quarta-feira, 27 de março de 2013

PDI

Hoje foi dia de fazer a primeira sessão de fisioterapia. Nunca tinha feito nenhuma. Diagnóstico? Contraturas musculares. Do tamanho de uma casa. Electro-estimulação, ultrassons e uma carga de porrada como nunca tinha levado. E ainda por cima aplicada por uma moça novinha acabada de terminar o curso. Bem, estou melhor, mas acho que ainda é cedo para dizer. Tenho de respirar mais com o diafragma, contrair os abdominais quando faço algum tipo de exercício, andar direito e fazer os exercícios que a fisioterapeuta me ensinou.

Já fui comprar uma bola de ginástica (daquelas de pilates) para fazer os exercícios. Estou a ponderar aulas de ioga. E tenho MESMO de voltar à natação.

Era só. Vou para dentro!

domingo, 24 de março de 2013

Parte VI

Volta para casa. Pelo menos é que isso que parecia querer fazer, pela direcção que tomou quando saiu do café, fechando atrás de si a porta de vidro. É atraído pelo colorido de uma parede pejada de papéis e cartazes de eventos a ocorrer nos próximos dias. Curioso o boneco que ilustra o cartaz de um workshop de culinária a realizar nesse fim-de-semana. Sorri para o boneco e retoma o caminho para casa, passando os olhos nas letras gordas que enchem a manchete do jornal. Abeira-se da estrada e aproveitando uma aberta no trânsito atravessa a rua da forma que a sua mãe sempre lhe disse que não deveria fazer: correndo. Chega em segurança ao passeio do outro lado da rua. Entra na padaria. Compra uma broa de milho e seis pães de trigo pequenos. Agarra o saco de papel que colocaram sobre o balcão e paga a despesa.

Regressa a casa e depois de pousar o pão e o jornal e de retirar as pastilhas elásticas do bolso das calças dá uma volta pela casa levantando os estores e permitindo que temporariamente, o vento que entra pelas janelas viaje por todas as divisões, levantando pó e papéis e provocando o fecho da porta da casa de banho com um estrondo. Terminou a corrente de ar.

Procura o telefone e verifica se existem chamadas perdidas. Número privado. Seja quem for terá de ligar novamente. Não gosta de perder chamadas telefónicas. Na sua cabeça, haver alguém que tenha querido falar com ele e não ter atendido é algo que o perturba. Não que seja algo de extraordinário ou de inédito, mas não consegue esquecer aquela outra chamada telefónica que não atendeu. Bem antes de existirem telemóveis...

Agora

Deitado/sentado, com o pc nas pernas, a tentar aquecer os pés depois de ter chegado a casa de um jantar com amigos em Aveiro. Sabe bem estar com pessoas que, independentemente do período de tempo que passou desde a última vez que estivemos juntos, nos fazem sentir como se a última vez tivesse sido ontem. Quando cheguei, começou a chover e por isso, enquanto destrancava o portão e não, molhei-me. Não fiquei encharcado, mas bastante molhado e, por isso, arrefeci.

Dou conta que hoje não falei com a lobita antes de dormir. E não pensei que me fosse fazer toda a diferença que está a fazer. Mandei-lhe uma mensagem quando saí de Aveiro e outra quando aqui cheguei, mas não chega. Gosto de ouvir a voz dela, ensonada e meia rouca. E de lhe dizer e ouvir aquelas coisas que nos aquecem por dentro. Não te vejo desde 4.ª feira, apenas três dias e já parece tanto tempo. Mesmo sabendo que é já daqui a pouco, na verdade preferia que fosse já. Agora. De me meter na cama, junto a ti para aproveitar o quentinho. Já falta pouco, eu sei. Também sei que te amo.

Vou dormir. Mais logo vou ter contigo. Para ficarmos juntos uns dias seguidos, sem escola, sem trabalho, sem obrigações.
És o meu amor!

sexta-feira, 22 de março de 2013

De regresso à casa de partida

Ou quase. Vamos ver.

Game Over

No dia em que encaixarmos a última peça, em que se fizer ouvir o click! e tudo parecer estar no seu devido sítio, morremos. De facto ou no sentido figurado. Quando não houver nada mais para melhorar, para conquistar, para construir, para aperfeiçoar, para cuidar, quanto tudo parecer igual e sensaborão, estamos mortos. Quando os dias não tiverem baixos nem altos, gargalhadas nem choros, ironia ou sinceridade; quando se tornarem ínsípidos como um prato de sopa de hospital,  estarei morto. Coloquem-me então entre quatro tábuas simples, sem ornamentos, com pegas de corda natural e levem-me ao lume. Forte. Nada de branduras que quero arder depressa. Depressa. Uma vez em pó, deitem-me ao vento. Do cimo de uma qualquer montanha, deitem-me ao vento e deixem que seja ele a decidir onde poderei ser, outra vez. Mais uma vez.

Só mais uma vez, porque pode ser a última, deixa-me dormir abraçado a ti. Como na outra noite. Naquela cama estreita de colchão borbulhento que nos magoa as costas. Mais uma vez, só mais uma vez permite-se ser um contigo porque nenhuma me completou ainda como tu me completas. Mais uma vez. Só mais uma vez, permite que repouse sobre ti terminada a corrida. Mais uma vez deixa-me respirar o cheiro que se desprende da tua pele transpirada, do teu cabelo, limpar com os lábios a tua testa ornamentada com minúsculas gotas de suor causadas pelo cansaço do amor.

O amor cansa. É difícil o amor. Deixa-nos sem fôlego, quentes, suados e sem força. Esgota-nos o amor. E no entanto é a ele que regressamos sempre. Uma e outra vez. Porque nele julgamos que somos mais do que somos. Porque na loucura que nos provoca cremos ser melhores e mais capazes. O amor inflama. Deixa arder. Deixa-me arder em ti, meu amor.


Somos

O que queremos ser.
O que podemos ser.
O que achamos que devemos ser.
O que os outros pensam que devemos ser
O que a sociedade espera que nós sejamos.

Um pouco de tudo isto e muito mais
Nada disto.

Porque não somos o que gostaríamos de ser?

Somos formatados por um conjunto de valores. Esses valores são transmitidos pela família, pela escola, pelos nossos pares, pelos meios de comunicação, pela cultura (sendo que ela própria é uma criação nossa) pela religião, pelas normas legais.
Depois vem o resto. O conjunto dos processos a que se convencionou chamar pensamento. Que pode desconstruir todas estas normas e regras, subvertendo-as e criando uma realidade dita alternativa.

No fundo, o que acho que estou a tentar dizer é que andamos numa luta permanente entre o que nos dita a consciência e o que inconscientemente nos manda fazer/dizer/...er o subconsciente.

Sim. Isto agora está difícil.
Deve ser do adiantado da hora.
Desculpem lá qualquer coisinha...

quinta-feira, 21 de março de 2013

coisas que me apetece fazer

(a ordem é aleatória)

Desaparecer.
Viajar
Conhecer sítios novos
Fotografar
Comprar uma pão-de-forma e fazer uma viagem grande nela
Arranjar um cantinho para viver com a lobita
Ter um filho. (vá! 3 e não se fala mais nisso)
Ver o nascer do sol e o pôr do sol no topo de uma serra
Tomar banhos de rio
Acampar
Fazer uma atividade com os escuteiros novamente
Andar a pé durante 3/4 dias de mochila às costas e dar um novo valor à água quente, ao duche diário, à cama feita de lavado.
Dormir ao relento
Conversas à fogueira
Falar outras línguas
Aprender algo novo
Viver da terra
Construir algo com as minhas mãos.

Atar as pontas soltas.

A tarde de hoje vai ser dedicada a tentar atar pontas de assuntos que tenho pendentes e que preciso de resolver para ser consequente com as decisões que tenho tomado. Assim, está na hora de ir tratar do que tem de ser tratado e dar andamento ao que, há muito, está parado. Começar hoje a fechar caixas que estando abertas só apanham pó e contribuem para aumentar a sensação de desarrumação que anda por cá. Vamos a isso!

time off

Por uns dias não vou queixar de estar no buraco, no desterro, onde o Judas perdeu as botas aka cu do mundo ou em versão menos polida, o olho do cu do mundo.

Depois de uns dias de reuniões, segue-se o regresso ao charco original.

A emissão segue dentro de momentos.

terça-feira, 19 de março de 2013

Ah! As alegrias das reuniões de avaliação...

A sério. Reproduzir as  conversas que se têm nas reuniões de avaliação seria algo deveras pouco interessante. De tal forma que se não se calarem depressa tenho de pedir licença para ir ali vomitar a fruta do pequeno-almoço. Despachem lá isso, raios!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Fim de dia





enganos

Este sábado que passou foi um dia de enganos. Andamos em passeio. O passeio foi bom. Correu bem. Agradável. Fomos ver algo de novo para ambos. Quando chegamos ao local, depois de estacionar dei conta que era ninguém. Não não me enganei a escrever. É mesmo assim. Era ninguém porque os meus documentos tinham ficado no charco. Nada de cartão do cidadão, nada de carta de condução, nada de cartão multibanco, nada de dinheiro. Fiquei podre. Mesmo podre. (sou assim, chateio-me com estas coisas). Por umas horas fui clandestino.
Demos uma volta pela cidade, visitamos alguns sítios bonitos, tiramos umas fotos e resolvemos voltar...
Andamos uma hora(!) às voltas para sair da cidade. Por incrível que pareça, poucas ou nenhumas eram as placas indicativas para sair da cidade. No regresso, fomos parados pela polícia duas vezes. E das duas vezes, apenas nos perguntaram de onde vínhamos. Nem documentos, nem carta, nem coisa nenhuma. Acho que não devemos ter ar de criminosos...

quinta-feira, 14 de março de 2013

My one and only wrecking ball and you're crashing through my walls


O país a afundar

Hoje chegou a notícia que Portugal, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano, é o país do mundo que mais desceu no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) calculado anualmente pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Somos orgulhosamente o 43º país mais desenvolvido. Nada de mau nisso. Só que em 2004 eramos o n.º 23. O mais curioso, é que por exemplo, a Grécia, manteve o seu 29º lugar. De facto, não somos a Grécia. Quem nos dera!

O IDH é um indicador composto calculado com base em quatro indicadores simples que medem três grandes domínios: o rendimento, o ensino e a saúde. O rendimento é medido através do PIB per capita, o ensino através da taxa de alfabetização de adultos e a taxa de escolarização, a saúde através da esperança média de vida à nascença. É redutor, não aborda dimensões como o bem-estar, a cultura, a felicidade, o respeito pelos direitos humanos, o fosso entre ricos e pobres, mas é o que temos de mais fiável para avaliar o "desenvolvimento" das nações e das sociedades. Resumindo e concluindo, um país que invista nas pessoas, é bem classificado, um país que não aposte nas pessoas é menos bem classificado. Se as políticas forem no sentido do longo prazo, em vez de se legislar à pressa para tapar buracos ou fazer jeitos a amigos como tantas vezes acontece por cá, as probabilidades de melhorar a classificação no IDH aumentam. É fácil de perceber porque caímos na lista. O Governo vai dizer que é a crise a responsável, mas a crise não aumentou impostos nem diminuiu salários. A crise não criou comunidades intermunicipais que a única utilidade que terão será o providenciar lugares para os boys dos partidos. A crise não construiu oito estádios de futebol para um campeonato da europa quando a UEFA apenas exigia seis. Não é a crise que diz que o Parlamento tem de ter 230 deputados e que o governo tem de ter 11 ministros e quase 30 secretários de estado. Mais os subsecretários e essa nobre profissão que dá pelo título de assessor. Todos pagos a peso de ouro e com regalias e privilégios que deveriam fazer corar de vergonha os próprios de cada vez que dizem nos meio de comunicação social que é preciso fazer mais cortes.

Vou ficar por aqui que já tenho a tensão arterial a subir. :/

Estamos em 43.º lugar no ranking do IDH. E a descer!

o lado negro

O Rui Veloso canta que todos temos um lado lunar, o tal dark side of the moon de que falam os Pink Floyd. Há uma série de seis filmes que se centra na luta entre os dois lados da Força o negro e o outro, o lado bom. Existem os anjos e os demónios que mais não são que anos negros, anjos que caíram em desgraça. Os japoneses falam no Yin e no Yang. Aquelas duas figuras, uma preta e outra, dentro de um círculo, a perseguirem-se mutuamente. Daí que seja importante reconhecer a existência desse lado negro. Dessa(s) faceta(s) da personalidade mais escuras. Mais arredias à luz, ao riso, à alegria e à felicidade. 

Eu não sou sempre o lado negro. Mas, de igual forma, não sou sempre luminoso, sorridente, alegre e feliz. Poderão dizer que todos somos assim. e será verdade, mas não estou a falar de outras pessoas. Estou a falar de mim. Desculpem o abuso.

Isto porque me tenho andado a sentir um pouco menos feliz. Um pouco menos alegre e isso está a tornar-se um pouco mais dilatado no tempo do que seria de supor. Eu sei que houve coisas que mudaram. Rotinas que se alteraram. Também sei que estou aqui há duas semanas e que ar deste sítio se começa a tornar demasiado pesado para mim. No entanto, também sei que não é o sítio que tem o poder de determinar o que sinto e como me comporto. Portanto, apesar de me sentir um pouco menos do que noutras alturas, vou procurar no meu coração e no espírito aquelas partes muito boas da minha vida, que me têm ajudado e hão-de continuar a ajudar a um resultado positivo do que sou, faço e penso mais positivo.

Preciso de ti. Porque te quero, preciso de ti. Ainda demoras?

quarta-feira, 13 de março de 2013

Parte V

Acordou tarde. A noite foi passada de forma intermitente, conforme o ritmo da actividade cerebral. Não gosta de sonhar. Sente-se cansado. Adormeceu profundamente, quando a cabeça, de tanto imaginar realidades alternativas, cedeu ao cansaço. Lá fora o trânsito circulava na cadência regular de um sábado de manhã. Demorou a dar acordo de si. Dando conta de que está a acordar tenta recordar-se do último sonho, mas a cabeça atraiçoa-o: no momento em que se dá conta que quer recordar, a memória do sonho esvai-se como água que escorre por entre os dedos das mãos em concha de uma criança pequena.

Levanta-se. Resiste à tentação de ficar às voltas na cama com receio que a leve dor de cabeça que sente, se agrave. Dirige-se à casa de banho. Depois de se aliviar lava as mãos e passa água nos olhos. Prepara-se para fazer a barba. Apesar de ser sábado há rotinas que nem o fim-de-semana altera. Estranho o ritmo a que lhe cresce a barba. Quanto mais a corta, mais depressa ela cresce. Parece que o está a desafiar. Nas férias é diferente. Nas férias dá-se esse prazer: não faz a barba antes de esta ter uma semana. É mais difícil fazê-la quando está comprida, mas andar de barba por fazer é a sua imagem de marca das férias.

Abriu o armário, tirou o pincel, a lâmina de barbear e o sabão. Faz a barba à moda antiga. Na verdade, por vezes pensa que deveria ter nascido umas décadas antes. Há pessoas que dizem que estão à frente do seu tempo. Ele sente-se atrás do seu tempo. Não será, portanto, um visionário. Antes um pessimista. Não deixam de ser curiosos os rótulos que nos colam e que por vezes, inadvertidamente colamos a nós mesmos. Ensaboa a cara com o pincel e a espuma que fez com o sabão. Passa a lâmina pela pele cortando os pêlos com precisão cirúrgica. Não fossem os seus dedos grossos e desajeitados e teria evitado o corte junto ao nariz. E no pescoço. E no queixo... O acto de se barbear está à beira de se tornar uma carnificina. Baixa a lâmina e apoia-se no lavatório de cerâmica branca. Respira fundo e recomeça. Depois de mais umas passagens para eliminar os restos de pelos que teimosamente se colam à pele, passa a cara por água, limpa-se a uma toalha, arruma o pincel, o sabão e a lâmina e sai para a cozinha.

Os seus pequenos almoços são cada vez mais frugais. Torra o último pão que resta no saco, coloca-lhe manteiga e mastiga-o ruidosamente encostado à banca. Volta ao quarto, abre a janela, deixando o estore corrido e veste-se rapidamente. Calça os ténis e sai de casa levando as chaves na mão e uma nota no bolso de trás das calças. Os trocos para o jornal seguem no bolso da frente do lado esquerdo. Fecha a porta e ao virar-se para a rua é atingido de surpresa pelo sol, que brilha mais intenso agora que a nuvem branca que o ocultava se deslocou pela força do vento que sopra fraco. Atravessa a rua na direcção do café. Compra o jornal, pastilhas elásticas e troca olhares com a filha do dono do café. Nunca trocaram mais do que isso. Olhares. E mesmo sem haver palavras entre eles muito se tem dito pelos olhos. Sim que o desejo fala pelos olhos e pelos poros da pele.

Desligar

Desligar. Às vezes sinto vontade de desligar. De desligar a net, o facebook, o telemóvel, o pc, o carro, a luz, a tv, a música. Nesses momentos a vontade maior é a de regressar à natureza. Fazer a mochila, carregá-la às costas e fazer caminho. Levar a tenda, ou ainda melhor, fazer um abrigo na floresta, no mato, estender o saco-cama e dormir ao relento, debaixo das estrelas. Desligar da rotina, do trabalho, dos colegas, dos alunos, das obrigações, dos horários, das notícias, dos comentários e dos likes. Desligar de tudo que nos abafa e nos impede de sentir cada inalação de ar para os pulmões, cada batimento cardíaco, o pulsar das veias e artérias. Ficar parado a sentir os movimentos das pálpebras, a forma como deslizam sobre os olhos e vão reduzindo ou aumentando o campo de visão e acuidade visual. Encostar o ouvido ao solo e sentir o vibrar da terra. A queda de uma pinha no chão. As patas de um animal que passa perto. O cheiro das árvores. O cantar dos pássaros. Desligar do que nos é imposto pela ditadura da "vida moderna" da geração 2.0, pela publicidade e pelo marketing. Deitar no chão e sentir os grãos de solo, as folhas das ervas, as pedrinhas por entre os dedos. Ouvir o vento e os lamentos que traz consigo. Sentir a sua carícia na pele. Um leve arrepio e pele de galinha.
Desligar. Antes que seja tarde.

Acordei contigo na cabeça


Como desenhar mulheres, motas e cavalos

Nunca tinha visto nada do Nuno Markl ao vivo. É verdade, não sendo um indefectível do homem, a verdade é que acho piada a muita coisa que ele escreve e interpreta aos microfones da rádio comercial. Ouço-o desde 1998 num programa de manhã da Rádio Comercial com o Pedro Ribeiro. Nessa altura, acompanhado de Ana Lamy e José Carlos Malato, (sim o dos concursos da televisão). Nessa altura surgiu O Homem que Mordeu o Cão, com uma série de estórias e rábulas inventadas por ele, em tudo semelhante ao que acontece hoje. Mas permitam que vos diga que as emissões naquelas manhãs de há quinze anos tinham algo de verdadeiramente mágico. As coisas que hoje se ouvem nas Manhãs da Comercial tinham naquela altura uma frescura, uma novidade e um interesse bastante maior pela diferença que marcaram. E em grande parte, o sucesso das manhãs passava pel'O Homem que Mordeu o Cão.

Entretanto, a equipa das manhãs mudou. Saiu a Ana Lamy, depois o Malato e entrou a Maria de Vasconcellos. O sucesso manteve-se. O programa saiu da antena da Comercial e passou para a BestRockFM (outra rádio do grupo MediaCapital) que só se ouvia em Lisboa e no Porto. Sendo de Coimbra, deixei de ouvir. Com esta mudança o Markl mudou-se para a Antena3. Aqui fazia a emissão da manhã com o José Mariño, o Botas e não me lembro de quem mais, mas penso que havia uma voz feminina. Por esta altura, começou, se não me falha a memória (mas é provável, que eu sou antigo!) o Há Vida em Markl, OLivro dos Porquês, Laboratólarilolela Nova mudança em 2009/2010(?) de volta para a comercial. Grande equipa, novamente junta: o Pedro Ribeiro, o Markl e a Vanda. Pouco tempo depois junta-se a voz do Vasco Palmeirim saído da MegaFM. Confesso que não lhe achei grande piada, mas a verdade é que o tempo se encarregou de mostrar que está ali alguém com jeito para a coisa. A cena do Markl agora chamava-se Caderneta de Cromos e foi um sucesso. Enorme. O ano passado, em Março a equipa reforçou-se com o RAP e aí as coisas passaram para outro nível. Desaparece a caderneta de cromos e surge a coisa que menos impacto criou junto do público (nem me lembro do nome, peço desculpa) Grandiosa História Universal das Traquitanas. Não que fosse mau ou algo parecido, mas era difícil concorrer com as Mixórdias do RAP...

Adiante!
No sábado fui com a lobita, a Beja ver o espectáculo "Como desenhar mulheres, motas e cavalos". Gostámos. Rimo-nos bastante. Especialmente com o improviso que o Markl foi obrigado a fazer quando o computador que tinha os textos pariu. basicamente, o homem aguentou-se à grande a encher chouriços em frente a uma plateia bastante composta no Teatro Pax Julia em Beja. E mesmo o Miguel Araújo que o acompanha cantandoe tocando no espectáculo esteve bastante bem. Este sim! Foi um espectáculo único! Pena que a promessa de não sairmos de lá antes das cinco da manhã, não tivesse sido cumprida. Nem essa, nem a de irmos beber um copo depois do espectáculo!

O Markl, não sendo um Rembrandt ou um Dali, tem uma facilidade de traço desconcertante. Até carapaus ele desenhou! :)


terça-feira, 12 de março de 2013

Dança das cadeiras

Imaginem só como será o conclave onde se escolhe o próximo Papa.

115 Cardeais, 115 cadeiras. Um trono, supostmente o de Pedro. Temos portanto, uma das maiores 'dança das cadeiras' já realizadas! Condimento extra: 115 homens, vestidos com sotainas, solidéu e uma boa parte deles com idade para estarem sentados no lar à espera que lhes seja servido o lanche no intervalo das "Tardes da Júlia" a correr às voltas da sala.

Para apimentar mais a coisa, e porque correr cansa, os cardeais procuram inspiração, não através da oração, mas através da inalação de orégãos holandeses queimados numa fogueirita. Supostamente, esta fogueira serve para queimar os votos, e de vez em quando sai fumo pela chaminé. Mas só sai fumo quando o ar fica tão denso que lá resolvem abrir um pouco o registo da chaminé e assim poderem correr à volta da cadeira sem faróis de nevoeiro. Enquanto dura a corrida, uma banda gregoriana ataca com vigor a discografia completa dos Enigma, banda sonora obrigatória no Vaticano. Há duas "votações" por dia, o que significa que sai fumo pela chaminé as tais duas vezes por dia, o que corresponde a quando tiram a cinza da lareira e renovam o stock de orégãos. Só há fumo branco quando um dos velhos cardeais, completamente atafulhado de orégãos, perde a compustura e decide aliviar-se na fogueira.

Nesse momento, e porque no processo, chamuscou a ponta da gaita, para compensar o cardeal é declarado Papa. Tão entupido, que nem se lembra do próprio nome, quando lho perguntam responde um nome qualquer ao calha e de seguida atribuem-lhe o número de série.

E pronto: Habemus papam!


Parte IV

Trago um peso no peito. Não o consigo quantificar. Como hei-de explicar? É como se trouxesse no lugar do coração um chumbo florido. Não, não desespere, eu explico. Um chumbo, pelo peso que implica; florido, porque como algumas flores abre e fecha. Quero com isto dizer que por vezes, quase não pesa. De tal forma, que nem me lembro dele. Mas outras ocasiões há, em que começa a surgir e tal como uma flor que desabrocha se vai tornando maior e me vai deixando mal. E mau. A dor que traz consigo é daquelas dores finas, bem localizadas. Depois vai-se tornando mais abrangente até tomar conta de todo o coração. E aí, assoberbado pelas ondas de choque da dor, acontece-me por vezes, que num mecanismo de autopreservação, a minha consciência se apaga. Aliás, tudo se apaga. Acabo por regressar a mim, não sei bem quanto tempo depois. Alagado em suores. De tal forma, que quando consigo reunir as forças para me levantar, deixo marcado no chão o sítio onde o meu corpo esteve depositado, durante o shut down ordenado pelo cérebro. Acho que de vez em quando o meu sistema devolve ao cérebro a mensagem "tape loading error" ou pura e simplesmente reinicia-se a fim de limpar a memória. Agora mesmo, sinto esse peso no peito. Se desmaiar, não se assuste. Estando sentado não há perigo de me magoar na queda.

As minhas dores são outras. São dores da alma. E dessas, o tratamento terá de ser, necessariamente mais prolongado. Sei que terei de ser paciente. Creio que me será útil a sua assistência neste processo. Já percebi que por muito que queira, apenas eu possuo o dom de me curar a mim mesmo dos humores do espírito. Está aqui apenas para me levantar questões. Para me pôr a pensar.

Acordou quando terminou o seu discurso. Lembrava-se de cada palavra com tal precisão que cuidou ser real. Como se a conversa que teve, o solilóquio que desenvolveu fosse dirigido a ele mesmo. Agora que consegue pensar nisso, não havia mais ninguém na sala. Ninguém definido, com rosto, com função, que pudesse identificar. Estaria a falar consigo mesmo? Com outro alguém? Com deus? Não, com deus não. deus já o tinha abandonado há muito. Pelo menos, o deus dos homens. Mesmo pouco desperto concluiu que seria melhor tentar voltar a dormir.

Lá fora ainda é de noite. Quem sabe que mais lhe traria o sono?

Desgraça

Título do livro que acabei de ler. De um escritor que até recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2003, J. M. Coetzee. Ainda não decidi se gostei. Não quer dizer que não tenha gostado. Mas também não significa que tenha ficado deslumbrado com o livro. Acho que vou ter de ler mais alguma coisa escrita por este senhor para decidir.

A parte boa, é que estou a voltar a ler. E como é bom!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Parte III

Dedica-se agora à tarefa de lavar o prato, os copos e o talher. Embora não tivesse vontade de o fazer, gosta, pela manhã, de enfrentar a cozinha arrumada e a ideia de ter a louça por lavar e a mesa por arrumar é simplesmente insuportável. Fecha a torneira, torce o pano com que limpou o lava-louça e arruma tudo no armário sob a banca. Apaga a luz. Dirige-se para o quarto às escuras. Conhece a planta da casa de olhos fechados. Costuma pensar que se por um acaso ficasse privado da visão, estaria perfeitamente adaptado à sua casa. Conta mentalmente cada um dos quinze passos que o separam do quarto. Acende a luz da mesa de cabeceira e retira as almofadas do roupeiro. Coloca-as em cima da cama e mergulha em busca do pijama que deixou dobrado. Esta sua mania pela arrumação já o deixou preocupado. Alturas houve, em que  propositadamente se abandalhava. Como que para provar que também ele sabia ser desleixado. E sabia. Apenas optou por uma outra via. A que, na sua perspectiva, lhe facilita o dia-a-dia.

Veste o pijama, dobra a roupa que trazia vestida e coloca-a numa cadeira ao fundo da cama. Na casa de banho escova os dentes com vigor. Regressa ao quarto, abre a cama que ainda guarda as marcas do descanso do final da tarde e deita-se. Os lençois de algodão sobre o colchão proporcionam-lhe um contacto macio. Vira-se para um lado e para outro. Ajeita as almofadas até se sentir confortável. Reclina-se sobre elas e fita o tecto. Se exceptuarmos as palavras que trocou ao telefone para encomendar o jantar e com o estafeta que lho veio entregar, não articulou um som. Deitado, a olhar o tecto, procura concentrar-se. Usa como medida a sua respiração. É um processo simples para ele. Tem apenas de prestar atenção aos actos inatos de inspirar e expirar. A cada inalação vai tomando consciência da quantidade de ar que os seus pulmões conseguem conter. Depois, exala o ar que conteve, deixando-o escapar por entre uma pequena frincha entre os lábios. Repete este exercício até sentir que a tensão o está a abandonar a cada exalação. De inspirar fundo, a fim de encher completamente os pulmões começa a sentir uma leve tontura provocada pela maior oxigenação do sangue.

Estende o braço esquerdo, (que estranho! Mal o sente, como se não fosse seu.) e apaga a luz.
Dá ainda conta que respira.
Está de partida para outro mundo.

Música

Há pouco, enquanto dava um jeito aqui no charco, resolvi ir ao disco externo procurar música para ouvir. A senhoria deve ter pensado que andava cá alguém estranho em casa. Tanto barulho quando os rapazes costumam ser tão sossegados.

Bom relembrar músicas antigas, vozes que já se calaram, grupos que acabaram. Despertam recordações de tempos passados. Bem passados e nem tanto. O ponto importante é que há recordações, memórias, lembranças. E isso quer dizer que se viveu! :)

A música ajuda-me sempre. Há músicas para todos os momentos, para todas as ocasiões. E há sempre uma banda sonora adequada ao momento. Ouçam a música. Sintam-na dentro. Emocionem-se. Vivam.

Boletim meteorológico

Vento e chuva. Fortes. Amanhã temos mais. Vento e chuva. Fortes, pois claro. Variado que anda o tempo ultimamente. E no fim de semanao que vamos ter? Chuva e vento. Moderado. A forte.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Parte II

"Quanto tempo aqui estive?"
A luz amarelada do candeeiro da rua defronte à casa, entra por uma pequena frincha do estore ressequido e dá ao quarto um aspecto tenebroso. O cão dos vizinhos ladra de cada vez que um carro passa na rua. É sempre assim, excepto quando chove. Cena típica: está sentado no passeio, como que é espera; vê o carro aproximar-se, dobrar a esquina e entrar na rua; levanta-se de pronto e quando o veículo se aproxima da casa, sai disparado como um foguete em dia de baile dos santos populares. Ladra como se estivesse possuído, persegue o carro durante uns metros e depois retorna, satisfeito ao seu lugar esperando pelo próximo condutor incauto. Uma vez por outra, esta acção do cão, provoca uma reacção no condutor que se concretiza numa travagem a fundo e em alguns impropérios vociferados pela janela do carro. 

Entorpecido pelo sono inesperado, demora algum tempo a dar acordo de si. Procura o relógio de pulso e pelas suas contas dormiu mais de duas horas. Está a passar a sua hora de jantar. Levanta-se. Calça os chinelos de quarto e dirige-se à casa de banho. Depois de aliviar a bexiga, lava as mãos e apoveita para passar água no rosto: "Amanhã tenho de desfazer a barba". Abandona a casa de banho e entra na cozinha. Percorre o corredor entre uma e outra divisão tentando descobrir o que lhe apetece comer, mas os seus pensamentos ainda enevoados, apesar da água fria de há pouco, não lhe permitem tomar uma decisão rápida. Acaba por decidir o menos trabalhoso: pega no telefone, procura na lista de contactos o número do restaurante take away e faz a ligação. O costume. Sabe que tem entre quinze a vinte minutos antes de lhe baterem à porta. Prepara um tabuleiro. Coloca a toalha na mesa, retira a louça do armário e dispõe-na sobre a mesa. Alinha os talheres, copo e guardanapo. Liga a televisão e procura um canal onde possa ver algumas notícias. São todos iguais... o mesmo formato, os estúdios de cores fortes, o fato-gravata, os cabelos e a maquilhagem. Até as notícias são apresentadas da mesma forma. Desliga o som do aparelho. As imagens mudas dançam no ecrã. Projectam sombras de luz bruxuleante nos azulejos amarelecidos pelo tempo. Opta pelo silêncio. O silêncio já não magoa.

Sente bater à porta. Vai atender.

mundifiquilidades

"Vida é sempre assim: um dia 'tá bom, outro dia 'tá na mundifiquilidades"

Hoje o dia foi estranho. Parece que era de noite, tão escuro se fez por dentro. Agora que é de noite, aqui chove com intensidade. Um estado de tempo a fazer pendant (lá está: o guru da moda volta a atacar!) com o estado de espírito. Encontros, desencontros, opiniões que se dão e não deviam dar, outras que não se dão e são esperadas... há dias assim. Em que nem tudo corre mal, mas em que, por outro lado, o que é importante, não correndo de todo mal, também não corre bem. Nem bem, nem mal. Antes pelo contrário. Pois.

Lá fora chove agora torrencialmente. Se continuar a chover assim, pode ser que a escola inunde. Inundação na escola é bom. Um meteorito também, mas só os russos é que têm dessa sorte.

O que são mundifiquilidades? É descobrir aqui!

terça-feira, 5 de março de 2013

Parte I

Pôs a chave na ranhura da fechadura da porta. Roda a chave e com o pé empurra a parte inferior da porta, para que ela se abra. Sem este  pequeno jeito fica bem mais difícil, já que a porta, com a idade, descaiu. Curioso, como tudo descai com a passagem do tempo!
Entra em casa e coloca os sacos no chão. Extrai a chave do canhão da fechadura e com o pé fecha a porta com estrondo. Atira a chave para cima da mesinha que tem à sua direita. Levanta os sacos e dirige-se à cozinha. O frigorífico, pejado de ímanes dos sítios onde sempre quis ir, mas nunca foi, emite um zumbido contínuo que enche o espaço da divisão. Pequena, à semelhança do resto da casa. Uma casa velha, de pedra, com uma porta de madeira (descaída!) e janelas de madeira. A parede lateral exterior virada a Norte está coberta de hera. Aponta mentalmente, pela enésima vez, que precisa de chamar o carpinteiro para lhe tratar da porta. Já não vai para novo, e nos dias de chuva com a humidade, a porta incha e fica ainda mais difícil de abrir. Atira o casaco para as costas de uma das duas cadeiras que tem na cozinha e inicia a tarefa de arrumar as coisas que trouxe nos sacos, nas prateleiras do frigorífico e do armário. Começa pelo frigorífico. Não é difícil, já que cultivou o hábito de arrumar as compras com um método: mercearia para um lado, fruta e legumes, para outro, frescos, carne e peixe para outro. Em pouco tempo dá por terminada a tarefa. Prepara-se para se erguer. Faz força nas pernas, apoia-se nos joelhos para se levantar. A custo, coloca-se direito. Embora, direito seja um eufemismo, vergado que está pela passagem do tempo. Fecha a porta do frigorífico. Um dos ímanes dos tais sítios onde sempre quis ir, e nunca foi, acaba por ficar preso na sua camisola e rodar. Fica estranha a Ópera de Sidney de pernas para o ar. Imagina a aflição da orquestra com as pautas a esvoaçar e os músicos a tocar ao mesmo tempo que se esforçam por não cair. Melhor colocar ordem na casa - pensa, enquanto coloca o íman direito.

Dirige-se agora para a casa de banho. Aqui, é o único lugar onde se sente verdadeiramente à-vontade. Permite-se estar com os seus pensamentos. Alivia-se, e enquanto descarrega o autoclismo, entala a camisa e arranja as calças. Afivela o cinto e dirige-se para a divisão contígua. Senta-se na beira do colchão e desata os nós dos atacadores. Retira os sapatos e as meias, húmidas depois de um dia de andar para cá e para lá. Sente o contacto dos pés quentes com o chão frio de madeira encerado do quarto. Os pés parecem dizer-lhe obrigado por poderem finalmente estar à vontade, livres dos constrangimentos da pele dos sapatos. Desaperta novamente o cinto, retira-o das calças e estende-se sobre a colcha de algodão que cobre a cama. Prepara-se para descansar. Só por uns momentos. Há tarefas que o aguardam. E que precisam de ser feitas, caso contrário...

Desformatar

O que faria se fosse capaz de desligar todas as barreiras que impedem de fazer o que me apetece?
O que aconteceria se conseguisse deixar  de lado as ideias feitas, a educação que os meus pais me deram, os valores que a família, a escola, o trabalho, a sociedade me foram incutindo?
Se fosse capaz de desprender-me dessas coisas, dos códigos morais, da religião, das regras, regulamentos, leis, preceitos, do que é normal. Do que esperam que faça, da "pressão do grupo", dos outros...

Como seria arrancar de nós e partir numa viagem de descoberta do mundo lá fora e encontrar o mundo que somos cá dentro? O que daí resultaria? Suspeito que crescimento. Palpável e tangível. Imagino-me a receber lições daquelas coisas que dificilmente se aprendem na escola: liberdade, amizade, humildade, tolerância, cooperação, solidariedade. Aprender a viver com menos. A dar mais. A dar tudo o que se tem, porque é no acto desprendido de dar o que se é e o que se tem que reunimos as condições para, verdadeiramente apreciar o que se recebe.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Luta

Fim-de-semana de luta, de protesto, de manifestações.
Mais de um milhão nas ruas. Mais cartazes e palavras de ordem, frases de protesto, cantigas de intervenção.
A guerra dos números é irrelevante.
Relevante é a capacidade mobilizadora, não do movimento Que se lixe a troika, mas do descontentamento. O descontentamento que todos vêm e que alguns sentem. Os números do desemprego. Sabendo nós que nestes números não constam os que estando desempregados, já não estão a receber subsídio de desemprego. Relevante é a quantidade de pessoas, que mesmo estando empregadas não conseguem fazer face às despesas fixas e têm de recorrer à assistência de ipss, associações, bancos alimentares, caritas, bombeiros, vizinhos e a tudo o que conseguirem para poderem ter o que comer. Relevante é o número de emigrantes jovens e menos jovens que têm saído do país à procura do que aqui não conseguem encontrar. Relevante e assustador.

 Relevante é o mutismo do Governo. Não por ser este ou por ser outro. Mas pelo deserto de ideias. Pela insensibilidade social. Pela persistência em aplicar uma receita que comprovadamente não funciona.

Precisamos de um novo Governo. Não interessa muito se de esquerda, se de direita.
Precisamos de uma nova oposição. Não interessa se de esquerda, se de direita.
Precisamos de novos políticos. De homens e mulheres que estejam mais interessados em dar um rumo ao país do que no culto da personalidade (ou falta dela!). Que tenham como prioridade o povo e em responder às suas (do povo) legítimas aspirações.

Precisamos de políticos na oposição - em toda a oposição - que se preocupem com o país e não com as suas agendas pessoais. Que não tenham medo de ceder para construir compromissos de estado. Não sou favorável ao Bloco Central. Sou favorável à definição de áreas prioritárias de actuação e à construção de políticas que não mudem a cada ciclo governativo, só porque mudou a cor do galo na capoeira.

Precisamos de um rumo. Andamos à deriva. Estamos a perder tempo. E dinheiro.

mais uma volta, mais uma viagem

Fins-de-semana com a lobita, são fins de semana sem escrita.
 Rima e é (quase sempre!) assim. Não quer dizer que me esqueça do blog. Apenas me lembro mais de viver e menos de escrever. Mas pronto! Mais uma semana no desterro. A viagem para cá foi feita debaixo de chuva. Atenção redobrada e cansaço também. Foram mais de 5 horas a conduzir e escusado será dizer que estou cansado.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Mês 3

E, de repente, quase sem se dar conta disso, o tempo, na sua marcha imparável, já fez mais uma vítima: o mês de Fevereiro morreu. Eis-nos chegados a Março. Acabei de riscar os dias de Fevereiro que me faltava riscar no calendário que tenho colado na contracapa do caderno que utilizo para fazer os registos da sala de aula. Acaba por ser gratificante ver que seis meses deste ano lectivo já passaram e que o fim do segundo período está apenas a duas semanas de distância.

Funciona como um estimulante sentir que já falta menos de metade para me ir embora daqui. Bem sei que tenho trabalho e ordenado, mas ainda assim, nestas condições precárias que enfrentamos, saber que a maior parte do tempo correspondente ao período que aqui tenho de  viver, já passou é um alívio.

Depois em Março o tempo começa a melhorar, o frio a passar e a natureza explode em cor. E pólen... o que me faz pensar em marcar a tal consulta de alergologia... Tenho mesmo de tratar disso. Rápido.

0

É hoje!
A tralha já está arrumada no carro, a fruta para o caminho também!
Só faltam quatro horas e meia para me pôr a andar daqui para fora!
:)