terça-feira, 19 de junho de 2012

no limits?

Quanto mais tempo aqui estou, menos vontade tenho de voltar. E contudo, tenho de voltar, quer queira quer não.

No final do segundo dia da semana infernal, apetece-me citar Einstein quando afirmou que só conhecia duas coisas que não têm limites: o universo e a estupidez humana, mas que não estava certo sobre a primeira...

Tanta estupidez junta dói. Como é que é possível ter atitudes infantis de desatar aos berros numa reunião de avaliação como se todos os presentes fossem atrasados mentais, porque não se estava de acordo relativamente à passagem de ano de um aluno?

Como é que é possível? Está tudo ao contrário. Completamente!

Passamos o ano a queixarmo-nos que os miúdos não trabalham, não se aplicam, não estudam, não estão com, atenção, têm falta de hábitos e métodos de estudo, apresentam lacunas graves no domínio da língua portugesa, na compreensão e expressão oral e escrita, que não sabem cálculo elementar, que desconhecem a tabuada, que apresentam interesses divergentes dos escolares e depois na última reunião de avaliação do ano o director de turma faz birra para que se passe o menino?!

Não sei dos outros, mas eu levo o meu trabalho a sério. Sai-me do pêlo, as horas de preparação de aulas, de elaboração e correção de testes, de fichas e de trabalhos de casa. O tempo que perco a fazer grelhas de avaliação e de registo para poder fazer uma avaliação o mais isenta possível. Não consigo entender como é que um aluno que tem média de quarenta por cento de repente deve ter nível três a uma disciplina e passar de ano. Não me entra.

O nível três começa no 50%. Sempre assim foi. Não há arredondamentos. Não é culpa minha que a escala usada seja esta. Não fui eu que a inventei. Apenas a aplico. Bem como aos critérios de avaliação definidos pela disciplina/departamento e aprovados em Conselho Pedagógico. Inscrevam no Regulamento Interno, uma norma que diga que se o aluno tiver média final entre 40 e 50% o professor deve atribuir positiva.

É que não se trata de alterar uma nota. Trata-se de favorecer um aluno. E quando alguém é favorecido, significa que outro alguém é prejudicado. Os meus alunos, à minha disciplina têm, na primeira página do caderno diário, registados os critérios de avaliação. As regras são definidas à partida. Eles estão na posse de todos os parâmetros que vão contribuir para a sua avaliação. Querem ter positiva? Querem passar de ano? Cumpram com o papel deles. Assim simples.

Facilitismo não ajuda ninguém. Ñão devemos pensar no curto prazo quando se trata de pessoas que estamos a (tentar) ajudar a formar. A vida é difícil e quanto mais cedo nos começarmos a aperceber disto, mais rapidamente crescemos e tomamos a vida nas nossas mãos sendo responsáveis pelas decisões, opções que fazemos e principalmente pelas consequências das decisões e opções que tomamos.

Sem comentários:

Enviar um comentário