quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Voluntarismo social

A estória conta-se mais ou menos assim:
Um casal com um filho de cadeira de rodas.
Um cheque que a Seguraça Social entregou aos pais para comprar uma cadeira nova, uma vez que o garoto cresceu e mal cabe na cadeira que tem,
Um pai que resolve gastar o dinheiro da cadeira de rodas nova do filho num carro novo.
Uma actividade que a escola está a desenvolver em que o miúdo deveria participar a 300 metros da escola.
Uma corporação de bombeiros que cobra 20euros para ir à escola buscar o garoto, deixá-lo no sítio da actividade da escola e levá-lo de volta. (sim, 20 euros por menos de um quilómetro).
20 euros que a família não tem (ou não quer ter).
Uma professora que resolve fazer um bolo e uma sobremesa para vender na escola para financiar a ida do garoto à actividade.
É isto.

Nem sei por onde começar. Eu bem que ando a tentar manter-me calmo e tranquilo, mas com a quantidade de estupidez que vejo em coisas tão simples (como esta) fica difícil.

Vou ali acalmar-me.
Pode ser que passe.
Desde que não ligue a televisão nas notícias...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Setembro quase no fim.

Felizmente. Dei por mim a dizer há pouco que depois desta semana, ficam a faltar só dez meses para as férias do verão. É terrível ter de pensar assim, para arranjar ânimo, mas na verdade só quero que isto passe. Ainda agora começou e já estou cheio. E não me venham com a conversa do "que sorte que tens em ter emprego" que hoje acho que vai tudo corrido a pontapé.

Esta coisa de termos de nos sentir conformados e resignados porque há outros que estão em circunstâncias piores, não me serve de consolo. Nunca serviu. Não ia ser agora. Andamos aqui, a viver a nossa vidinha pequenina, coitadinha, que não dá para mais, que isto está tudo tão difícil, que  a troika isto e o governo aquilo... Por vezes penso se não teria sido preferível que o 25 de Abril de 1974 não tivesse sido mais violento, com mais mortos, mais tiros. Que daí tivessem resultado viragens, não apenas políticas, mas de mentalidades. Que tivesse sido o momento certo para mudar. Mas mudar com rumo. Não nesta navegação à vista que nos tem orientado enquanto país e enquanto povo. Deu um resultadão, certo? Estamos mesmo bem agora!

Devíamos ter tomates para exigir mais. Para darmos mais. Para sermos mais interventivos, mais participativos. Para escrutinarmos melhor os actos de quem nos governa. De sermos mais informados sobre as propostas de quem se submete ao voto. De exigirmos menos conversa mole e mais ideias concretas sobre o que cada um pretende fazer com o país e para o país. Quais as ideias e projectos que tem e que quer implementar. Este Setembro de um milhão de pessoas na rua a protestar não pode ser esquecido e tem de se dar mais avisos aos políticos que eles não nos podem continuar a enganar, a mentir, a esconder factos, a usar golpes sujos para nos espoliarem do que é nosso. De que não se podem continuar a servir da coisa pública para benefício privado.

Setembro quase no fim. E a minha esperança também...

O outro lado

Somos por natureza esquizofrénicos ou apenas multifacetados?

Padecemos de alguma enfermidade do foro psicológico ou somos apenas humanos com todas as idiossincracias e contingências que esta condição confere?

Aos olhos de uns, somos loucos, aos olhos de outros competentes. Há quem nos ache boas pessoas, outros não nos querem ver nem pintados. Simpáticos ou antipáticos, generosos ou "mão-de-vaca", desprendido ou agarrado, complicado ou simples, bem-disposto ou mal-disposto, alegre ou triste, bonito ou feio, indiferente ou apenas diferente. Pacífico ou desordeiro, elegante ou boçal, preconceituoso ou inclusivo, tolerante ou intransigente... Somos tudo isto e mais. Muito mais. Porque o que cada um é, não se encerra no que se mostra.

Além disso, o que se mostra não é sempre o mesmo. E o mesmo é tão diverso, que às vezes nos sentimos perdidos sobre quem somos. Sobre a difícil tarefa que é decifrarmo-nos e ir construindo ideias e desconstruindo mitos e outras ideias pré-concebidas que outros têm, criam e difundem sobre nós. Justo ou injusto? Não sei. Preciso e necessário, sem dúvida. Para que, mesmo que os outros não saibam quem nós somos, nós saibamos sempre o que estamos dispostos a ser, a dar e a receber. Ou não!

Dúvidas existenciais

E agora, para algo completamente diferente!

http://www.publico.pt/Mundo/ha-uma-razao-para-que-as-janelas-dos-avioes-nao-abram-mas-mitt-romney-parece-ter-duvidas-1564451


Ninguém arranja um aviãozinho com janelas que abram, que o sr. possa pilotar sozinho?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Festas de anos

Nunca tive uma festa de anos.
Daquelas, em que se convidam os amiguinhos da escola, e está tudo enfeitado com fitas e confetis e chapéus. Daquelas em que há jogos e danças organizadas pelos adultos, com música e balões e uma mesa cheia de comidas e sumos.

Nunca tive, e agora que penso nisso, nunca me fez falta. Sim, acho que teria gostado disso, mas na verdade, seria mais feliz por ter tido festas de aniversário dessas? O que sempre tive (quer dizer, quase sempre!) foi um jantar em família e por duas ou três ocasiões com um dois amigos, seguido de bolo de aniversário. Se excluir um aniversário em que a minha mãe se esqueceu (20, 21?) que eu fazia anos, e de um outro (26) que passei no hospital, de outro que estava a 400km de casa e passei sozinho, os outros aniversários foram sempre devidamente assinalados.

Na verdade, não gosto de fazer anos. Desde os 16, que sempre me parecem todos iguais. Sim, houve um ou outro que me soube bem, mas na generalidade é um dia como os outros. Só que com mais sms e telefonemas. E mais actividade na página do facebook. Tirando isso, fica o carinho dos amigos e da família. E agora da lobita.

O último aniversário, passei-o com ela. E um casal amigo. Fomo-nos estrear na gostosa arte do sushi. Gostámos de tudo. Menos da conta que por pouco não chegou aos três digitos. O que vale é que só se comemora o aniversário uma vez por ano! :)

Menos uma!

Menos uma semana no desterro!
Menos sete dias para o termo do ano lectivo e do contrato.
Cada dia que passa, é menos um dia para chegar às férias ou ao fim-de-semana, ao dia para te reencontrar, para estarmos juntos e sermos novamente, mais uma vez, sempre e cada vez mais UM. Só isso me motiva. Só isso me faz suportar a distância.

Esta semana decidi que para tornar mais fáceis as coisas, me vou mentalizar que só lá estou três dias e meio por semana. O que é o mesmo que dizer que é meia semana lá e meia semana cá.

Fica mais fácil! (ou é só impressão minha?!)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ir ou ficar. A difícil escolha de quem se encontra na encruzilhada

Continua a ser uma possibilidade. Há prós e contra, claro. Atendendo às actuais condições de vida no nosso país, tomado de assalto por medidas de austeridade (cada vez me causa mais engulhos, esta palavra!) justificadas e /ou injustificadas, porém sempre injustas porque diminuem a dignidade das pessoas que por elas são afectadas, pode parecer que fica fácil a escolha pelo caminho que leva à porta de saída. Mas para quem já não é tão novo assim, ficam sempre algumas questões. Algumas dúvidas que por vezes parecem querer pôr travão a uma decisão, que nalgumas ocasiões é desejada e noutras posta de lado.

Não é fácil escolher deixar o meu país. Muito menos por estes motivos. É verdade que é sempre uma escolha minha, mas ainda assim essa escolha é condicionada pela conjuntura actual, pelo cenário de desemprego e pela cada vez maior voracidade da máquina fiscal do Estado pelo património actual (e futuro!) dos contribuintes.

Há muitos anos que digo que quero ir. Por decisões tomadas com mais ou menos consciência, a verdade é que, neste momento é mais fácil ir do que há pouco mais de um ano. E simultaneamente  mais difícil. Por outras razões. Mas sair da nossa zona de conforto e partir para outro lado qualquer assusta. Outro país, outra cultura, outra língua, outro modo de vida. Não sei se melhor, se pior. Apenas diferente. Ainda assim, a ideia continua a atrair-me. E a ir, seria agora enquanto a questão da idade ainda não é muito problemática. Daqui para a frente será sempre mais difícil. Custa abandonar a família, os amigos, os sítios nossos conhecidos, o nosso meio.

Por outro lado, que mais se poderá descobrir para lá de nós mesmos? Que maravilhas estarão reservadas para nós, se e quando dermos o passo rumo ao exterior de nós mesmos e do que já conhecemos?

Muito bem posto!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Verdades irrefutáveis #4

Não aprendemos com os nossos erros. E quando aprendemos algo, temos a infelicidade de o esquecer com demasiada rapidez.

A ditadura da felicidade (ou o direito a estar triste)

Parece que impera numa parte da sociedade, é notícia de televisão e motivo de partilhas nas redes sociais, as acções que pessoas, isoladamente ou em grupo, tomam para fazer os outros felizes. Nada tenho contra isso. Acho até que um abraço grátis, vindo de um(a) estranho(a) pode fazer o nosso dia bem melhor. Já começo a achar preocupante, quando de repente, parece que não se pode estar triste. Como se a felicidade fosse algo que se pudesse criar por decreto. Por isso me faz alguma confusão aquelas pessoas que em determinados dias do ano têm de estar felizes como no seu aniversário ou na passagem de ano.

Deviamos ser todos felizes. Estou de acordo. Estou tão de acordo que quero acreditar que nós nascemos para sorrir e ser felizes. MESMO. Mas isso não significa que não tenhamos o direito de estar tristes.

Porque a tristeza é necessária para valorizarmos a felicidade e a alegria. É como a doença: existe para que saibamos dar valor à boa saúde e para que saibamos assumir comportamentos que a promovam. Por isso, defendo que não se deve tentar arrancar alguém, à força, à sua tristeza. É necessário que dentro de cada um surja a consciência que tem mais vantagens em estar alegre do que em estar triste. Que o que quer que seja que motivou a tristeza é transitório e não pode, não deve e não vai determinar por muito tempo o estado de espírito que apresentamos.

Eu sei que vamos ter motivos para sorrir. Em breve!

Relatório e contas

A M e o R casaram. Muitas felicidades aos dois, que conseguiram ter uma festa agradável, bonita, pouco pretensiosa e cheia de significado. A felicidade espelhada nas caras deles é mais do que compensadora de tudo! O sapo e a lobita gostaram de ter estado presentes neste momento especial para eles. Tudo de bom!

O sapo foi a casa. De lá foi ter com a lobita, e a verdade é que os dias ganham outra cor quando estamos juntos. Pelo menos para mim e para a lobita também (perdoem-me a imodéstia). Tirando as viagens e o cansaço que causam, tudo tranquilo. E é bom assim!

 Acabei por conhecer mais uns amigos da lobita. Gente boa. Simples e despretensiosos. Afinal a vida pode ser simples e, ainda assim, boa. Muito boa. Como é muito bom, estar contigo.

Apesar da distância e das circunstâncias actuais não serem as mais favoráveis para as nossas pretensões e projectos. Tudo a seu tempo. Com calma chega-se a todo o lado. Ouviste Sapo?

Vejam isto. Por favor! Vejam!


Temos de perguntar porque é que as coisas funcionam desta forma. Não serão estas as verdadeiras gorduras do Estado? Não estará o Estado todo envolto nesta massa gorda em que uns quantos untuosos vão tirando tudo quanto podem, enquanto passam gordura nos olhos dos outros, para que não vejam o que estão a fazer? Não é ainda tempo de varrer com esta gente?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Como se escreve?

O que não se consegue traduzir em palavras, mas se sente tão dentro e tão fundo que não temos outra opção que não seja a de considerar verdadeiro e real o que se sente?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Participação Cívica

 Não sei o que nos falta a todos. Somos uns fatalistas. Desencantados, desapaixonados por causas comuns que nos digam directamente respeito. Que pena não sermos o povo de Timor-Leste. Por esses, fizemos vigílias e manifestações e pressão internacional. E até estivemos do lado do govrno e o governo do lado do povo (por conveniência??) Somos capazes de grandes gestos de solidariedade quando nos estendem um saco do Banco Alimentar. mas acho que é por receio que um dia, possamos ser nós a ter de recorrer a ele. Quando somos chamados a lutar pelo nosso futuro, pelo nosso país, a dar o nosso contributo para tentar mudar algo que sabemos que está mal, que é injusto, que não vai dar resultado, preferimos ignorar. Fazer orelhas moucas. Assobiar para o lado e contar os cêntimos para ir tomar um café. Não sei se por defeito de formação pessoal e social, desvalorizamos as nossas opiniões, forças e poder de mudar aquilo que temos todo o direito (e o dever) de mudar.

É uma questão individual, porém são muitos indivíduos com o mesmo sintoma, o que resultam no problema da população. Quando falei em defeito de formação pessoal e social, não sei onde termina um e começa outro. Porque na verdade não fomos, enquanto povo "ensinados" a prestar atenção a estas coisas. Existe um outro défice estrutural no país: o défice de participação do povo nas instituições democráticas. Á excepção do voto, pouco ou nada mais fazemos. Talvez seja por aqui que se deva começar a mudança, e mais importante, a tomada de consciência do que cada um de nós é e pode ser na sociedade actual.


(escrito por mim numa discussão sobre as ultimas medidas de combate ao défice quando se questionava a questão da falta de reacção do povo português)

É isto. Tudo! Sem tirar nem pôr.

Hoje, na minha volta habitual pela imprensa na net, dei com um artigo do jornal Público que me deixou simultaneamente feliz e desalentado. Feliz, porque ainda vão havendo órgãos de comunicação social que fazem jornalismo e não se limitam a publicar as notícias enlatadas da agência Lusa. Triste, por ver a triste realidade a que chegou a minha profissão e os meus colegas em Portugal.

Não é que eu não soubesse: eu sabia e sei. Porém, lê-lo e sentir que há gente que sente o mesmo que eu sinto deixa-me sem alento e com muito pouca vontade de continuar. O artigo é longo. Mas merece a pena a leitura. Para que saibam por outras pessoas o que algumas vezes aqui tenho vindo escrever.

O artigo está aqui.

A sério. Especialmente tocante para mim, o terceiro testemunho.

Verdades irrefutáveis #2

O ambiente político em Portugal já esteve mais calmo.

Até o Paulo Portas vai reunir a Comissão Política e o Conselho Nacional!

Verdades irrefutáveis #1

O Vitor Gaspar é um robot enviado pelo Senhor do Mal para nos fazer da vida um inferno.

Da crise, das manifs e do que mais

No facebook, um amigo meu escreveu um post a incentivar à participação nas manifestações de sábado para assinalar o protesto contra as medidas de austeridade. Este meu amigo, que muito prezo e de quem gosto muito, sofre com a inactividade que é transversal à nossa sociedade no que diz respeito ao exercício da cidadania. odos nos queixamos no café, em casa, no emprego, mas quando temos oportunidade de ir para a rua exprimir o que nos vai na alma e contestar calamo-nos.

Há uns anos, houve uns senhores que fizeram uma música que exprime tão bem este sentimento. De certeza que conhecem! Hoje lembrei-me da música. E pensem lá se não é um retrato bem fiel do povo sereno e manso que nós somos...




Estados

Já cá não estás. E ainda não te foste embora. Não te vejo e, contudo, sinto-te. Abraço-te e quase consigo sentir o teu cheiro. Vejo-te o sorriso, as mãos, as unhas cor-de-rosa. O sorriso contagiante. Estás a dançar no corredor do supermercado. Sabes como fico pouco à vontade com isso. d Mas continuas a fazê-lo. E a verdade é que não gostando, gosto. É teu. É espontâneo. E é assim que tu és. :D

Estou com saudades, sim. Fazes-me falta. Porque és tu. E tu sabe-lo bem.

Agora mesmo vejo-nos a jogar UNO. A rir. A apanhar dezasseis cartas, porque por um acaso aleatório, as cartas se conjugaram assim. Ganhei. Perdi. E ganhei. E ganhei ainda mais porque te tive só para mim por quatro dias. E não sei como hei-de valorar isso. Mas é muito. Infinitos muitos!

Já dormes? Com a tv ligada? Com o telefone sem som? Sonhas comigo? Estamos juntos, certo? Estamos sempre juntos. Mesmo que a quatrocentos e muitos quilómetros.

<3-te

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Nada como mudar de casa

para se encontrarem amigos que não se viam há muito tempo.

Vem isto a propósito do arranjar as coisas para ir para o Alentejo. É a terceira vez que vou trabalhar para lá. Depois de Almodôvar e de Portalegre, chegou agora a terceira viagem ao Alentejo. Para ficar, claro. Até 31 de Agosto. Depois logo se vê (ou não!...)

Ora andava eu a preparar os livros, a impressora e mais uns dossiers quando finalmente encontro a pen de banda larga. Desaparecida que estava desde o meu regresso de Trás-os-Montes, surgiu agora. No momento exacto para me ajudar a estar um pouco mais ligado ao mundo. Não que o alentejo seja deserto, mas naquela vila em particular há muito que fazer. Como o sapo não é muito de cafés, resta-me ficar por casa. Escrever aqui no charco, ver as novidades no Facebook e ler as notícias no site do meu primo SAPO.

Estou então a intervalar de mais uma sessão de escolha de roupa e calçado, de roupa de cama, de livros, material escolar, música, fotos e afins.

Começo a ficar tão habituado a mudar de casa que estou a pensar em fazer mudanças... Assim como assim, o ensino está pelas ruas da amargura. Nunca se sabe!

É nestas alturas de (des)arrumações que me dou conta da quantidade de tralha que acumulo todos os anos. Ainda há pouco estive a rasgar papel para colocar no ecoponto. Não seria mais fácil viver com menos? Menos coisas, menos objectos, menos roupa, menos livros e mais tempo para as pessoas?





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Porquês

Porque tem tudo de ser tão difícil?
Porque temos de estar longe um do outro, se o que queremos é estar juntos? (é, não é?)
Porque raio as mudanças que introduziram nos concursos te deixaram de fora?
Porque é que aluguei uma casa a meias, se o que quero é estar contigo, sem mais ninguém?
Porque é que temos de passar dias separados?

Porque motivo me zango, amuo, chateio, resmungo, falo alto, com maus modos para ti, se o que eu quero é abraçar-te, dar-te mimos, ter a tua companhia, sentir o teu carinho, o teu cheiro, ouvir o teu riso e a tua expressão de menina travessa?

Porque é que não sou capaz de perceber e entender que tu também estás triste por tantos motivos e que por isso, tal como eu, não te apetece fazer nada, nem ligar para ninguém, nem tratar de papéis, nem de consultas, nem coisa alguma? Porque é que fervo em tão pouca água?

Porque é que sinto raiva cá dentro? Raiva deste pseudo-sistema que exclui tantos dos bons e permite que tantos dos não tão bons continuem? Porque é que no meu país, tenho de me sentir satisfeito por ter obtido colocação a 350km de casa? Porque é que hoje em dia ter um emprego, trabalho, é um privilégio?

Porque é que tenho de estar feliz pelo que tenho se, quando olho à minha volta, não tenho o que mais preciso?

700km depois

Já fui e já voltei. Apresentei-me na escola. Arranjei casa (dividida com um colega que aquela gente pede 180€ por mês, sem recibo por um T0 no fundo do quintal e sem recibo). E até já lá dormi de ontem para hoje. Tive duas reuniões. Boring...

A distância entre cá e lá é de 350km aproximadamente. Demorei quatro horas e meia a chegar a casa. Estou cansado.
Vou ter as turmas todas do 3.º ciclo. E de bónus um PIEF. Que, ao que ouvi, é dos bons...

Tenho uma lista de coisas para arrumar, outra para comprar e tudo para arrumar, para na quinta-feira fazer o caminho descendente e por lá ficar por uns tempos. Em princípio só volto cá acima dia 15 de Setembro. A ver vamos.

Ainda agora começou e já estou cansado. Será normal?

domingo, 2 de setembro de 2012

Curiosidades

Só porque não há mais o que fazer, resolvi ver, através do google maps, qual a distância entre a escola onde estive a trabalhar no ano passado e aquela onde irei trabalhar este ano. O resultado é este: quinhentos e sessenta quilómetros. Graficamente fica-se com uma outra ideia da grandeza deste número:

Esclarecidos?
Pois bem, eu sei que podem estar a pensar: "Ah! Mas até ficaste colocado, olha a sorte que tens!" Ou: "E ainda por cima com horário completo! Nem todos conseguem! Poucos conseguem!" ou ainda "Se não quisesses ir para tão longe, não tivesses concorrido para lá!" Eu próprio já utilizei estes argumentos. Porém, não consigo deixar de achar estranho que uma pessoa tenha de se sentir feliz e contente por mais uma vez ter de andar com a casa as costas para ir trabalhar a mais de trezentos quilómetros de casa.

(re)começar

Do mal o menos. A colocação para mais um ano lectivo apareceu. Mas não consigo estar feliz. Não é feliz que me sinto. Aliviado talvez. Pelo menos durante mais um ano sei que vou poder continuar a garantir o pagamento da casa. Mas não consigo estar mais do que aliviado. De resto, sinto-me frustrado e um pouco triste também.

Triste porque a lobita ficou de fora. Triste porque será difícil voltar a ter o que tive no ano lectivo passado: partilhar casa com a mulher que amo. Aquela com que sempre sonhei e que nunca pensei que pudesse existir. Triste porque para além de tudo isto, vou trabalhar mais um amo a mais de trezentos quilómetros de casa.

Frustrado, porque fiquei colocado. Não me entendam mal: ter sido colocado é bom, mas ao fim de quatorze anos, a começar o décimo quinto ano como professor não consgo deixar de me questionar sobre se será boa escolha continuar a apostar numa carreira que, depois de todo este tempo, não me dá qualquer tipo de segurança, garantia ou perspectiva futura.

2.ª feira vai começar mais uma etapa desta já longa digressão por este país que está cada vez mais parecido com um charco lamacento. Pergunto-me se será a última e se não estará na hora de mudar de vida, de charco, e de profissão...