sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

On your marks. Get set. Go!

E pronto. Começou!
Vou escrever sobre o que os dedos quiserem escrever, que nestas coisas da escrita, às vezes o melhor é deixar a coisa fluir pela ponta dos dedos.
(agora fiquei um bocadinho parado a olhar para o teclado e para o cursor a piscar) |

É estranho estar a escrever aqui. Há muito tempo que o não faço. A lobita acha que devo. E eu percebo-a. Escrever tem um efeito algo libertador para mim e portanto, a lógica será um bocadinho a de descarregar aqui as frustrações e não nela. Sim, porque invariavelmente, descarregamos mais nas pessoas que nos são próximas, de quem gostamos e que gostam e se preocupam connosco. Assim, escrever é quase um exercício de pacificação interior. De catarse. De ajuste de contas comigo mesmo (em vez dos outros).

Neste mês, aproximei-me mais dos 40, fui a casa dos meus pais, dos pais da Lobita, dos primos da Lobita, mas o que eu queria mesmo era poder ter estado com a Lobita em nossa casa. Disso é que sinto mesmo falta. Disso e de não ter de dar satisfações a ninguém, sobre as horas a que acordo, a que tomo as refeições, a que lavo a louça ou tomo banho. Sinto falta do nosso espaço, do meu espaço. De poder sair e voltar, de ficar na cama o dia todo se me apetecer. De passearmos de manhã até à noite. de descobrirmos sítios novos juntos.

Neste mês ficamos a saber que o contrato da Lobita está a terminar. Que não vai ser prolongado. sentimentos contraditórios... O contrato de um mês durou cinco, o que é bom. Mas fica sempre um amargo de boca quando depois de ter estado a trabalhar tanto tempo, tão longe, não é prolongado o contrato até ao final do ano. E agora? O que se segue?

Vamos a Londres. Tirar as dúvidas. Esclarecer o que houver para esclarecer e para percebermos se temos ou não hipótese de conseguir trabalhar lá. Os bilhetes estão comprados, o alojamento anda a ser visto. Muitas indecisões e poucas certezas. Para mim, demasiadas incertezas. Acho que é o medo que me cria estas dúvidas. E as dúvidas alimentam o medo. E depois fico parado como o tolo (que sou!) no meio do caminho sem saber para onde me virar, o que fazer ou o que pensar.

Como tantas vezes falamos, nós fizemos tudo certo. Estudámos, concluímos o curso, começámos a trabalhar cedo, andámos de casa às costas durante anos e anos, na expectativa de que em poucos anos houvesse um cantinho neste País, que nos permitisse criar raízes. Penso que só me sinto frustrado porque toda a minha infância, juventude e início de idade adulta, fui formatado para seguir este percurso. Nunca tive grandes planos alternativos, porque a maior parte dos adultos que foram significativos ao longo da vida apontavam este caminho. E aí é que errei. Porque deveria ter tido a capacidade de pensar pela minha cabeça e perceber a necessidade de criar um Plano B. E talvez um Plano C. Ou então ter percebido que a melhor forma de lidar com a vida é não criar expectativas e ir lidando com as coisas à medida que elas surgem, tentando, com base nas informações disponíveis, tomar as melhores decisões.

Tudo vai ficar bem. Mais cedo ou mais tarde, com maior ou menos sofrimento. Não consigo saber quando nem como ou de que forma, mas no fim (seja lá isso o que for), tudo vai ficar bem. Porque tudo sempre fica. Bem. (mesmo que não seja para mim).

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