quinta-feira, 10 de novembro de 2011

somos sem nome

Difícil saber o que escrever. As ideias não surgem claras na minha cabeça. E a fluência de escrita que tantas vezes me surpreende, parece agora ter tirado bilhete para outras paragens.
As mudanças ocorridas nas últimas semanas são tão largas e profundas que, por vezes, parece que perco o chão. Ou que o charco onde me encontro se agita por culpa dos ventos de mudança que tanta vez desejei que viessem. E vieram! Sob as mais variadas formas e intensidades.

Primeiro as pessoas: as pessoas são verdadeiras surpresas porquanto poder têm de nos fazer sentir que subimos ao céu ou que descemos ao inferno. Não que acredite que o que sentimos é determinado apenas pelo que os outros nos dizem ou fazem. Creio que, em grande medida somos nós que escolhemos o que queremos sentir. Embora sejamos influenciados pelos estados de espírito e pelas acções dos que nos rodeiam. E seremos tão mais influenciados/influenciáveis quanto maior for a consideração que temos por essas pessoas. Vale de novo a máxima: as coisas (e as pessoas!) têm a importância que nós lhes damos ou que permitimos que tenham.

É difícil cortar laços. É difícil voltar as costas. Mas é mais difícil ficar, sabendo que tudo seria um pouco pior, que o que em tempos se sentiu não existe mais. Difícil tomar decisões. E mesmo depois de as tomar, difícil, muito difícil viver com as decisões que se tomaram. E ainda há mais dificuldades no assumir dessas decisões junto dos outros.

É preciso cultivar as virtudes da paciência e da temperança. É preciso pedir perdão. É preciso perdoarmo-nos. Mais até do que perdoarmos aos outros. Assumirmos a nossa condição de homens e mulheres, que erram, que caiem e que precisam de se levantar. Apenas para cair a seguir. Não que seja intencional, mas porque é próprio da nossa natureza.

Ninguém é perfeito. Cometo muitos erros. Magoei e feri pessoas. Não o quis. Ñão o desejei. Tento não alimentar sentimentos negativos. Não me acrescentam nada. Não me fazem melhor. Não me trazem paz, nem tranquilidade. Ninguém tem em si mesmo as soluções instantâneas e milagrosas que permitem retomar a vida depois de uma pequena paragem para reflexão, para análise do mapa, ponderação de opções, escolha do caminho e avançar. Sabendo que há sempre a possibilidade de voltar a trás. E que voltar a trás não tem nada de mal. Mas tem de se estar preparado para não encontrar o que se deixou para trás. Por mim, quero avançar. Quero progredir. Quero crescer. Mais importante do que isso: eu vou progredir, vou melhorar. Vou ser mais e melhor.

Se conseguir a tranquilidade e a serenidade necessária para ir ponderando as minhas escolhas, as minhas opções e as decisões que tenho para tomar, sei que vou conseguir. Com a ajuda dos amigos. Com a presença de outro alguém que me surpreende a cada dia, que me faz agradecer pela possibilidade de conhecer e estar. De partilhar e de construir uma realidade concreta para além do sonho e da vontade. Querer é poder. E eu quero. Muito.

A bolha que somos capazes de construir, mesmo à distância, faz-me ACREDITAR que vamos ser capazes de ultrapassar os escolhos que ambos temos agora nas nossas vidas. Eu sinto isso. Eu acredito nisso. O que temos quando estamos juntos, a alegria, a cumplicidade, a tolice, as brincadeiras, os sonhos, as viagens, os filhos, a intimidade, (preciso continuar?) preenche-me de tal forma que me parece incrível que possas ser real. E no entanto, vejo, toco, sinto, desejo e partilho.

Somos!
Não importa o quê: não preciso de um título, de um nome, de um papel, de um parentesco, de uma palavra que defina o que somos. Porque sinto que tudo o que se possa dizer, qualquer rótulo que nos queiram colar, será sempre redutor. Será sempre pouco para traduzir o que sinto e o quão importante te tornaste para mim e para nós.

2 comentários:

  1. Talvez nada seja mais real do que o que sentes.
    É uma suposição...

    Deixa-me ficar anónimo, embora a amizade de que disponho tenha nome!

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  2. Anónimo:

    Talvez tenhas razão. Talvez a realidade seja aquilo que decidimos sentir, viver e experimentar.
    Deixa-te ficar como quiseres. Não há barreiras, limites, rótulos e também não tem de haver nomes. :D

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