quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida

Hoje, numa conversa com o meu colega de casa, a propósito de um comentário que ele fez, lembrei-me desta passagem da música cantada pelo Caetano Veloso.

É muito assim.

Quando gostamos, tornamos o impossível, possível. Damos voltas, arranjamos tempo, disponibilidade e disposição. Encontramos uns trocados quando estamos sem guito e ficamos melhor dos sintomas dos achaques que nos afetam. Tudo para podermos estar com quem nos faz falta, preenche, completa e nos faz sentir especiais. A parte bonita disto tudo, é que fazemos tudo isso sem quase dar conta, como se não fosse nada de extraordinário ou que requeresse esforço. A mim parece-me muito isto.

Não sou nenhum especialista em relacionamentos. Já tive alguns, e todos terminaram. Umas vezes mais por minha responsabilidade, outras por mais responsabilidade da outra pessoa, mas sempre com responsabilidades partilhadas. A porção de responsabilidade que cada um teve é uma discussão estéril que não aproveita a ninguém. Não estou a branquear nada, nem a sacudir a água do capote. O sapo assume o que faz e o que não faz.

Mas dizia eu que não sou especialista em relacionamentos. Porém, permitam-me que diga isto: quando nos sentimos gostados e conseguimos fazer a outra pessoa sentir-se gostada, estamos claramente no bom caminho. Mesmo que vá ter um fim (e tem sempre!), mesmo que dure pouco (que seja vivido com intensidade!) ou que se chegue à conclusão que nos iludimos com uma parte do outro, e que tomamos essa porção de ilusão pelo seu todo.

Dar e receber, na mesma medida é a medida certa. Há quem diga que amar sem medida é - essa sim! - a medida certa do amor, e talvez tenham razão. Cá para mim, que sou um sapo no seu charco, digo que amar sem medida é a medida certa quando da outra parte existe igual atitude e comportamento. E quando assim, dar e receber na mesma medida, tal como escrevi há pouco, é a medida certa.

Porque quando alguém recebe demais, alguém deu demais, e bem entendido, deu-se demais e gastou recursos que lhe poderão vir a fazer falta. E isso não me parece nem justo, nem prudente.

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