segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Consciência de si

Termos consciência é tramado. Principalmente se formos daquele tipo de pessoas que ouve a consciência e fica a pensar nas mensagens que dela recebe. Porque  isso significa que se tem valores. E nos dias que correm, ter valores é tão pouco fashion. É antiquado sem ser retro. É coisa antiga sem ser kitsch. Porque se fosse uma dessas coisas, estaria totalmente in, já que hoje assiste-se a uma onda revivalista.Pena que seja mais orientada para o consumo de produtos do que de ideias. Mais preocupada com o individuo do que com o colectivo.

As manifestações que estão por aí a despontar merecem alguma reflexão, e embora eu não me tenha disposto a analisar muito o que se passa fora de mim e do meu charco, porque por vezes dá muito jeito desligar dos problemas e ser chamado de ignorante para se viver um pouco melhor. No entanto, há uma ou duas coisas que quero partilhar convosco.

Há um mal-estar latente (cada vez menos latente e mais presente) que atravessa a sociedade dos países ditos civilizados que possuem sistemas políticos ditos democráticos baseados na escolha livre(?) dos seus cidadãos, contra o modelo económico que nos nos tem orientado nas últimas décadas, desde pelo menos o pós-II Guerra Mundial. Este modelo económico está esgotado. E está esgotado porque não está a redistribuir a riqueza que produz. Os CEO das grandes companhias transnacionais, sentados nas suas poltronas, no topo de torres de marfim comandam o destino de nações inteiras. Não me parece que o poder esteja nos governos dos países. Ou nas Nações Unidas. Muito menos no Parlamento Europeu ou Comissão Europeia. O verdadeiro poder está em quem faz as jogadas nos mercados internacionais, sejam eles de matérias-primas ou de ações e fundos ou de futuros.

Perpassa uma falta de valores éticos e sociais nas organizações e nas pessoas. Dá-se conta que cada vez se vive pior. Que a insatisfação é crescente, porque a maior parte das pessoas cumpre com o que lhes é pedido e mesmo assim é continuamente "o cepo das marradas" dos cortes cegos. E com cada vez mais dificuldade para manter um nível de vida aceitável.

E o que tem isto a ver com consciência? Muita coisa. Quando todos tomarmos consciência de nós, todos teremos tendência a estar mais atentos às necessidades dos outros. E acima de tudo para percebermos que como seres humanos valemos pelo que somos e não pelo que temos e ostentamos. E isso é fundamental para nos sentirmos mais felizes. E não é a felicidade o objectivo de vida de todos nós?

2 comentários:

  1. Fico com dúvidas...
    O que é mais verdadeiro?
    As desgraças e infelicidades das conversas de café, capas de jornal e até mesmo desabafos de blogs ou...
    um passeio à beira-mar, numa luminosa hora de sol, com uma brisa agradável e muitos sonhos por realizar, mesmo que envolvidos numa grande dose de alienação, tocando orgulhosamente na ignorância?

    Essa da felicidade... é verdadeira?

    Volto subtilmente à primeira afirmação deste comentário e termino:
    Uma releitora e re outras coisas que não têm margem para isso pois são eternas,
    Kaliche

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  2. Tudo é verdadeiro. Embora possa não ser a tua verdade, aquela que escolhes viver. Pessoalmente preferia a tua segunda opção. A ignorância é muito subvalorizada, mas de facto, permite uma existência mais tranquila.

    A da felicidade? qual delas? A de que toda a gente quer ser feliz? Sim. Penso que sim. Embora muitos não saibam como.

    E quem não tem dúvidas? Estas e/ou outras?

    Continuo a preferir quem tem dúvidas do quem se acha detentor da verdade.

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