quarta-feira, 13 de março de 2013

Desligar

Desligar. Às vezes sinto vontade de desligar. De desligar a net, o facebook, o telemóvel, o pc, o carro, a luz, a tv, a música. Nesses momentos a vontade maior é a de regressar à natureza. Fazer a mochila, carregá-la às costas e fazer caminho. Levar a tenda, ou ainda melhor, fazer um abrigo na floresta, no mato, estender o saco-cama e dormir ao relento, debaixo das estrelas. Desligar da rotina, do trabalho, dos colegas, dos alunos, das obrigações, dos horários, das notícias, dos comentários e dos likes. Desligar de tudo que nos abafa e nos impede de sentir cada inalação de ar para os pulmões, cada batimento cardíaco, o pulsar das veias e artérias. Ficar parado a sentir os movimentos das pálpebras, a forma como deslizam sobre os olhos e vão reduzindo ou aumentando o campo de visão e acuidade visual. Encostar o ouvido ao solo e sentir o vibrar da terra. A queda de uma pinha no chão. As patas de um animal que passa perto. O cheiro das árvores. O cantar dos pássaros. Desligar do que nos é imposto pela ditadura da "vida moderna" da geração 2.0, pela publicidade e pelo marketing. Deitar no chão e sentir os grãos de solo, as folhas das ervas, as pedrinhas por entre os dedos. Ouvir o vento e os lamentos que traz consigo. Sentir a sua carícia na pele. Um leve arrepio e pele de galinha.
Desligar. Antes que seja tarde.

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