segunda-feira, 31 de outubro de 2011

No meio da ponte (capítulo 3)

"Olá! Eu sou um dos caminhos que espera pela tua decisão.

Nada sei sobre o outro caminho. Apenas que és tu e a ponte que nos ligam. Vejo-te aí sentada, no meio do tabuleiro da ponte e não consigo evitar pensar em ti. E na dificuldade que deves sentir em conseguir pensar, quanto mais chegar a uma conclusão.

Sabes, não querendo diminuir a minha responsabilidade em relação ao que sentes, a verdade é que foste tu quem me colocou onde estou agora. Sim, claro que já tinha reparado em ti. Na tua simpatia, no teu sorriso de menina travessa, na forma como estás: tens presença! É fácil reparar em ti. Mas eu não fiz nada para reparares em mim. Limitei-me a ser eu. Um caminho banal e, aqui e ali, gasto. Usado e marcado pelas solas de quem por mim já caminhou.

Tenho ainda recantos pouco vistos e visitados e gostaria tanto que me percorresses um dia. Por muitos dias. Não que seja algo de extraordinário. Não que ache que sou único. Mas apenas porque há partes de mim, que só tu viste. E há outras que me apetece desvendar só a ti. E se tudo mudou, foi porque algo dentro de ti te despertou para a possibilidade de experimentares um novo caminho. E fiquei mesmo muito surpreendido por ter sido eu. E feliz. Sim, feliz! Porque essa é a verdade: fazes-me sentir bem, cuidado, acarinhado e feliz. E gosto de saber que existe a possibilidade de podermos partilhar e construir o nosso mundo, a nossa realidade e a nossa felicidade. Os dois. Ou os quatro! ;)

Gostava de ter uma solução milagrosa, rápida e indolor. Não tenho. Lamento...
Custa-me ver-te sentada, com a cabeça pendente, a olhar para as pedrinhas que estão incrustadas no alcatrão que cobre o pavimento, a fazer desenhos com um pauzinho, como quem rabisca o futuro ou faz contas de deve e haver, pesando os prós e os contras da decisão que tens para tomar. E eu sei que tens de fazer tudo isso. É natural!

Só quero que sejas feliz. Mesmo feliz. E que abandones essas ideias tolas, que é mais fácil ser infeliz, e que preferes ser infeliz do fazer os outros infelizes. É a segunda noite que passas na ponte. E se de dia a tua ausência é relativamente fácil de aguentar, à noite custa mais. Principalmente porque com a escuridão da noite, não te consigo ver sentada no alcatrão. Sei que estás lá. Sei que de vez em quando olhas na minha direcção. Sinto o teu olhar cravado em mim, nessas ocasiões. E sabe-me tão bem!

Vou continuar à espera. Sem te pressionar.
Porque apesar de tudo, gosto de ti. Assim simples, sem pressões ou planos.
Gosto muito de ti! :) "

4 comentários:

  1. Engraçado... também eu já estive no meio da ponte, e sei que não é fácil. Mas tudo fica mais fácil depois de tomar uma decisão, e aceitar o que ela te permite ganhar e o que ela te leva a perder... Optar tem sempre esses dois lados.
    Depois de decidir, o caminho mostrou-se maravilhoso, nem sempre fácil, muitas vezes com obstáculos, mas maioritariamente, feliz! E sabes... se eu tivesse ido pelo outro caminho acredito que encontraria felicidade na mesma medida, ou seja, toda a que preciso, como tu mesmo, sapinho, dizias.
    Por isso, se quiseres aceitar um conselho, fecha os olhos, respira fundo e atira o medo para longe que é a única coisa que te limita.
    Ser feliz (pelo menos para mim, anónimo), é viver sem medo.
    Boa sorte para as tuas escolhas, e acredita pois serás tudo o que te permitires ser!

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  2. A aguardar pelas cenas do próximo capítulo :)

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  3. Anónimo:
    Ser feliz é viver com medo. Mas com o medo que não paralisa, que não te impede de ir, de te lançares no vazio, sem rede e sem asas.

    É bom sentir medo. O medo pode ser um motor para a acção.

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  4. Kali:

    Assim que puder e tiver um pouco de tempo para escrever. :)

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