domingo, 25 de março de 2012

Será o alzheimer?

Hoje precisei de ir fazer umas compras. Preparei-me para sair, arrumo a carteira no bolso, dinheiro, telemóvel, chave do carro... Onde é que está a chave do carro?
Vai de procurar a chave do carro na casa toda (o que vale é que é pequena!) despejar a pasta da escola, revirar os bolsos do casaco, telefonar à lobita não fosse ela ter levado por engano, abrir as gavetas das mesas de cabeceira, outra vez os casacos, em cima do frigorífico...

Por esta altura já pensava que se calhar era melhor ir a pé. Agarrei nos sacos das embalagens para a reciclagem e e desci  as escadas. Cheguei à rua. Não resisti e fui ver se o carro ainda lá estava. Sim. Já agora deixa ver se está trancado. Mão no puxador e a porta abre-se. Sento-me ao volante - não falta nada. Eis que pendurada na ignição se encontrava a chave que eu procurara por toda a parte em casa. Desde 6.ª feira ao fim da tarde.

Deixei o carro aberto, dois dias inteiros, atestado, com a chave na ignição numa rua com algum movimento e sem saber como assim o encontrei quarenta e oito horas depois.

Tenho aqui escrito que ando cansado, mas isto não será demais? Será que o senhor alemão já me anda a lixar o juízo?!

sábado, 24 de março de 2012

click! #22

Bad hair day

Special news bulletin

Se tudo isto é efémero, se a vida é transitória, se não passa de uma doença crónica de prognóstico reservado, se estamos todos condenados a servir de pasto aos vermes, de que vale sofrer, magoar, chorar ou alimentar sentimentos negativos de ódio, raiva, vingança, desprezo e afins?

Façam o amor. Principalmente a vós mesmos.
(não, não estou a defender o onanismo) :D

Pausa

Aproxima-se mais um momento de pausa no ano lectivo. Sim, é verdade. Ao contrário da maioria das outras profissões os professores têm uma interrupção das actividades lectivas e não têm de estar na escola por uma semana. Sim, estou mesmo a precisar de parar. Principalmente de parar de ir para a escola todos os dias, todo o dia. Estou mesmo a precisar. Estou cansado de preparar aulas, de dar aulas, de alunos que não estudam e me culpam pela sua falta de aproveitamento, de alguns colegas que estão sempre à espreita para lixar o outro, de alguns funcionários que passam o dia de trabalho agarrados ao telemóvel e que negligenciam o seu trabalho.

Estou a precisar de poder ficar mais dez minutos na cama de manhã sem que isso signifique atrasos. Estou cansado. Preciso de desligar por uns dias. O ideal seria ir de férias. Para fora. desaparecer daqui por uns quatro ou cinco dias. Ir para onde não tenha de fazer nada. Só o que me apetecesse. Sem horários, sem obrigações, sem telefone, sem net, sem preocupações.

Era bom, não era?

Não custa sonhar!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Percepções II

Sacudir a água do capote.
Arranjar desculpas esfarrapadas que não têm o mínimo sentido e que são claramente isso: desculpas. Atirar a responsabilidade para cima do outro, seja o outro quem for.

Numa aula de autoavaliação, ao conversar com os alunos sobre a proposta de classificação que vai para a reunião de Conselho de Turma, questionei uma aluna (que se tinha auto-avaliado com nível 3, mesmo não tendo uma única positiva nos testes!) sobre o trabalho que tinha feito ao longo do período. De voz sumida, respondeu-me "Nada." Retorqui-lhe que se não faz nada, não pode ter positiva.

É extraordinária a forma como os garotos assumem que não trabalham perante o professor, mas perante os pais sacodem a água do capote e arranjam desculpas atrás de desculpas... Ao ponto de os pais virem tirar satisfações à escola, confrontando professores e Direção. Não sou daqueles que defende que a responsabilidade dos meninos não aprenderem é dos pais. Até acho que a responsabilidade dos meninos não aprenderem será certamente partilhada por todos os intervenientes no processo.

Contudo, entendo que primeiramente será necessário que os alunos queiram aprender. Eu não sei ensinar quem não quer aprender. E hoje, as matérias que a escola ensina são aquelas que a esmagadora maioria dos alunos não quer aprender. Frustrante? Sim. É só uma questão de gestão de expectativas.

As minhas expectativas? Em termos de trabalho têm vindo a diminuir.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Percepções

Ando cada vez mais surpreendido com a percepção que os alunos têm relativamente à forma como lhes correm a vida escolar em geral e os testes em particular.

Não consigo deixar de ficar abismado como, no final da aula em que fazem teste, quando questionados sobre como correu, invariavelmente respondem:" Correu bem!" Mas com tal confiança e convicção que chego a ficar convencido que no momento da correcção vou ter bons resultados. Puro engano!

O caso mais paradigmático foi o de um aluno que me disse: "Correu mesmo bem! Vou ter boa nota!" Até corrigi o dele primeiro. Resultado? 12,5%! Não quero imaginar se tivesse corrido mal. :s

Há alguns traços que caracterizam os miúdos hoje em dia (sim, eu sei que estou a generalizar, mas que hei-de fazer se a esmagadora maioria dos alunos que tenho têm este padrão de comportamento?), a saber:
- desresponsabilizar. "Não fui eu. Não fui só eu. Eu não fiz sozinho. O professor só me vê a mim. O professor persegue-me. Não pude fazer porque... Não tive tempo. O pc avariou. Acordei tarde."
- não querer saber. "Não faz mal. Não se chumba no Natal, nem na Páscoa. Não me importo. Pode-me pôr de castigo, não tem importância. O meu pai não me diz nada."

(continua)

quinta-feira, 15 de março de 2012

cheiros

Sempre fui esquisito com cheiros. Mas gosto de cheirar. Adoro cheirar a comida, o pão acabadinho de cozer, a pele do meu amor. Cheiro a roupa que visto. Escolher um desodorizante, quando o supermercado não tem o que uso, é uma tortura, porque não posso, simplesmente começar a experimentar todos as embalagens de desodorizante.

Trabalhar numa escola, dá para tudo: desde as pseudo-dondocas que se perfumam da cabeça aos pés e que deixam um rasto de perfume, que de tão intenso até enjoa, até ao cheiro dos alunos, que muitas vezes tem pouco de agradável e que torna os meus passeios pela sala de aula, um trilho de armadilhas e de caminhos a evitar para não ter de estar por perto de determinados alunos.  Acreditem: eu sei que os miúdos no início da adolescência têm uma relação complicada com o banho. Mas custa-me (MESMO) sentir que um aluno ou aluna cheire mal. Não estamos na Idade Média em que banho era miragem e perfumes um luxo. Os hábitos de higiene são algo tão básico como comer e beber: previnem doenças, são motivo de bem-estar, promovem saúde. E acima de tudo são facilitadoras de estabelecer novos conhecimentos sociais, na medida em que as pessoas não fogem afastadas pelo bedum.

Vem isto a propósito da quantidade de alunos que tenho que tem, digamos, problemas de higiene. Numa das turmas, já praticamente todos os professores falaram do assunto, já se deram aulas de porta e janela aberta por não se aguentar o cheiro. É de tal forma mau que há professores à beira de recusarem dar aulas à turma. É que ainda não começou o Verão.

Se agora é assim, quando as temperaturas chegarem aos 30ºC...

"O meu irmão anda no 5.º ano e tem seis negativas!"

Extraordinário, quando a irmã mais velha que está no nono ano, se gaba deste feito à mesa da cantina à frente do irmão e dos colegas de turma. Extraordinário quando continua dizendo "Ele quer ser como o Fulano, que chumbou todos os anos. Diz que assim, fica com os anos bem feitos." A este ponto, já me estava a sopa a azedar antes mesmo de ter tempo de chegar ao esófago e estou capaz de jurar que o lombo assado ganhou uma coloração estranha, tamanha foi a vergonha que sentiu.

Eu compreendo que é difícil, na actualidade, concorrer com pc's e internet, com chats e facebook, com consolas e jogos cheios de cor e luz, mais animados que um baile de verão numa qualquer aldeias transmontana.  Entendo que os períodos de atenção estão mais curtos porque os programas de televisão, têm aqueles pequenos separadores, que como o nome indicam, introduzem pausas, quando se muda de cena/personagens. O que já não consigo perceber com tanta facilidade é que hoje, ser calão seja sinónimo de ser herói; que os miúdos disputem entre eles a ver quem tem maior número de negativas, que concorram a ver quantas participações disciplinares conseguem juntar; que se batam (apenas por dois motivos: por tudo e por nada) que se enxovalhem publicamente, que tenham prazer em rebaixar os outros, que se estejam perfeitamente nas tintas para a escola, para as aulas, para o conhecimento e que tenham vidas que resumem a  passear os livros entre casa e a escola. Alguém disse aos meninos que aprender é divertido. Não é! Que a escola é uma brincadeira: enganaram as pobres criancinhas. Aprender custa: exige concentração, dedicação e esforço. Exige trabalho. Método. Tempo de estudo.

E os pais? Onde estão os pais? Onde estão os responsáveis pela educação das crianças? Cada vez mais acho que o Ministério para o qual trabalho se deveria chamar Ministério do Ensino e não Ministério da Educação. O professor ensina. A educação tem de vir de casa.

terça-feira, 13 de março de 2012

click! #21

Faz-se caminho, andado #2

Início de semana. Não sei classificar se difícil, se fácil.
O objectivo é que resulte em mais e melhor. É só essa a ideia: que consigamos construir algo mais. E um pouco melhor. Para ambos e para cada um de nós. Com as cartas na mesa. De forma clara, sem esconder nada. Apostados em fazer mais caminho. Juntos. Bem juntos. Como se quer!

sábado, 10 de março de 2012

Faz-se caminho, andado #1

Mais um mês que passou.
Mais um mês que passamos. Juntos.
Com alegrias mas também algumas tristezas à mistura, principalmente vindas de fora, exteriores a nós e ao que estamos a tentar construir. Estamos a fazer o nosso caminho. Devagar (às vezes demasiado devagar para mim, eu sei!) mas com passos que me parecem, firmes.

Os passeios no final da escola, o entusiasmo pelas mesmas coisas, o partilhar de tantos gostos semelhantes, de um almoço simples tomado algures no meio de rochas e de um trilho feito a dois, aqui e ali, de mão dada. Aqui e ali, abraçados a trocar um beijo. Mais adiante a gargalhar com o outro. Isto é fazer caminho.

Planear férias, estabelecer itinerários e dias. Ver distâncias e custos. Monumentos e sítios de interesse. Sou-te sincero: não me importa muito o destino. Importa-me que o percurso seja feito ao teu lado, contigo. Férias, feriados, fins-de-semana, dias de semana. Todos os dias.

fds #1

Difícil adormecer sem ti. Habituado a ter as tuas pernas entrelaçadas nas minhas, a adormecer de mão dada, meios abraçados meios colados, dormir sem ti é difícil. Mesmo tendo a cama toda para mim, não estando já habituado a ter tanta roupa para me cobrir, acordei numa confusão de lençóis, cobertor e edredon. Acordei cedo. Quanto mais depressa me levantasse, mais rápido passaria o dia. Puro engano, sei-o bem! Mas ainda assim saltei da cama antes das nove. Pouco fiz, tirando algum trabalho da escola. Sim, para quem acha que ser professor é só dar aulas, tenho quarenta e oito testes para corrigir. Fora as aulas e respectivos materiais que têm  de ficar prontos para que a semana que vem seja um pouco menos pesada. A seguir começar a tratar da avaliação do final do segundo período.

E entretanto, tu. Sempre tu a surgires no pensamento, a deixares-me a pensar no que estarás a fazer. Em que estarás a pensar? Terás saudades minhas? Saber-te menos bem, deixa-me preocupado. Pensar em ir ver-te é uma constante. Vou trabalhar para estar distraído. Vou ocupar a mente com ideias muito menos agradáveis do que as que me surgem quando penso em ti. E em nós, bem entendido!

Sai. Vai apanhar sol e ar fresco. Vai caminhar um pouco. Conversar com uma das tuas amigas. Far-te-á bem, certamente! Vai descansada. Quando voltares, eu vou estar aqui para ti. <3

sexta-feira, 9 de março de 2012

fds #0

Primeiro fim-de-semana sozinho depois de mais de dois meses contigo.
Fazer o caminho até nossa casa; subir as escadas, meter a chave na porta e não te ter aos pulos na cozinha abraçada a mim; decidir o que fazer para lanche e/ou jantar; a trabalhar na mesa da cozinha frente-a-frente; adormecer sem a lapa colada a mim; não ter quem me roube a roupa da cama durante a noite nem quem me tire espaço para me esticar; tomar duche sem ter quem esfregue as costas; não ter a quem fazer o café nem o sumo de laranja; sair sozinho...

Há tanta coisa que se tornou importante porque existes, porque estás presente, porque és aquela pessoa especial que dá um pouco mais de sentido à vida...

Amo-te!

click! #20

Amendoeiras em flor (ou não estivesse em Trás-os-Montes)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Sempre me causou alguma estranheza ter de haver um dia reservado para tratar desse ser chamado mulher. Não porque não ache que o mereça, não é isso. Apenas porque é redutor que não se faça de todos os dias, dias da mulher, e do homem e de criança e do animal, e do ambiente e da água, e da música e dos namorados (!) e da mãe e do pai e do que mais se lembrarem.

Percebo e aceito que tenha sido criado este dia para lembrar as mulheres que, espalhadas pelo mundo não viam (e não vêem!) os seus direitos respeitados. E não falo de direitos da mulher, mas de direitos enquanto pessoa, enquanto ser humano. E porque, para o bem e para o mal, vivemos num mundo demasiado masculinizado, onde os homens mandam demasiado, e tantas vezes, demasiadamente mal.

Não pretendo fazer o elogio da mulher, porque não é necessário. Outros o fizeram bastas vezes muito melhor do que eu seria capaz. Mas parece-me importante assinalar, que antes de serem mulheres, são pessoas. E como pessoas que são têm virtudes e defeitos, dias bons e dias menos bons, sonhos, esperanças, desejos. Pois que o sejam.

Um bom dia para todos. E todas, claro!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dia de passeio

Sábado foi dia de passeio. Que sítios fantásticos que temos no nosso país! Que paisagens, que monumentos, que locais! Ficam aqui algumas imagens. A (re)visitar!









click! #19

The wolves howl to the moon., Right, lobita?

dias como estes

Em que o ar está limpo, cintila de tão transparente e, apesar do frio lá fora,, deslizamos sobre o alcatrão ao som da música quase perfeita para o momento. Em que por instantes, a comunhão entre o que se sente no coração é igual ao que o coração do outro sente. Em que o diálogo surge entrecortado pelo suspiro da urgência de se partilhar o que se sente por dentro.

Dias em que apesar das dificuldades em lidar com os pequenos nadas do dia-a-dia se sente ao nosso lado alguém que está disposto a apoiar, a ajudar e tentar relativizar o que nos choca, magoa e dói. Que consegue impedir que o que de menos bom se pensa, se sente e se sente tentado a fazer, seja colocado em perspectiva e se lhe dê a importância devida, porque o mais importante é a tranquilidade da nossa consciência e a nossa paz de espírito.

Dias como estes, fazem-me sentir bem, por estar acompanhado de pessoas com valores, com consciência, bem formadas que me ajudam a ser também um pouco melhor, um pouco mais tolerante, um pouco mais positivo.