domingo, 17 de junho de 2012

Vens?

Os intervalos são os espaços de tempo que medeiam a acção. São como pausas. Só que ao invés de ficar o filme em suspenso até que alguém pressione o botão do play novamente, nos intervalos podemos ir fazendo outras coisas até que a acção seja retomada, já que não depende da nossa exclusiva vontade o seu decurso.

Intervalos são utilizados para fazer algo que complementa a acção do que estamos a viver ou presenciar. Normalmente, nos intervalos vamos à casa de banho, fazemos uma chamada, apanhamos um pouco de ar. Há quem fume um cigarro, quem aproveite para comer. Há quem tire uma foto dê um beijo ou apenas olhe à sua volta.

Os intervalos não o são. Os intervalos são pedaços de tempo em que a vida acontece da mesma forma, com a mesma força, ao mesmo ritmo. O tempo não se detém e por isso talvez devêssemos aproveitar os intervalos da mesma fora que aproveitamos as outras porções de tempo que não denominamos de intervalos. A marcha continua do tempo que temos, que somos, que vivemos e experimentamos é o movimento perpétuo que medeia entre o momento que nascemos (ou fomos concebidos) e o momento em que exalaremos o último fôlego. Despertar os sentidos. Viver os sentimentos. Experimentar as sensações. Mergulhar em si mesmo. Partir para a busca do eu, para o confronto da realidade do que somos por dentro. Para a descoberta da verdade. Sim, dessa verdade sempre parcial e enviesada que temos de nós mesmos.

Os intervalos são pedaços de tempo, (se é que é possível fraccionar o tempo!) em que, por vezes, temos a oportunidade de nos arrumarmos por dentro para preparar a porção de acção seguinte. E essa preparação pode passar apenas por nos abrirmos ao mundo. Estarmos disponíveis para receber o que o mundo nos quer dar. Sem limites ou barreiras ou filtros. Disponibilizarmos a alma para o que(m) está para vir.

Vens?


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