segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O mundo ao contrário

"Se gosto de ti
Se gostas de mim
Se isto não chego
Tens o mundo ao contrário"


Há alturas em que apetece dar uma sacudidela à vida. Pendurá-la numa corda e dar-lhe umas pancadas para tirar o pó que está entranhado e que nos impede de ver os desenhos que tem, como se fazia antigamente com os tapetes, antes de haver aspirador.

Agora que o ano está a chegar ao fim, e que se começam a tomar as resoluções de ano novo (que raramente servem para alguma coisa, mas que aliviam a cabeça por alguns momentos!) gostava de conseguir dar uma monumental vassourada naquilo que me impede de ver os desenhos do meu tapete. Naquelas coisas que tenho em mim e que me impedem de ver o sol, por entre as nuvens; que me fazem, uma e outra vez, cair em desânimo e por isso estragar aquilo que sendo bom poderia ser ótimo, não fosse este meu talento natural para complicar o que é simples e para querer TUDO!, JÁ!, AQUI! e AGORA!

Gostaria de ter a presença de espírito, a paciência, a tranquilidade para conseguir aproveitar melhor as oportunidades que me são oferecidas; para saber esperar pela melhor altura (mas como saber?); ter a sabedoria para escolher as palavras certas para o momento; o gesto indicado para cada ocasião; a atitude mais adequada para cada situação. Gostaria de ser capaz de entender e aceitar o que me dizes. De não ser capaz de te causar dano, dor ou sofrimento.

Mas não sou nada disto que escrevi atrás.

Sofro por antecipação. Tento não o fazer, mas da mesma forma que fico feliz com antecedência fico triste por antecipação. E sim, isso provoca-me sofrimento. E dói. Não estou a falar só de dor psicológica, mas de dor física. Sou parvo, eu sei. Não entendo porque raio tenho de sentir no corpo as dores da alma. Mas se somos um só e se tudo é a mesma coisa, se somos pó e em pó nos vamos tornar, é capaz de fazer algum sentido, ter em mim todas as dores do que vivi e do que tenho para viver, e ainda do que imagino que possa vir a passar, mesmo que não se concretize.

Tenho medos. E os medos levam a atitudes irracionais, ilógicas e potencialmente perigosas para mim e para os outros que comigo estão. Fazem-me reagir a quente. Dizer coisas que emocionalmente sinto mas que vistas pelas lentes da lógica não fazem sentido (e ainda assim, eu sinto-as!).

Não quero perder oportunidades. Não quero perder mais oportunidades de fazermos aquilo que (sabemos bem!) temos de fazer. Custa saber que elas são oferecidas e que consciente ou inconscientemente, as deixamos passar. Fico triste. Chego a pensar porque não aproveitamos a oferta? Medo? Cansaço? Falta de lembrança? Bloqueio? A sério. Tira-me do sério!

Não sou perfeito. Sinto as coisas assim, desta maneira estúpida e forte. E isso faz-me oscilar entre os extremos da alegria e da tristeza... Não consigo, por mais que tente, e eu tenho tentado, passar por aquilo que experimento de uma forma menos intensa, menos sentida, menos vivida...

É desgaste ser eu. E acredito que seja muito desgastante estar e viver comigo.
Tenho dias em que nem eu me aguento!

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