sábado, 17 de setembro de 2011

Fechado para remodelações

Há quem tenha muito a dizer de mim e quem prefira fazer de conta que não me conhece, que não existo, que nunca existi e que não passo de um dos muitos grãos de poeira que vamos acumulando ao longo das nossas vidas. Na verdade, de há uns tempos a esta parte que estou a tentar consolidar e aplicar uma decisão tomada: a de que iria fazer mais por mim. De que iria tentar ser mais e melhor. Não para agradar a alguém, mas para me agradar. Não porque ache que o deva aos outros, mas porque o devo a mim mesmo.

Este período da minha vida, que estou a iniciar, é um recomeço. Uma oportunidade de crescer por dentro. de renovação interior. Uma espécie de "querido, mudei a casa" mas em versão light, já que não vou mudar a estrutura que sou. Apenas remodelar algumas partes de mim. Deitar fora o que está bafiento, restos de momentos vividos com pessoas que foram, mas que já não são, importantes. As mesmas recordações que me atam e me prendem, me tolhem os movimentos e me impedem de seguir em frente.


Move on! Circulando! Não há nada para ver. E é mesmo assim!

Tenho a cabeça em limpezas e arrumações.
Estou a pintar uns cantos mais sombrios de cores claras para que seja mais difícil às sombras instalarem-se por lá. Estou a encontrar em caixotes fechados pedaços de mim, que retirei da exposição porque alguém me foi dizendo que era feio mostrar esses aspectos do que era (serei ainda?) Nas prateleiras estão a começar a ficar alinhadas as recordações do que realmente conta: família, amigos, momentos marcantes, música, fotografia, criatividade, lanzeira. Com espaço extra para receber as novas recordações. Aquelas que ainda estão para vir. E que se desejam felizes.
Tenho as montras tapadas com jornais, para que não se veja o que se está a mudar. Ainda assim, há um ou outro par de olhos que tenta espreitar para ver o que se passa. Mas a confusão é grande e desistem. Nesta fase, quem quiser entrar tem de ir pela porta dos fundos. O que não é necessariamente mau. Pelo menos fica a conhecer os cantos à casa: desde os espaços mais recônditos, os corredores pouco iluminados, as salas que servem de armazém, o escritório, até à glória de atingir a loja propriamente dita!
E mesmo que demore algum tempo, isso só permite que me possas ajudar a tirar os jornais das montras, limpar os vidros e pôr um letreiro colado na porta onde se pode ler:

REABERTO COM NOVA GERÊNCIA


Depois? 
Depois vamos para trás do balcão atender o nosso primeiro freguês.
Quando chegarmos ao fim do dia, fazemos contas: vemos a diferença entre o deve e o haver e tiramos conclusões sobre o investimento feito.
Há risco, claro! Mas o que é a vida sem risco?

4 comentários:

  1. É, embora muitas vezes não queiramos fazer o que que tem de ser feito.

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  2. Às vezes gostava de ter a força de fazer o mesmo. Também gostava de apagar as memórias más. O problema é saber como.

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  3. Na verdade não tens de as apagar. Aceitá-las como são, ver que não há nada a fazer porque são passadas, ver se te podem servir no futuro, como aviso, como alerta e deixá-las onde estão. No passado. Onde não te podem fazer mal, porque estão atrás. E a tua vida segue em frente.

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