de mudança que tanta vez desejei que viessem. E vieram! Sob as mais variadas formas e intensidades.

Primeiro as pessoas: as pessoas são verdadeiras surpresas porquanto poder têm de nos fazer sentir que subimos ao céu ou que descemos ao inferno. Não que acredite que o que sentimos é determinado apenas pelo que os outros nos dizem ou fazem. Creio que, em grande medida somos nós que escolhemos o que queremos sentir. Embora sejamos influenciados pelos estados de espírito e pelas acções dos que nos rodeiam. E seremos tão mais influenciados/influenciáveis quanto maior for a consideração que temos por essas pessoas. Vale de novo a máxima: as coisas (e as pessoas!) têm a importância que nós lhes damos ou que permitimos que tenham.

É difícil cortar laços. É difícil voltar as costas. Mas é mais difícil ficar, sabendo que tudo seria um pouco pior, que o que em tempos se sentiu não existe mais. Difícil tomar decisões. E mesmo depois de as tomar, difícil, muito difícil viver com as decisões que se tomaram. E ainda há mais dificuldades no assumir dessas decisões junto dos outros.

É preciso cultivar as virtudes da paciência e da temperança. É preciso pedir perdão. É preciso perdoarmo-nos. Mais até do que perdoarmos aos outros. Assumirmos a nossa condição de homens e mulheres, que erram, que caiem e que precisam de se levantar. Apenas para cair a seguir. Não que seja intencional, mas porque é próprio da nossa natureza.

Ninguém é perfeito. Cometo muitos erros. Magoei e feri pessoas. Não o quis. Ñão o desejei. Tento não alimentar sentimentos negativos. Não me acrescentam nada. Não me fazem melhor. Não me trazem paz, nem tranquilidade. Ninguém tem em si mesmo as soluções instantâneas e milagrosas que permitem retomar a vida depois de uma pequena paragem para reflexão, para análise do mapa, ponderação de opções, escolha do caminho e avançar. Sabendo que há sempre a possibilidade de voltar a trás. E que voltar a trás não tem nada de mal. Mas tem de se estar preparado para não encontrar o que se deixou para trás. Por mim, quero avançar. Quero progredir. Quero crescer. Mais importante do que isso: eu vou progredir, vou melhorar. Vou ser mais e melhor.

Se conseguir a tranquilidade e a serenidade necessária para ir ponderando as minhas escolhas, as minhas opções e as decisões que tenho para tomar, sei que vou conseguir. Com a ajuda dos amigos. Com a presença de outro alguém que me surpreende a cada dia, que me faz agradecer pela possibilidade de conhecer e estar. De partilhar e de construir uma realidade concreta para além do sonho e da vontade. Querer é poder. E eu quero. Muito.

A bolha que somos capazes de construir, mesmo à distância, faz-me ACREDITAR que vamos ser capazes de ultrapassar os escolhos que ambos temos agora nas nossas vidas. Eu sinto isso. Eu acredito nisso. O que temos quando estamos juntos, a alegria, a cumplicidade, a tolice, as brincadeiras, os sonhos, as viagens, os filhos, a intimidade, (preciso continuar?) preenche-me de tal forma que me parece incrível que possas ser real. E no entanto, vejo, toco, sinto, desejo e partilho.

Somos!
Não importa o quê: não preciso de um título, de um nome, de um papel, de um parentesco, de uma palavra que defina o que somos. Porque sinto que tudo o que se possa dizer, qualquer rótulo que nos queiram colar, será sempre redutor. Será sempre pouco para traduzir o que sinto e o quão importante te tornaste para mim e para nós.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

No meio da ponte (capítulo 6)

"Vejo-a ainda sentada no meio da ponte. Reparo, porém, que não está tão curvada sobre si mesma como esteve antes. Talvez seja ilusão minha. Talvez esteja a ver o que desejo ver e não o que efectivamente vejo. Ilusões de óptica são frequentes quando passamos muito tempo a focar um determinado ponto.

Gostava que se levantasse e que tomasse o seu caminho. Fosse ele qual fosse. Ficar no impasse, na indecisão não resolve nada, antes pelo contrário: traz apenas mais dores de cabeça, mais incerteza e aprofunda a angústia.
E ninguém tem de viver angustiado. Muito menos resignado a um caminho e a uma vida que não deseja. Principalmente quando se tem consciência de que não se deseja esse caminho. Estou aqui pronto para saltar. Não da ponte, mas na sua direcção se para isso for chamado.

Há uma alteração na sua posição.  Ou então é apenas o ondular do seu cabelo provocado por um vento mais forte e caprichoso que insiste em acariciar-lhe a face. Como queria ser vento. Como gostava de poder ser quem lhe toca a pele. Agora vejo claramente que se mexe. Olha para um lado e para o outro da ponte. Fita os caminhos com os seus olhos doces. Sinto o calor subir à cara quando os nossos olhares se cruzam. Apesar da distância e do estado em que me encontro, quase poderia jurar que me sorrio. Voltou-me as costas e acho que já tomou a sua decisão. Sinto-me triste. E ao mesmo tempo feliz por ter contribuído para a sua decisão. Valeu a pena assistir a uma explosão de uma estrela. Quantos de nós temos essa sorte?

Pego nas minhas tralhas, carrego-as na mochila e preparo-me para percorrer o meu próprio caminho. Sem dúvida teria sido diferente percorrê-lo com ela. Nem melhor nem pior. Apenas diferente (embora reconheça que sim, que teria sido melhor!) Pego na mochila. Ajusto-me novamente ao peso e penso que a jornada poderia ser mais longa e difícil se não tivesse parado para contemplar quem estava sentado na ponte.

Pego na vara e ensaio os primeiros passos. Dói. Voltar as costas dói. Eu sei. Em tempos fui eu quem voltou as costas para partir em busca do meu próprio caminho, já que aquele onde estava pouco me dizia.

Vou-me habituando ao peso da mochila e à cadência dos passos. Vou escutando o bater do meu coração e tento andar no mesmo compasso. Mas há qualquer coisa que não bate certo. O bater do coração está fora de ritmo, porque me parece que há batidas a mais.
Pressinto alguém por trás de mim.
Volto-me para ver quem é.

Vejo-a a correr na minha direcção.
Com o sorriso mais bonito.
Com os olhos mais brilhantes.

Abro os braços para te receber, uma vez que o coração já é teu.
Bem-vinda!"

domingo, 6 de novembro de 2011

No meio da ponte (capítulo 5)

"Continuei sentada no meio da ponte.
Por mais dois dias, deixei-me ficar. A ouvir o meu coração. A deixar a decisão crescer dentro de mim. A ponderar os prós e os contras de escolher um dos caminhos que a ponte me permitia optar, uma vez que o salto sem rede e sem pára-quedas nunca foi uma verdadeira alternativa embora, admito!, por vezes me parecesse a melhor solução Que tonta que fui!

Ponderei e reflecti muito. Recolhi-me na minha concha e tomei uma decisão. Vou ter de viver com essa decisão o resto da minha vida, sabendo que nada é irreversível. Que 'há sempre uma maneira de recomeçar o que se quiser e que há sempre uma maneira de mudar o que não se quer'. Durante demasiado tempo, deixei-me levar. Pelo que não queria verdadeiramente, por circunstâncias várias que, começo a perceber agora, me prendiam ao que não era meu, ao que não correspondia às minhas aspirações e desejos. Estou a levantar-me do chão, da ponte, e dei já os primeiros passos na direcção do caminho que escolhi. São passos firmes. Pequenos, mas firmes. E sei bem que embora tenha a tentação de olhar por cima do ombro para ver o que acontece ao outro caminho, neste momento, (e é tão difícil!) não me posso permitir cuidar do caminho que não escolhi.

Estou agora decidida a fazer caminho novo. Sabendo de antemão, que novo caminho, novos desafios, outras realidades. Melhores ou piores? Logo se vê. Mas pelo menos saí do impasse, saí do meio da ponte decidida a viver. Decidida a sentir, a experimentar e estou a ousar lançar-me em algo que, (desejo muito!), venha a ser extraordinário.
Hoje sou mais eu. Hoje sou mais feliz."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

a bolha

Existe uma bolha onde sou feliz. Existe uma bolha onde sei, porque sinto, que te faço feliz e que te consigo fazer esquecer os medos, os receios, os temores e as dores, da dor e do sofrimento que insistes em tomar como teu.
E eu entendo. A sério que entendo.

A bolha é o nosso refúgio. A bolha surge naturalmente.  A bolha é quente e confortável no inverno e fresca e arejada no verão. A bolha tem relva verdinha e camas de rede entre as árvores. Sítios onde podemos descansar depois do picnic. A bolha tem lençóis e cobertores e pijamas e pernas entrelaçadas em abraços e conchas. Tem sorrisos e tolices, festas e carinhos, mimos e beijinhos. A nossa bolha é o mundo que queremos para nós e é aquele mundo que podemos construir se a isso nos dispusermos. Esse mundo tem um espaço comum e risos e barrigas grandes que guardam surpresas de crianças e desejos de há muito. Há alegria e cumplicidade na bolha.

Nessa bolha só existimos tu e eu. E embora não seja tudo perfeito (felizmente!) a bolha é o nosso refúgio. É o nosso porto seguro. Na bolha, e fora dela, eu sou feliz contigo. E sei que, leve o tempo que levar, tu também és.

A bolha é para onde fugimos sempre que temos um pedacinho de tempo só nosso, longe dos olhares e dos comentários de quem não tem mais do que pobreza de espírito para, ao invés de ficar contente por nos termos um ao outro, criticar, inventar e falar (invariavelmente mal!), do que não sabe, não entende e certamente não conhece. Porque quem já gostou e foi gostado, quem ama e é amado, não se dói com a felicidade alheia. Sinto pena de quem tem uma vida tão vazia de sentido e de amor, que precisa de achincalhar e diminuir as vidas dos outros para daí tirar dividendos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Da vida

A vida é uma viagem.
E nesta viagem, é-nos dado um bilhete no dia em que nascemos.
Nesse bilhete invisível, só consta a data da partida. Não há destino, não há hora de embarque, não há meio de transporte seleccionado, não há trajecto definido, não há maneira de saber se vamos sentados ou de pé, se vamos à janela ou na coxia, se o bilhete é válido por muito ou pouco tempo. Chega a ser ridículo ao ponto de não sabermos o quanto vamos pagar pela viagem. Nem tão pouco se há cobrador!

Cabe-nos a nós decidir que tipo de caminho, de percurso, pretendemos fazer. Isto porque, e apesar de haver quem não veja as coisas assim, na maior parte das vezes temos a possibilidade de decidir e de fazer escolhas que nos levem à felicidade.
Não tenho motivos para me queixar. A vida não tem sido tão madrasta comigo, ao ponto de achar que sou um infeliz ou que tudo me corre mal ou que comigo as coisas são sempre muito difíceis. É verdade que me vou lamentando. Mas também é verdade que tenho motivos para dar graças todos os dias.

Penso que o facto da vida nos correr melhor ou pior tem mais a ver com a capacidade individual de nos colocarmos do lado certo da linha que divide a felicidade da infelicidade, do que da sorte, de Deus ou dos outros. E sim, essa linha é por vezes muito difícil de ver. Aparece e desaparece, some-se, é apagada pelas agruras e amarguras de quem se cruza connosco. Mas também há pessoas que têm o dom de tornar a linha de tal forma visível que necessitamos de usar protecções com o receio de sermos ofuscados e arrancados do chão perante a perspectiva de cruzar a linha.

Quando tomamos na nossa mão os nossos destinos ficamos um pouquinho mais perto de sermos felizes. Isto tem muito pouco de egoísmo, na medida em que ninguém dá o que não tem. E quando não temos, não sentimos e não somos felizes, não me parece que seja possível fazer os outros felizes.

Eu quero muito ajudar-te. Mas já não sei que mais te posso fazer. Vou estando por cá. Dispõe. Ajuda-me a ajudar-te.