Sempre tive o sonho de comprar uma casa antiga, daquelas em que as paredes têm quase dois metros de espessura, com chão de soalho corrido, portas com bandeira, escadas de pedra no exterior gastas pelo uso escadas de madeira no interior. Tão usadas que ganharam a forma adoçada dos pés que as subiram e desceram.
Com quintal, porta de madeira, janelas de guilhotina, lareira de pedra e pias de pedra mármore, gastas pelo tempo e pelo uso.
Gosto de casas com história, de casas que foram vividas. Com lágrimas e sorrisos, com marcas de uso. E ultimamente dou por mim a gostar de uma casa em particular. Uma casa nova. Uma casa de janelas verdes e grandes. Lavadinhas. Transparentes. Que deixam ver o que lá vai dentro. Dou por mim a desejar habitar nesta casa. Morar nela. Ocupá-la. Entrar, (com licença!), e ir descobrindo os recantos, as divisões, os armários de parede, onde me posso esconder quando quero fugir do mundo. De ir conhecendo os cheiros e as cores das diferentes divisões. De ver as vistas que dela se alcançam. Subir ao sótão, chegar ao telhado. Abrir as janelas e as varandas, sentir o ar a circular pela casa, evitar que as portas batam com o vento. Varrer o pó, sacudir os tapetes, lavar as cortinas. Não quero mudar nada nesta casa. Fica tudo como está
Descer à cave. Procurar os segredos que nela se escondem. Arranjar um pouquinho de espaço para arrumar nela algumas das memórias que tenho. Um pouco do que fui e muito do que sou ainda.
Abrir as torneiras, sentir a água a jorrar da torneira e permitir que leve consigo, pelos canos, o que me deixa menos alegre, menos sorridente, menos feliz. Permitir que a casa seja uma oportunidade de continuar a mudar a minha vida, rumo ao objectivo que me propus, de ser mais e melhor.
Gosto desta casa nova!
Muito!
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