terça-feira, 25 de novembro de 2014

à deriva

Às vezes sinto-me à deriva, meio perdido, sem saber se onde ponho os pés é suficientemente firme e seguro para me aguentar em pé.

Às vezes e só às vezes, apetece-me deixar ir o barco ao sabor da corrente. 

Só porque remar contra a corrente cansa, porque ter de estar sempre à espreita a verificar o tamanho das ondas, a direção e a força do vento, os barcos em sentido contrário, a verificar a corrente, as velas, pegar nos remos, evitar os escolhos e apaziguar as tentativas de motim da tripulação (sim que eu não sou fácil para ninguém, nem sequer para mim mesmo!) pode ser uma tarefa esgotante.

Esta etapa, não sei se a vou levar até ao fim. E o fim, não sei qual é. Vou fazendo as coisas que tenho para fazer, dentro das minhas limitações e vontade. Não me apetece fazer mais. Numa altura em que se fala tanto de motivação, não tenho motivação para fazer mais nem para fazer melhor. O meu público é o pior público do mundo. Não quer assistir ao espetáculo, nem fazer parte dele. E portanto, responsabilizam "o artista" como se fosse ele o responsável pela obrigatoriedade de assistirem ao espetáculo.

Cansa também estar tão longe de casa, longe da lobita, longe da família e dos amigos. Não me consigo habituar a isto. Provavelmente, não me quero habituar a isto, e por isso me custa tanto. É uma escolha consciente. Não consigo entender porque tenho de estar tão longe. Não é isto que quero para o resto da minha vida.

Eu sei que isto que estou a escrever, não é novidade para quem me lê. Não é a primeira vez, e não será certamente a última. Ando sempre à volta disto, nesta satisfação/insatisfação intermitente. Um bocadinho como o Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Duas faces da mesma moeda. Agora imaginem que ambas as faces da moeda têm um valor. Eu sei que está lá o valor, mas ainda não sei se o valor da face boa é superior ao  valor da face má.

E por isso, voltando ao início, sinto-me à deriva. E hoje o mar nem está agitado. É uma calmaria aborrecida que não me deixa sair daqui. Nunca mais passa...

3 comentários:

  1. Cansa... :/ eu sei.
    Eu também me sinto à deriva.
    O que me vale é saber que, o meu barco, ao fim da semana, vai em direção a ti!
    <3

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  2. Sim! Há um porto de abrigo ao fim-de-semana. Tu!

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