quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Estes dias difíceis

... em que parece que nada faz sentido, que tudo se está lentamente a desmoronar: o mundo como o conhecemos desde sempre está a mudar. E quem não dá disso conta vai ser apanhado pelo turbilhão violento da mudança. Quanto mais nos preparamos para a mudança mais a percebemos, mais temos capacidade de a antecipar e portanto, de minorar o sofrimento que ela traz consigo. Estou em fase de negação. O natal fez-me mal. Para além de me ter deixado doente, permitiu-me estar longe daqui quase duas semanas. O que foi óptimo. Excepto na parte em que tive de voltar para aqui. Não é novidade, e quem me lê mais amiúde sabe-o pela enorme quantidade de vezes que falo disto: não gosto de aqui estar. Não é este o meu sítio. Não é este o meu lugar. Quando aqui estou sinto-me preso. Eu sei que nada me prende que tenho o carro à porta que posso ir até onde quiser ou o gasóleo permitir, mas sinto-me mal aqui. E a explicação principal está na minha enorme vontade de ir embora. Sabendo que tenho essa possibilidade, irrita-me muito mais o ter de aqui estar.

Não posso deixar de trabalhar. Eu sei. Preciso de assegurar o meu sustento. Também sei. E no entanto, nunca como nestes tempos, senti tanta vontade de partir. De soltar amarras e ir. Gostava de o poder fazer apenas e só por opção e não, como está em vias de acontecer, por não ter outra saída que não essa. Só isso já retira um bocado de piada à ideia. Mas sim, quero ir. Quero ir procurar lá fora o que não consigo encontrar cá dentro. Levo meia dúzia de tralhas e o meu amor. Disso estou seguro. Vou protegido pela minha lobita e pela força dos laços que temos vindo a construir, a apertar e a aperfeiçoar neste último ano e pouco...

Quero ir para poder fazer mais com ela do que caminho. Quero construir um abrigo. E por definição um abrigo é onde nos sentimos bem, a salvo, protegidos e confortáveis. Resguardados do que, de alguma forma, nos agride. É isso que quero ter contigo, sabes? O meu coração encontrou em ti esse abrigo. É agora altura de te retribuir e construirmos um abrigo para eles. Que nos proteja da chuva e do vento, do calor e do frio, da doença e da inveja.

Acredito que o vamos fazer. Também acredito que não vai ser fácil. Mas com a verdade, coragem e determinação vamos conseguir. Mesmo que seja pequeno e acanhado. Mesmo que de vez em quando se parta uma telha e pingue na sala. Mesmo que não tenha aquecimento. É nosso. É bom!

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