terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ganhar calo

Tocar guitarra ou viola, implica ser capaz de coordenar movimentos diferentes entre a mão (ou os dedos) da mão que pisa as cordas para obter os tons e a mão que dedilha ou faz o ritmo.

Tocar guitarra ou viola é coisa que não tenho feito ultimamente. Ainda assim, trouxe comigo a viola onde aprendi a tocar (NOT!) e que está para lá de moribunda, mas da qual ainda se consegue arrancar algum som minimamente parecido com o de uma viola.

Quando cheguei a casa do "treino" e depois de pousar as coisas e me esticar em cima da cama, estive a ensaiar uns acordes para ver do que ainda me lembro. Lembro-me pouco. Preciso de praticar muito, para conseguir tocar alguma coisa vagamente parecido com música. Muito tempo parado tirou-me a agilidade manual para afagar as cordas. Noto que mais facilmente faço barulho do que consigo fazer música. Longe vão os tempos em que levava a viola para todo o lado: escola, acampamentos, saídas com amigos, praia, actividades de escuteiros, jantares de família/amigos/trabalho. Andava sempre na mala do carro. Mas sempre, mesmo. Daí o estar tão mal tratada, com o braço empenado e aqui e ali (lamento dizê-lo) partida. Um pouco rachada também. Porém continua com o mesmo cheiro. Da madeira envernizada. Embora o verniz já esteja estalado.

Tocar guitarra ou viola é algo que sempre quis fazer. Aos dezasseis anos resolvi aprender. Aprendi com um grupo de amigos através de um outro amigo que domina o instrumento como poucos. Andei em "aulas" semanais durante um ano. A primeira música que aprendi a tocar foi "O meu chapéu tem três bicos". Trocávamos músicas uns com os outros, tirávamos letras de músicas populares na altura, gravadas em cassetes, nuns gravadores manhosos e estávamos horas naquilo: play, pause, rewind, play, pause, rewind... Não havia internet nem sites de partilha de músicas. Nem de letras das músicas.

Foi-me útil, saber tocar. Acabei por entrar em grupos na universidade, toquei num rancho, numa tuna. Toquei e cantei na rua músicas de natal, janeiras, fogos de conselho, missas, promessas de escuteiros e em casamentos e baptizados. Juntei o gosto pelo canto ao de tocar um instrumento e houve alturas em que era a fazer ambas as coisas que me sentia bem. Cantar e tocar tornou-me mais alegre. E ao estar alegre as pessoas mais facilmente se sentam à minha volta. E cantar é o ponto de partida para a conversa. Grandes conversas tive e grandes amigos fiz ao som da viola.

Por isso, trouxe a viola comigo. Para sozinho, voltar a fazer algo que me faz sentir mais mal que bem, mais alegre que triste, me distrai das menoridades do dia-a-dia e me deixa mais alegre.

Depois disto, só preciso de ganhar calo nos dedos.

2 comentários:

  1. Eu nunca passei do meu...chapéu...tem três bicos........
    Tu eras bom professor, eu é que fui uma péssima aluna!
    A minha viola está empenada de estar guardada dentro do roupeiro ;)

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    1. Nunca é tarde. Ainda vais a tempo. Tira-a do armário e dá-lhe uso. Ela quer soar!

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