segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades

Não vou falar dos 20€, nem da anormalidade que é fazer uma prova que não conta para os professores que estão com contrato no presente ano lectivo, mesmo que tenham classificação negativa. Nem tão pouco vou discorrer sobre a imbecilidade de marcarem a prova para um dia que será, em muitas escolas, de reuniões de avaliação de final do primeiro período. Também não me quero alongar sobre a pertinência de uma prova que qualquer pessoa medianamente capaz e letrada resolve sem dificuldades, uma vez que já há notícias que provam isso mesmo (aqui, por exemplo). Vão avaliar o quê?

Tal como eu, a esmagadora maioria dos professores que se submeterem à prova (espero que sejam poucos) têm largos anos de experiência profissional, devidamente avaliada anualmente.

Se durante anos (nalguns casos, mais de uma década!) fui competente para ensinar, ser diretor de turma, professor de áreas que não são as da minha formação inicial, (que é a de Geografia) como Área de Projecto, Estudo Acompanhado, Formação Cívica, Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho, Ciências Sociais e Humanas, Cidadania e Empregabilidade, Cidadania e Profissionalidade; dei aulas a turmas regulares, Cursos Educação Formação, Percursos Curriculares Alternativos, Cursos Profissionais; Formação num Centro Novas Oportunidades (RVCC), aulas no ensino noturno (SEUC), dinamizei clubes e atividades em diferentes escolas, participei e organizei visitas de estudo, exposições, mostras, debates, concursos e sei lá o que mais.

Fiz o meu curso universitário numa universidade pública, fiz estágio pedagógico durante um ano em que tive a orientação de uma professora mais experiente, tive aprovação em todos estas etapas, Após o estágio o mesmo Estado que me quer agora fazer uma prova para avaliar as minhas competências e conhecimentos, reconheceu-me as qualidades e competências para ser professor profissionalizado. E sou profissionalizado e dou aulas há quinze anos lectivos consecutivos. Fiz formação ao longo dos anos, fiz um mestrado em Ciências da Educação e tudo isso não vale para ser professor em Portugal? Valha-nos o psicotécnico que o MEC inventou para separar o trigo do joio e (finalmente!) disciplinar o acesso à profissão. Sim, que esta prova é para permitir o acesso à profissão. Será que agora, finalmente, irão passar aos quadros dezenas de milhar de professores, uma vez que já fizeram a prova de acesso à profissão? Não me parece.

Esta prova é um atestado de incompetência que o Governo passa a ele mesmo, por não reconhecer o papel formativo das Universidades, dos professores universítários, dos professores orientadores de estágio  e formadores da universidade que supervisionam os estágios, dos curricula académicos que o MEC aprova/aprovou, das etapas de formação inicial e formação contínua de professores.

Os professores continuam a ser a fonte de todos os males e o alvo a abater neste país.

E vai-se a ver, até é verdade.
Quando somos confrontados com o género de decisões inteligentes que os membros dos sucessivos Governos têm regurgitado, de facto, temos de reflectir muito sobre a educação em Portugal.
Mas não com este tipo de instrumentos.

2 comentários:

  1. Eu tb não concordo com os vinte euros que vocês têm de desembolsar, no entanto, concordo com alguma avaliação (não quer dizer que seja nesses moldes) pois todos/as os/as profissionais são avaliados/as nos seus locais de trabalho e também estudaram e fizeram estágios...

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  2. Não é de avaliação de desempenho que se trata. Eu também sou avaliado todos os anos e não acho mal.

    Criar uma prova que, supostamente, é de acesso a uma profissão que eu já desempenho há 16 anos e para a qual fui considerado apto durante todos estes anos é que é estranho.

    Ainda por cima, se estiveres com contrato, até podes ter avaliação negativa da prova, que não és penalizado por isso.

    Percebes a estupidez que isto é?

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