terça-feira, 1 de novembro de 2011

Da vida

A vida é uma viagem.
E nesta viagem, é-nos dado um bilhete no dia em que nascemos.
Nesse bilhete invisível, só consta a data da partida. Não há destino, não há hora de embarque, não há meio de transporte seleccionado, não há trajecto definido, não há maneira de saber se vamos sentados ou de pé, se vamos à janela ou na coxia, se o bilhete é válido por muito ou pouco tempo. Chega a ser ridículo ao ponto de não sabermos o quanto vamos pagar pela viagem. Nem tão pouco se há cobrador!

Cabe-nos a nós decidir que tipo de caminho, de percurso, pretendemos fazer. Isto porque, e apesar de haver quem não veja as coisas assim, na maior parte das vezes temos a possibilidade de decidir e de fazer escolhas que nos levem à felicidade.
Não tenho motivos para me queixar. A vida não tem sido tão madrasta comigo, ao ponto de achar que sou um infeliz ou que tudo me corre mal ou que comigo as coisas são sempre muito difíceis. É verdade que me vou lamentando. Mas também é verdade que tenho motivos para dar graças todos os dias.

Penso que o facto da vida nos correr melhor ou pior tem mais a ver com a capacidade individual de nos colocarmos do lado certo da linha que divide a felicidade da infelicidade, do que da sorte, de Deus ou dos outros. E sim, essa linha é por vezes muito difícil de ver. Aparece e desaparece, some-se, é apagada pelas agruras e amarguras de quem se cruza connosco. Mas também há pessoas que têm o dom de tornar a linha de tal forma visível que necessitamos de usar protecções com o receio de sermos ofuscados e arrancados do chão perante a perspectiva de cruzar a linha.

Quando tomamos na nossa mão os nossos destinos ficamos um pouquinho mais perto de sermos felizes. Isto tem muito pouco de egoísmo, na medida em que ninguém dá o que não tem. E quando não temos, não sentimos e não somos felizes, não me parece que seja possível fazer os outros felizes.

Eu quero muito ajudar-te. Mas já não sei que mais te posso fazer. Vou estando por cá. Dispõe. Ajuda-me a ajudar-te.

6 comentários:

  1. "Penso que o facto da vida nos correr melhor ou pior tem mais a ver com a capacidade individual de nos colocarmos do lado certo da linha que divide a felicidade da infelicidade"

    ninguém teria dito melhor :]

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  2. Someone named Bani:

    Certamente que sim, que há outros que teriam dito mais e melhor do que eu. É só o que penso.

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  3. Olha sapinho,

    espero que a protagonista tome a sua decisão rápido, para não fazer sofrer o seu coração...
    se eu pudesse segredar-lhe ao ouvido, diria para escutar ambos os caminhos (consegues imaginar como será?!?) e, de consciência tranquila, ir para a margem sul, pois torna-se mais quentinho ao meio dia :)

    Abraço e boas decisões...

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  4. Kali:
    Já disse. Já disse tudo o que podia dizer.
    Vamos ver o que ela decide!

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